terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Uma (pequena) exegese de Atos 16:31

"E eles disseram: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa". At 16:31.

Esse verso (como muitos outros) tem sido utilizado de um modo deturpado e fora da sistemática bíblica-ortodoxa-pura em muitas igrejas ('para variar', infelizmente). Não são apenas pregadores, mas já ouvi presbíteros e pastores pronunciarem a motivacional frase: "Meu irmão, creia na promessa! Você ainda verá a toda sua casa servindo ao Senhor! Deus prometeu! Ele disse: Crê e serás salvo tu e a tua casa! Apenas creia! Deus VAI SALVAR A TODA SUA CASA!!!". Falta conhecimento de hermenêutica e até mesmo de português para muitos irmãos.

Este verso é a resposta de Paulo e Silas ao trêmulo carcereiro, que acabara de presenciar uma miraculosa intervenção divina para libertar aos seus servos (versos 25-27), aonde o mesmo questionou aos filhos de Deus o que deveria fazer para se salvar (v. 30). Perceba-se que a pergunta do carcereiro foi em relação a sua salvação, e não há de toda sua casa "que é necessário que eu faça para me salvar?", e a resposta foi a que deveria ser dada: "crer em Jesus" (cf. Jo 6:47, 11:25). Crer em Cristo como salvador é (em uma primeira e superficial análise) o único requisito necessário para a salvação. Sem a fé em Cristo como salvador não é possível ao homem herdar a vida eterna (cf. Jo 3:18).

Este verso não ensina a falsa idéia de que uma pessoa se convertendo a Cristo, os seus demais membros familiares serão forçosamente salvos. Se isto fosse verdade apenas o primeiro converso da casa é que estaria debaixo da absoluta doutrina bíblica do livre-arbítrio, estando os demais (necessariamente) debaixo da enganosa doutrina da predestinação incondicional (ver os meus posts Em defesa do livre-arbítrio. Uma pequena exegese de Efésios 1:4,5 e 4:30 e Faraó, predestinação e livre arbítrio). O próprio Apóstolo Paulo, autor das palavras registradas por Lucas em Atos 16:31, sabia perfeitamente desta verdade, quando o mesmo escreveu aos irmãos coríntios, em 1 Co 7:10-16, principalmente o verso 16 que diz: "Porque, donde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, donde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?".

O que Paulo e Silas quiseram dizer em Atos 16:31 pode ser perfeitamente observado ao se realizar uma simples análise do verso sob uma ótica lingüística correta. "E eles disseram: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa". Paulo e Silas apenas responderam a pergunta do carcereiro, dizendo que se ele cresse em Jesus o mesmo seria salvo, do mesmo modo se a sua casa também o fizesse. O meio é crer, o fim é ser salvo, independentemente de quem seja. Essa verdade é claramente observada ao se perceber que existe uma sentença inicial que responde a pergunta do carcereiro, que é "Crê no Senhor e serás salvo", há uma pausa (uma separação) por uma vírgula, e apenas em seguida é que eles concluem "tu e a tua casa". Se ele cresse seria salvo, do mesmo modo como se a casa dele cresse também seria salva. Não há uma ligação de efeito que amarrasse uma decisão isolada aos dois grupos (carcereiro e a sua casa), mas uma ligação da causa salvadora (crer em Jesus) e as pessoas necessitadas (o carcereiro e a sua casa, hava vista que eles ainda não eram crentes).

Há ainda a linha interpretativa que afirma que o verso 31 seria uma profecia para o carcereiro, hava vista a casa do mesmo ter se convertido a fé em Cristo (verso 34). Essa corrente não chega a ser de toda rejeitada, mas também não há uma sistemática que a sustente, ficando como melhor resposta (sem sombra de dúvidas) a explanada acima no post.

Enfim, o importante é que os crentes aprendam a não usarem versos isolados para formar um ensino, precisam aprender um pouco mais de hermenêutica e do próprio português; além de aprenderem a citarem corretamente Atos 16:31, pois a má explanação deste verso cria uma expectativa em muitos crentes não maduros, sendo que se a mesma não se realizar poderá trazer prejuízos imensuráveis, pondendo resultar com o próprio desvio da fé do irmão "desapontado pela promessa de Deus". Vamos ser mais responsáveis e cativos aos ensinos e doutrinas bíblicas!

Anchieta Campos

4 comentários:

Vitor Hugo da Silva - Joinville, SC disse...

A paz do Senhor Jesus, irmão Anchieta!

Que belo estudo esclarecedor para as nossas vidas. Verdadeiramente, muitos têm utilizado este texto errôneamente em cima dos púlpitos. Até entendemos que se trata de um texto que pode incentivar a muitos há orarem por seus parentes, porém, devemos compreende-lo a luz da hermenêutica bíblica.

Deus o abençoe!
Vitor Hugo

Anchieta Campos disse...

Caro irmão Vitor Hugo, a Paz do Senhor!

Mais uma vez tenho a honra de receber um comentário seu sobre uma postagem minha.
Realmente o texto nos incentiva a orarmos por nossos familiares, ao mostrar a possibilidade de toda uma casa vim a servir ao Senhor, o que é verdadeiramente maravilhoso.
Oro para que eu e muitos outros irmãos que tem familiares incrédulos possam dizer como disse Josué: Eu e a minha casa serviremos ao Senhor (Js 24:15).
Agora infelizmente também são muitos os casos de mau uso desse verso por irmaõs em Cristo. Ontem mesmo uma irmã ao fazer um pedido de oração por duas filhas que se encontram desviadas dos caminhos do Senhor fez uso errôneo do verso. Isso não é nada bom.

Obrigado pela visita e atenção irmão Vitor!

Anchieta Campos

Anônimo disse...

Tradução do Novo Mundo
Definição: Tradução das Escrituras Sagradas feita diretamente do hebraico, aramaico e grego para o inglês atual por uma comissão de testemunhas ungidas de Jeová. Tais expressaram o seguinte com respeito à obra: “Os tradutores que temem e amam o Autor divino das Escrituras Sagradas sentem de modo especial a responsabilidade para com Ele, no sentido de transmitir Seus pensamentos e Suas declarações do modo mais exato possível. Sentem também a responsabilidade para com os pesquisadores leitores da tradução moderna, que dependem da Palavra inspirada do Deus Altíssimo para a sua salvação eterna.” Esta tradução foi originalmente publicada em partes, desde 1950 até 1960. Edições em outras línguas se basearam na tradução em inglês.
Em que se baseia a “Tradução do Novo Mundo”?
Usou-se como base para a tradução das Escrituras Hebraicas o texto da Biblia Hebraica, de Rudolf Kittel, edições de 1951-1955. A revisão de 1984 da Tradução do Novo Mundo, em inglês, teve o benefício da atualização, em harmonia com a Biblia Hebraica Stuttgartensia de 1977. Adicionalmente, os Rolos do Mar Morto, e numerosas traduções antigas em outras línguas foram consultadas. Para as Escrituras Gregas Cristãs, usou-se primariamente o texto grego mestre de 1881, preparado por Westcott e Hort, mas diversos outros textos mestres foram consultados, bem como numerosas versões antigas em outros idiomas.
Quem foram os tradutores?
Quando a Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia doou os direitos autorais da tradução realizada, ela pediu que seus membros permanecessem no anonimato. A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia, EUA, tem honrado seu pedido. Os tradutores não buscavam proeminência para si, mas apenas dar honra ao Autor Divino das Escrituras Sagradas.
Com o passar dos anos, outras comissões de tradução adotaram o mesmo conceito. Por exemplo, na sobrecapa da Edição com Referências (1971) da New American Standard Bible diz: “Não usamos o nome de nenhum erudito para referência ou recomendações, porque cremos que a Palavra de Deus deve destacar-se no seu mérito.”
É realmente uma tradução erudita?
Visto que os tradutores preferiram ficar no anonimato, a pergunta não pode ser respondida aqui em termos da formação cultural deles. A tradução tem de ser avaliada pelos seus próprios méritos.
Que espécie de tradução é? Em primeiro lugar, é uma tradução precisa, bastante literal, dos idiomas originais. Não se trata de livre paráfrase, em que os tradutores omitem pormenores que consideram não importantes e acrescentam idéias que crêem ser úteis. Como ajuda aos estudantes, várias edições provêem extensas notas ao pé da página, mostrando variantes de tradução, onde as expressões podem legitimamente ser vertidas de várias maneiras, também uma lista de antigos manuscritos específicos em que certos modos de traduzir se baseiam.
Alguns versículos talvez não rezem do mesmo modo como os a que a pessoa está acostumada. Qual a tradução certa? Os leitores são convidados a examinar o apoio de manuscritos citados ao pé das páginas na edição com Referências da Tradução do Novo Mundo, a ler as explicações dadas no apêndice e a comparar a tradução com uma variedade de outras traduções. Observarão geralmente que alguns outros tradutores também viram a necessidade de expressar o assunto de modo similar.
Por que é o nome Jeová usado nas Escrituras Gregas Cristãs?
Seja notado que a Tradução do Novo Mundo não é a única Bíblia que faz isso. O Nome Divino aparece em traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico em passagens onde se fazem transcrições diretamente das inspiradas Escrituras Hebraicas. The Emphatic Diaglott (1864) contém o nome Jeová 18 vezes. Versões das Escrituras Gregas Cristãs, em pelo menos 38 outros idiomas, também usam uma forma vernacular do nome divino.
A ênfase que Jesus Cristo colocou sobre o nome de seu Pai indica que ele o usou pessoalmente sem restrição. (Mat. 6:9; João 17:6, 26) Segundo Jerônimo, do quarto século EC, o apóstolo Mateus escreveu seu Evangelho primeiro em hebraico, e esse Evangelho faz numerosas citações de passagens das Escrituras Hebraicas em que consta o nome divino. Outros dentre os escritores das Escrituras Gregas Cristãs citaram da Septuaginta (versão dos Setenta) grega (uma tradução das Escrituras Hebraicas para o grego, iniciada aproximadamente em 280 AEC), cujas cópias antigas continham o nome divino em caracteres hebraicos, conforme mostram os fragmentos reais que foram preservados.
O professor George Howard, da Universidade da Geórgia, EUA, escreveu: “Visto que o Tetragrama [as quatro letras hebraicas para o nome divino] ainda era escrito nos exemplares da Bíblia grega, que compunha as Escrituras da primitiva igreja, é razoável crer que os escritores do N[ovo] T[estamento], ao citarem a Escritura, preservaram o Tetragrama dentro do texto bíblico.” — Journal of Biblical Literature, março de 1977, p. 77.
Por que faltam aparentemente alguns versículos?
Esses versículos, que se encontram em algumas traduções, não constam nos mais antigos manuscritos disponíveis da Bíblia. Uma comparação com outras traduções modernas, como The New English Bible e a Bíblia de Jerusalém, esta última uma versão católica, mostra que outros tradutores também reconheceram que os versículos em questão não fazem parte da Bíblia. Em alguns casos, foram tirados de outra parte da Bíblia e acrescentados ao texto copiado por um escriba.
Se Alguém Disser — ‘Vocês têm a sua própria Bíblia.’
Nós respondemos: ‘Que tradução da Bíblia possui? É a . . . (mencionam diversas na sua língua)? Sabe, há muitas traduções.’ Daí, talvez acrescentemos: ‘Terei prazer em usar qualquer tradução que preferir. Mas talvez se interesse em saber por que gosto especialmente da Tradução do Novo Mundo. É porque é em linguagem moderna e compreensível, também porque os tradutores se apegaram bem de perto àquilo que se acha nos idiomas originais da Bíblia.’
Ou dizemos: ‘Pelo que me diz, acredito que deve ter uma Bíblia em sua casa. Que tradução da Bíblia usa? . . . Gostaria de apanhá-la?’ Daí, talvez acrescentemos: ‘Qualquer que seja a tradução que usarmos, Jesus frisou, para todos nós, em João 17:3, a coisa importante a ter em mente, conforme pode ver aqui na sua própria Bíblia. . . .’
Outra possibilidade: ‘Há muitas traduções da Bíblia. Nossa Sociedade nos incentiva a usar uma variedade delas para fazermos comparações e para ajudarmos os estudantes a entender o verdadeiro sentido das Escrituras. Conforme talvez saiba, a Bíblia foi escrita originalmente em hebraico, aramaico e grego. Portanto, somos gratos pelo que os tradutores fizeram para vertê-la em nossa língua. Que tradução da Bíblia usa?’
Ou ainda adicionamentel: ‘Evidentemente é uma pessoa que gosta da Palavra de Deus. Portanto, tenho certeza de que se interessa em saber qual é uma das grandes diferenças entre a Tradução do Novo Mundo e outras versões. Tem a ver com o nome da pessoa mais importante mencionada nas Escrituras. Sabe quem é essa pessoa?’ Daí, talvez possa acrescentar: (1) ‘Sabia que seu nome pessoal aparece na Bíblia original em hebraico umas 7.000 vezes — mais do que qualquer outro nome?’ (2) ‘Que diferença faz se usamos o nome pessoal de Deus ou não? Bem, será que tem amigos realmente íntimos cujo nome não sabe? . . . Se desejamos ter uma relação pessoal com Deus, é importante de início conhecermos o nome dele. Note o que Jesus disse em João 17:3, 6. (Sal. 83:18)’


Uma nova tradução da Bíblia — não é coisa fácil
“O QUÊ? Uma nova Bíblia? Quem precisa dela?” Essa é a reação de alguns quando ouvem falar de planos para uma tradução atualizada da Bíblia. E talvez se achem justificados, em vista de que a Bíblia se encontra agora disponível em mais de 1.400 línguas. Deveras, em algumas das línguas principais, já há numerosas versões.
Estranho como pareça a alguns, porém, sempre há necessidade de novas traduções. Como assim? O erudito bíblico provavelmente apresentaria pelo menos três boas razões: (1) Em anos recentes, descobriram-se e se tornaram disponíveis aos eruditos bíblicos muitos manuscritos mais antigos e mais fidedignos. (2) Novos achados de manuscritos antigos sobre uma variedade de assuntos aumentaram nosso conhecimento das línguas bíblicas e das condições históricas prevalecentes nesses tempos antigos. (3) A linguagem de qualquer tradução talvez se torne difícil de entender no decorrer dos anos, algumas palavras chegando até a assumir um significado completamente diferente.
Quão muito melhor é poder ler as Escrituras Sagradas na linguagem de nossos próprios dias! Quem é que tem tempo para continuamente consultar um dicionário para saber o significado de palavras obsoletas — palavras que não são mais comuns em nosso uso cotidiano’
Não É Coisa Fácil
Uma nova tradução da Bíblia não é um projeto que os eruditos empreendem com freqüência ou sem mais nem menos Não é coisa fácil. Que uma nova tradução talvez se torne, pelo contrário, uma coisa realmente complicada pode ser visto pelo que ocorre na Suécia, onde está em preparação uma nova versão autorizada pelo governo.
Há no presente, na Suécia, apenas duas “Bíblias autorizadas pela Igreja”, uma publicada em 1541 e a outra em 1917. Uma durou quase quatro séculos, ao passo que a última tem apenas meio século de idade. Por que, então, essa pressa de produzir uma nova! A resposta parece ser que a língua se modifica num passo mais rápido atualmente. Os lingüistas afirmam que passamos por uma crise lingüística, e ninguém sabe em que isso vai dar. Tão grande tem sido a mudança na língua sueca em apenas cinqüenta anos que se tornou necessária uma nova tradução a fim de tornar as Escrituras atraentes e compreensíveis ao sueco mediano.
Leva tempo por em andamento uma nova tradução da Bíblia. Na Suécia, como sabe, com sua Igreja Estatal, o assunto se tornou uma questão governamental. Foi há dezenove anos que a Reunião Eclesiástica da Igreja Estatal Luterana solicitou das autoridades uma nova tradução do “Novo Testamento” e dos Salmos, para começar. Não foi senão dez anos depois que se apresentou uma moção a favor da solicitação ao Riksdag ou parlamento. Nesse mesmo ano, por recomendação da Comissão Permanente de Assuntos Miscelâneos, o Riksdag submeteu o assunto ao Rei, isto é, ao Governo. Dois anos depois, o governo nomeou uma Comissão Bíblica para investigar a questão inteira.
Depois de cinco anos de pesquisa, a Comissão terminou seu relatório e o enviou ao Ministro da Educação em fevereiro de 1969. Consistia em 646 páginas impressas em tipo miúdo, e revelava os muitos problemas que precisam ser resolvidos muito antes de se empreender a impressão. Consideremos três destes, a saber: (1) O que deve ser traduzido? (2) Para quem deve ser traduzido? e (3) Como deve ser traduzido?
O Que Deve Ser Traduzido?
A que recorreremos como base de nossa tradução? é uma questão que os tradutores modernos precisam determinar. Nenhum dos escritos originais dos profetas e apóstolos inspirados sobreviveu. No entanto, sobejam cópias manuscritas antigas tanto das Escrituras Hebraicas como das Gregas Cristãs. Serão a fonte para os tradutores modernos? Sim, mas não diretamente, pois eruditos dos séculos dezenove e vinte, homens que se especializaram no estudo quer do hebraico quer do grego, examinaram e compararam as multidões de manuscritos antigos e produziram o que podemos chamar de textos básicos.
O tradutor bíblico pode escolher um dentre vários destes textos básicos aprimorados, e talvez decida trabalhar com diversos deles. No que se refere às Escrituras Gregas Cristãs, poderia escolher o de Wescott e Hort, o de Nestle, o de Merk, ou aquele mais recentemente editado por Aland, Black, Metzger e Wikgren. A Comissão Bíblica Sueca decidiu trabalhar com diversos.
Traduzido Para Quem?
Talvez pareça estranho que se tenha de fazer uma decisão quanto a se a tradução das Escrituras deva ser para esta ou aquela seção da população. Por que não produzir simplesmente uma tradução clara que seja compreensível a todos que sabem ler? A Comissão Bíblia Sueca procura realizar muito mais do que isso.
Um de seu membros, o Dr. Karl Ragnar Gierow, famoso autor, disse que a Bíblia irá para as mãos do “professor em sua mesa e dos alunos em suas carteiras; deve convir aos historiadores religiosos, aos exegetas, aos filólogos e aos pesquisadores literários. Deve ser apropriada para uma pausa para meditação no fim do dia de trabalho, deve servir à pessoa com interesses literários e que tenha um olho atento para a beleza da grande poesia, e para o leitor que a abre em sua perplexidade mais angustiosa, em seu momento mais sombrio, em sua necessidade direta e em seu desespero”.
Realmente, uma tradução bíblica deve preencher as necessidades de uma variedade de pessoas cuja experiência lingüística varia consideravelmente. E é concebível que uma tradução para a linguagem do homem comum encontraria pouca estima entre alguns homens ilustrados. Pelo menos, é esse o conceito adotado pela Comissão Bíblica Sueca. Sugeriu ao Governo a produção de duas versões do “Novo Testamento” ou Escrituras Gregas Cristãs. Uma seria uma “Bíblia Eclesiástica”, ‘filológicamente exata, com um estilo de linguagem concentrado e fértil”. A outra seria “para a leitura particular, para o uso em casa e na escola, em seu estilo de linguagem mais atraente ao leitor hodierno”.
Há os que iriam mais longe, afirmando que pelo menos três versões são desejáveis: uma versão traduzida cientificamente, uma versão moderna que reproduzisse tão fielmente quanto possível o conteúdo e as qualidades estilísticas do texto básico, e uma terceira, vertida nos termos hodiernos comuns, para que o conteúdo do texto original pudesse alcançar o leitor mediano.
Como Deve Ser Traduzida?
Uma terceira e mui vital questão na produção de uma nova tradução da Bíblia tem que ver com o método a ser seguido na tradução dos textos das línguas originais. O tradutor precisa determinar quão de perto irá seguir as traduções anteriores, se deverá fazer uma revisão de uma tradução anterior ou uma tradução completamente nova e independente. Se decidir a primeira coisa, seguirá a tradução anterior tão de perto quanto possível, só corrigindo as inexatidões e fazendo alguns ajustes quanto à linguagem. Uma nova tradução, por outro lado, é feita diretamente do texto básico, e o tradutor precisa valer-se de todos os recursos lingüísticos disponíveis — dicionários, gramáticas, comentários, traduções, investigações especiais, e assim por diante.
Se perguntasse a um tradutor experiente qual das duas preferiria, é bem provável que favorecerá a tradução completamente nova. Mesmo que a nova tradução envolva mais tempo e trabalho, verifica-se em geral que é mais prático do que fazer uma revisão extensiva de uma tradução anterior.
Os tradutores também precisam escolher entre uma chamada tradução literal e uma tradução idiomática. A tradução literal visa transmitir tanto quanto possível a forma de linguagem original, ao passo que o método idiomático procura transmitir a mensagem do original, usando todos os recursos lingüísticos disponíveis. Em outras palavras, a tradução literal se volta para o texto original, enquanto que a idiomática se volta para o leitor.
Caso um tradutor decida fazer uma tradução literal, precisa determinar quão literal deve ser sem se perder o sentido do texto. Também deve ter presente que a tradução literal exige coerência, o que significa que, em grande parte, toda vez que determinada palavra aparecer no texto original, deve ser vertida pela mesma palavra na tradução.
A tradução idiomática, por outro lado, dá ao tradutor maior liberdade. Não obstante, ao procurar verter o sentido do texto básico, precisa também tentar transmitir o estilo do mesmo. E o que torna mais difícil essa fase de seu trabalho é que cada um dos escritores bíblicos tem seu próprio estilo pessoal de escrita. Por exemplo, Mateus, Marcos e Lucas, embora abrangessem essencialmente a mesma matéria, diferem consideravelmente na escolha de palavras e na composição. Marcos escreve num grego atual e natural de alta qualidade. A simplicidade e a vivacidade caracterizam seu relato. Em comparação, o estilo de Lucas é mais profissional; sua terminologia é muito precisa. Seu uso de termos médicos e sua familiaridade ao tratar de termos náuticos, como em Atos, capítulos vinte e sete e vinte e oito, são notáveis. Usa um vocabulário muito maior do que Mateus e Marcos. Mateus, por sua vez, escolhe um meio-termo em seu estilo, em comparação com Marcos e Lucas.
O que complica ainda mais o assunto para o tradutor é que um único escritor bíblico pode mudar seu estilo. O apóstolo Paulo se notabiliza em especial nisso. Um membro da Comissão Bíblica Sueca, que também é professor de línguas clássicas, comenta sobre Paulo: “Tem um enorme registro: elevado poema em prosa como em 1 Coríntios 13, comovedora eloqüência, como em Romanos 8:31-39, mas também explicações frias. . . . Seu vocabulário é grande (900 palavras que são específicas somente a ele). Era brilhante mestre da linguagem.”
O bom tradutor bíblico deseja transmitir essas características dos diferentes escritores bem como as variações no estilo de cada escritor de per si. Deve poder imaginar como o escritor teria expresso seus pensamentos, caso estivesse escrevendo em nossos dias e em nossa linguagem. É provavelmente por isso que a Comissão Bíblica declarou que era necessário um verdadeiro gênio estilístico para tal trabalho. Mas, podem-se encontrar tais tradutores? O membro teológico da Comissão responde: “Em nossa busca de tradutores habilitados, estou apto a dizer que este país se torna um país ‘subdesenvolvido’ no que tange a tradutores capacitados.”
Outra questão que os tradutores têm de resolver é: Até que ponto deve-se prover notas esclarecedoras ao pé da página ou explicações de passagens difíceis de entender? A Comissão cita como um caso em pauta a famosa passagem em Mateus 5:13 em que Jesus fala de o sal perder a sua força. Visto que o sal comum não perde a sua força, a Comissão sugere a seguinte nota ao pé da página para este versículo: “A ilustração de o sal perder a sua força e ser lançado fora para ser pisado pelos homens pode ser explicada pelo modo em que os beduínos ainda usam placas de sal em seus fogões primitivos, em que o sal de início estimula a combustão do esterco de camelo, mas depois, mediante uma mudança química, tem o efeito oposto. As placas de sal então inúteis seriam usadas como aterro de estrada.”
Muitas notas ao pé da página desta natureza exigiriam extensiva pesquisa além dos trabalhos de tradução. E contudo não terminam aí os problemas de produzir uma tradução nova. Ainda resta determinar questões tais como: Como deve o texto ser composto em suas páginas? Como devem ser arranjados os capítulos e versículos? Que tipo de impressão deve ser usado?
Necessárias Novas Traduções da Bíblia
Não há dúvida de que são necessárias em muitas línguas traduções novas e atualizadas da Bíblia, porém, conforme vimos, satisfazer tal necessidade não é coisa fácil. Em vista do precedente, pode-se começar a compreender a vasta quantidade de trabalho envolvida na tradução de uma Bíblia completa para qualquer língua, tal como a produzida em inglês, nos anos recentes, pela Comissão de Tradução da Bíblia Novo Mundo. As traduções da Bíblia produzidas por essa Comissão são conhecidas por muitos leitores da Despertai!
A maioria das pessoas de coração honesto avaliam a importância de tornar a Bíblia disponível aos povos de todas as raças e nações. É igualmente importante tornar a sua mensagem compreensível a estas pessoas. As traduções modernas podem avançar bastante na direção de tal alvo.

ERUDITOS ELOGIAM A TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO
REFERENTE à Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, Edgar J. Goodspeed, tradutor do “Novo Testamento” grego na versão An American Translation, escreveu numa carta de 8 de dezembro de 1950: “Estou interessado na obra missionária realizada por seu pessoal, e no seu alcance mundial, e agrada-me muito a tradução livre, franca e vigorosa. Ela exibe uma ampla gama de erudição séria e sólida, conforme posso atestar.”
Alexander Thomson, perito em hebraico e grego, escreveu: “A tradução é evidentemente obra de eruditos peritos e talentosos, que procuraram ressaltar o verdadeiro sentido do texto grego tanto quanto a língua inglesa seja capaz de expressar.” — The Differentiator, abril de 1952, páginas 52-7.
O professor Benjamin Kedar, hebraísta em Israel, disse em 1989: “Em minha pesquisa lingüística relacionada com a Bíblia Hebraica e suas traduções, não raro eu consulto a edição em inglês do que é conhecido como ‘Tradução do Novo Mundo’. Ao fazer isso, confirmo repetidamente meu conceito de que essa obra reflete um esforço honesto de obter uma compreensão do texto tão precisa quanto é possível.”

Que diversas motivações têm influenciado a obra dos tradutores e dos editores da Bíblia?
Para qualquer tradutor é um desafio pegar matéria numa língua e torná-la compreensível aos que lêem e ouvem outra língua. Alguns tradutores da Bíblia fizeram seu trabalho bem conscientes de que estavam traduzindo a Palavra de Deus. Outros simplesmente ficaram fascinados com o desafio acadêmico do projeto. Talvez tenham encarado o conteúdo da Bíblia como apenas uma valiosa herança cultural. Para alguns, a religião é seu negócio, e conseguir a impressão dum livro que leve seu nome como tradutor ou editor é parte do seu ganha-pão. Sua motivação obviamente influencia a maneira pela qual fazem seu trabalho.

Nos últimos anos, o que fizeram alguns tradutores com as referências ao nome divino? Quão difundida é essa prática?
Nos últimos anos, embora alguns tradutores da Bíblia mantenham os nomes de deidades pagãs, tais como Baal e Moloque, eles cada vez mais eliminam o nome pessoal do verdadeiro Deus das traduções da Palavra inspirada Dele. (Êxodo 3:15; Jeremias 32:35) Em passagens tais como Mateus 6:9 e João 17:6, 26, uma versão albanesa, amplamente distribuída, verte a expressão grega de “o teu nome” (isto é, o nome de Deus) simplesmente por “tu”, como se esses textos não mencionassem um nome. No Salmo 83:18, tanto The New English Bible como A Bíblia na Linguagem de Hoje eliminam o nome pessoal de Deus e qualquer referência ao fato de que Deus tem um nome. Embora o nome divino apareça em traduções mais antigas das Escrituras Hebraicas, na maioria das línguas, as traduções mais novas muitas vezes eliminam-no ou relegam-no a uma nota marginal. Isto se dá em inglês, bem como em muitas línguas da Europa, da África, da América do Sul, da Índia e das ilhas do Pacífico.

Que conflito há entre os ensinos da cristandade e o que a Bíblia diz a respeito da alma e da morte?
As Igrejas da cristandade, em geral, ensinam que a alma humana é um espírito, que deixa o corpo por ocasião da morte e que é imortal. Em contraste com isso, as traduções mais antigas da Bíblia, na maioria das línguas, declaram explicitamente que os humanos são almas, que os animais são almas e que a alma morre. (Gênesis 12:5; 36:6; Números 31:28; Tiago 5:20) Isso tem embaraçado os clérigos.

De que forma obscurecem algumas versões recentes as verdades básicas da Bíblia?
Agora, algumas versões mais novas obscurecem essas verdades. Como? Elas simplesmente evitam uma tradução direta do substantivo hebraico né•fesh (alma) em certos textos. Em Gênesis 2:7, elas talvez digam que o primeiro homem “começou a viver” (em vez de “veio a ser uma alma vivente”). Ou talvez mencionem “criatura” em vez de “alma”, no caso da vida animal. (Gênesis 1:21) Em textos tais como Ezequiel 18:4, 20, mencionam “a pessoa” ou “o indivíduo” (em vez de “a alma”) como morrendo. Essas versões talvez pareçam justificáveis ao tradutor. Mas quanto ajudam àquele que sinceramente busca a verdade, cuja maneira de pensar já foi condicionada pelos ensinos antibíblicos da cristandade

De que modo ocultaram algumas versões da Bíblia o propósito de Deus para com a Terra?
No empenho de apoiar sua crença, de que todos os bons vão para o céu, tradutores — ou teólogos que revisam sua obra — podem também esforçar-se a ocultar o que a Bíblia diz sobre o propósito de Deus para com a Terra. No Salmo 37:11, algumas versões em inglês rezam que os humildes possuirão “o solo (terra)”. “Solo” é uma possível versão da palavra (’é•rets) usada no texto hebraico. No entanto, Today’s English Version (que tem sido a base de traduções para muitas outras línguas) vai mais longe. Embora esta versão, no Evangelho de Mateus, traduza a palavra grega ge 17 vezes pelo que em português seria “terra”, em Mateus 5:5 substitui “terra” pela frase “o que Deus tem prometido”. Os membros de Igrejas naturalmente pensam no céu. Não estão sendo informados honestamente de que Jesus Cristo disse no seu Sermão do Monte que os de temperamento brando, os mansos ou humildes “herdarão a terra”.

Nos tempos modernos, como foram alguns tradutores influenciados por motivações que não eram a lealdade a Deus? Que papel assumiram eles incorretamente?
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma comissão de teólogos e de pastores cooperou com o governo nazista na Alemanha para produzir um “Novo Testamento” revisado, que eliminava todas as referências favoráveis aos judeus e todas as indicações da descendência judaica de Jesus Cristo. Mais recentemente, tradutores que produziram The New Testament and Psalms: An Inclusive Version (O Novo Testamento e os Salmos: Uma Versão Inclusiva) tomaram uma direção diferente, esforçando-se a expurgar todas as indicações de que os judeus tinham certa responsabilidade pela morte de Cristo. Esses tradutores também achavam que as leitoras feministas ficariam mais felizes se se falasse de Deus, não como o Pai, mas como Pai-Mãe, e se se dissesse que Jesus não era o Filho de Deus, mas a sua Criança. (Mateus 11:27) Aproveitavam o ensejo para eliminar o princípio da sujeição das esposas aos maridos e da obediência dos filhos aos pais. (Colossenses 3:18, 20) Os produtores dessas traduções evidentemente não compartilhavam a determinação do apóstolo Paulo, de não ‘adulterar a palavra de Deus’. Perderam de vista o papel do tradutor, adotando a posição de autor, produzindo livros que aproveitavam a reputação da Bíblia como meio de promover suas próprias opiniões.

Como indica a Bíblia a responsabilidade séria que recai sobre os que manejam a Palavra de Deus?
Sobre os que traduzem a Palavra de Deus, bem como sobre os que a ensinam, recai uma séria responsabilidade. O apóstolo Paulo disse a respeito do ministério dele e dos seus companheiros: “Temos renunciado às coisas dissimuladas, que são vergonhosas, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus, mas, por tornar manifesta a verdade, recomendando-nos a toda consciência humana à vista de Deus.” (2 Coríntios 4:2) Adulterar significa corromper por introduzir algo estranho ou inferior. O apóstolo Paulo não era como os pastores infiéis de Israel nos dias de Jeremias, os quais foram reprovados por Jeová por pregarem suas próprias idéias em vez de aquilo que Deus disse. (Jeremias 23:16, 22) Mas o que está acontecendo nos tempos modernos?

Como podemos decidir que traduções da Bíblia devemos citar, alem de demonstrar lealdade no uso dela como; ‘A Palavra inspirada de Deus’?

Que significa tudo isso para o leitor individual da Bíblia e para os que usam a Bíblia para ensinar outros? Na maioria das línguas amplamente usadas, há mais de uma tradução da Bíblia para escolher. Mostre discernimento na escolha da versão da Bíblia que você usa. (Provérbios 19:8) Se uma tradução não for honesta na identificação do próprio Deus — eliminando seu nome da sua Palavra inspirada sob qualquer pretexto — será que os tradutores não mexeram também com outras partes do texto bíblico? Quando tiver dúvida sobre a validez duma versão, procure compará-la com traduções mais antigas. Se você for instrutor da Palavra de Deus, prefira as versões que se apegam mais ao texto hebraico e grego original.
Todos nós devemos ser individualmente leais à Palavra de Deus. Fazemos isso por nos interessarmos o bastante pelo que ela contém, de modo a, se possível, gastarmos todos os dias algum tempo na leitura da Bíblia. (Salmo 1:1-3) Fazemos isso por aplicar plenamente na nossa vida o que ela diz, aprendendo a usar seus princípios e exemplos como base para decisões sólidas. (Romanos 12:2; Hebreus 5:14) Mostramos ser defensores leais da Palavra de Deus por pregá-la zelosamente a outros. Fazemos isso também como instrutores, por usar a Bíblia com cuidado, nunca a distorcendo nem alterando o que ela diz para se ajustar às nossas idéias. (2 Timóteo 2:15) Aquilo que Deus predisse ocorrerá sem falta. Ele é leal no cumprimento da sua Palavra. Sejamos leais em defendê-la.

Anchieta Campos disse...

Caro amigo anônimo (você realmente é uma Testemunha de Jeová). Primeiramente não sei o porquê de vocês se esconderem no anonimato, tanto os seus “fiéis e eruditos” tradutores da tão “confiável” e “admirável” TNM, quanto você próprio agora em seu comentário. Será falta de confiança em suas defesas? Por que teriam vergonha de se exporem? Nunca lestes João 18:20, aonde Jesus nos dá o exemplo de nunca nos escondermos e envergonharmos de nossas palavras “Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto”?

Você basicamente realizou uma citação da obra jeovista “Raciocínios à Base das Escrituras”, obra já citada em meu post A Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, post esse que já é suficiente para mostrar ao leitor sério e imparcial a falsidade da TNM. Você cita que a TNM fora embasada em seu AT do texto da bíblia hebraica de Rudolf Kittel, em combinação com a Bíblia Hebraica Stuttgartensia de 1977, os rolos do mar morto, além de muitas outras traduções antigas em outras línguas. No NT (ou as escrituras Gregas Cristãs para vocês) usou-se primariamente o texto grego mestre de 1881, preparado por Westcott e Hort, além de outros textos mestres consultados. Mas veja-se que incoerência jeovista; dizem vocês que os cristãos “arrancaram” das novas versões o tetragrama do Nome divino, sendo estas suas bases textuais as “restauradoras do nome de Deus”, mas isso não passa de uma grande mentira, como é de praxe nas TJs e nas demais seitas! A verdade é que o tetragrama não aparece no trabalho de nenhum destes eruditos citados, não aparece em Westcott e Hort e em nenhum manuscrito grego do Novo Testamento; até mesmo o The Emphatic Diaglott (versão oficializada pela Sociedade Torre de Vigia) não traz o tetragrama. A própria Bíblia Hebraica Stuttgartensia ao invés de usar a expressão idiomática hebraica Jeová usa o nome Adonay, bem como procede do mesmo modo os rolos do mar morto.

No que tange aos autores da TNM, temos a prova cabal da falsidade, incoerência, partidarismo e falta de capacidade e qualificação dos tradutores “eruditos” da mesma. No mesmo livro (Raciocínios à Base das Escrituras) e em seu mesmo comentário, vemos passagens como “Quando a Comissão da Tradução do Novo Mundo da Bíblia doou os direitos autorais da tradução realizada, ela pediu que seus membros permanecessem no anonimato” e “É realmente uma tradução erudita? Visto que os tradutores preferiram ficar no anonimato, a pergunta não pode ser respondida aqui em termos da formação cultural deles”. Vocês mesmos se entregam e confessam que não se pode atestar a qualidade da TNM, tendo em vista nem mesmo terem tido o mínimo cuidado de especificar e registrar os autores da mesma. Mas qual seria a razão de tão grande segredo? Não confiam na capacidade dos autores “eruditos” que a realizaram? Será que os mesmos não tinham conhecimento das línguas originais? Para sermos sinceros, apenas o fato da versão em português da TNM ser traduzida diretamente do inglês e não das línguas originais (como o é para ser) já torna a TNM e a Sociedade Torre de Vigia inescusáveis diante de tão grande horror “erudito”.

Fato interessante de se destacar foi o de o próprio Charles Russell, co-fundador da Sociedade Torre de Vigia e autor dos seis volumes de que trata o prefácio da TNM (ed. de 1961 e de onde viria a surgir a TNM), foi processado em 1912 após ter movido um processo contra um pastor batista por este ter publicado em um panfleto que Russel “ignorava o grego”. No tribunal o reverendo foi absolvido ficando provado que Russell desconhecia completamente o original grego, pois a última pergunta feita pelo advogado do pastor foi:
P: O senhor conhece a língua grega?
R: NÃO.

Outro fato interessante e que deve ser mencionado foi o do quarto presidente da STV, Frederic W. Franz, processado por não saber os originais, sendo julgado em 24/11/1954 por não ter conseguido traduzir Gn 2:4 perante o tribunal, sendo que no início do julgamento o mesmo afirmara ser conhecedor do hebraico. O Sr. William Cetnar, ex-TJ e que trabalhou na sede mundial em Nova Iorque como assistente do Corpo Governante, confirma que Franz foi um dos membros da comissão que traduziu a TNM; isto é confirmado também pelo sobrinho de Franz, Raymond Franz, que foi membro do Corpo Governante durante nove anos e que viera a pedir para ser desassociado após descobrir as trapaças e más intenções do Corpo Governante, vindo inclusive a se converter a Jesus Cristo posteriormente. Mas é claro que todos esses fatos são abafados pela STV para que seus 6 milhões de adeptos em todo mundo não venham a conhecer a verdade suja de sua instituição.

Para concluir transcrevo diretamente o relato de William Cetnar (ex-membro do Corpo Governante da STV) sobre o tema em questão:

“Estava a ser feito trabalho na New World Translation (Tradução do Novo Mundo) e muito desse trabalho foi completo enquanto eu estava em Betel. A comissão de tradução pediu que os nomes dos tradutores fossem mantidos em segredo, mesmo depois da morte deles (Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], p. 258). Sabendo quem eram os tradutores, pois isto era conhecimento comum em Betel, se eu estivesse na comissão de tradução também queria que o meu nome fosse mantido secreto. A razão para o anonimato dos tradutores era dupla: (1) as qualificações dos tradutores não podiam ser verificadas e avaliadas, e (2) não haveria ninguém para assumir a responsabilidade pela tradução. No entanto, quando perguntaram a Franz num tribunal da Escócia: ‘Porquê o secretismo?’ ele disse: ‘Porque a comissão de tradução queria ficar anônima e não procurava qualquer glória ou honra na realização de uma tradução, nem queria ter quaisquer nomes ligados a ela’. O advogado respondeu: ‘Escritores de livros e tradutores nem sempre recebem glória e honra pelos seus esforços, ou recebem?’ (Pursuer's Proof of Douglas Walsh vs. The Right Honourable James Latham, M.P., P.C., Scottish Court of Sessions, Novembro de 1954, p. 92.)
Não seria da máxima importância conhecer os homens, as suas qualificações e credenciais -- homens a quem confiaríamos as nossas vidas espirituais? Certamente não confiaríamos num cirurgião que se recusasse a dizer o seu nome ou credenciais. Achei interessante que em Betel estes tradutores não tomassem quaisquer precauções para se manterem anônimos. Levantavam-se todos ao mesmo tempo da mesa do refeitório, antes das outras pessoas, e saíam todos juntos na limousine do presidente para Staten Island. Ficavam lá, algumas vezes ausentes de Betel durante várias semanas de cada vez.

Este modo astuto de proceder não é novo na Sociedade. De fato, a Sociedade Torre de Vigia atribui toda a ‘nova luz’ a um corpo anônimo chamado o ‘restante’ (um bode expiatório abstrato). No entanto, ninguém tem uma lista com os nomes do ‘[escravo] fiel e sábio’ ou ‘restante’. Ninguém sabe quem realmente é o ‘restante’. O ‘restante’ também não se reuniu em congresso para tomar uma decisão sobre qualquer política da Sociedade ou ‘nova luz’.

Das minhas observações, N. H. Knorr, F. W. Franz, A. D. Schroeder, G. D. Gangas e M. Henschel encontraram-se nestas sessões de tradução. Exceto o Vice-presidente Franz (cujo treino era limitado), nenhum dos membros da comissão tinha formação ou background adequado para ser tradutor crítico da Bíblia. A habilidade de Franz para fazer um trabalho erudito de tradução do hebraico está sujeita a sérias dúvidas. Isto ficou evidente na Scottish Court of Sessions (Tribunal Escocês de Sessões) em Novembro de 1954. A seguinte troca de perguntas e respostas entre o advogado e Franz consta da transcrição do tribunal:

P. Você também se familiarizou com o hebraico?
R. Sim. ...
P. Portanto você tem um conhecimento lingüístico substancial ao seu dispor?
R. Sim, para uso no meu trabalho bíblico.
P. Penso que você consegue ler e seguir a Bíblia em hebraico, grego, latim, espanhol, português, alemão e francês?
R. Sim. [Pursuer's Proof, p. 7]....
P. Você mesmo lê e fala hebraico, certo?
R. Eu não falo hebraico.
P. Não?
R. Não.
P. Consegue, você mesmo, traduzir aquilo para hebraico?
R. O quê?
P. Aquele quarto versículo do segundo capítulo de Gênesis?
R. Você quer dizer este?
P. Sim?
R. Não. Eu não tentaria fazer isso [Pursuer's Proof, pp. 102, 103].

O que Franz ‘não tentaria’ traduzir para hebraico era um exercício simples que não apresenta nenhuma dificuldade para um estudante médio de hebraico do primeiro ou do segundo ano do seminário. Esta conclusão foi feita por um professor qualificado de hebraico.

Devido à inadequação dos tradutores, eles não fizeram traduções exatas das línguas originais, mas antes transmitiram aquilo em que as Testemunhas acreditavam. Isto é verificado por muitos peritos bíblicos qualificados, entre eles o Dr. Anthony Hoekema, que comentou:

‘... A Tradução do Novo Mundo da Bíblia não é de modo nenhum uma versão objetiva do texto sagrado para o inglês moderno, é antes uma tradução tendenciosa na qual muitos dos peculiares ensinos da Sociedade Torre de Vigia são contrabandeados para dentro do texto da própria Bíblia’ [The Four Major Cults (A Quatro Seitas Principais), pp. 238, 239].

Em Março de 1954 fui encarregado de entrevistar o bem conhecido tradutor da Bíblia, Dr. Edgar J. Goodspeed, para obter a avaliação dele sobre o primeiro volume da New World Translation of the Hebrew Sciptures (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas). Eu devia tentar que ele recomendasse a tradução. Durante a visita de duas horas com ele, era óbvio que ele conhecia bem o volume, pois conseguia citar os números das páginas onde se encontravam as traduções sobre as quais ele tinha objeções. [...] Quando eu estava de saída, perguntei-lhe se podia recomendar a tradução para o público em geral. Ele respondeu: ‘Não, sinto muito mas não posso fazer isso. A gramática é lamentável. Tenha cuidado com a gramática. Certifique-se de que corrige isso’ [...].

Na sede, os homens do Departamento de Redação tinham freqüentemente diferenças de opinião. Cada um tinha de ‘camuflar’ cuidadosamente as suas opiniões de modo a não perder a posição ou ser considerado um herege. O Presidente Knorr fez uma declaração muito significativa e reveladora em 1952, depois de alguns dos irmãos do Departamento de Redação terem argumentado sobre um assunto doutrinal. Ele disse: ‘Irmãos, podem discutir à vontade sobre isso, mas quando isso sair do sexto piso, isso é a verdade’. O que ele estava a dizer era que depois de estar impresso (as rotativas estavam no sexto piso), o assunto passava a ser verdade e nós tínhamos de defendê-lo de forma unida”.

[Texto de William Cetnar no livro de Edmond C. Gruss We Left Jehovah's Witnesses (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1976), pp. 73-77].

Meu caro amigo ‘anônimo’, ainda há tempo de se voltar ao Único e Verdadeiro Deus Trino! Tenha um coração aberto e sincero para com a Palavra de Deus e permita ao Espírito Santo fazer a obra e transformação que sua mente e coração precisam urgentemente! Deus lhe abençoe e ilumine grandemente, em nome de Jesus!

Obs.: se quiser saber mais pode acessar a página http://www.cacp.org.br/jeovismo/indexmenu.aspx?menu=3&submenu=5, do Centro Apologético Cristão de Pesquisas (CACP).

Atenciosamente e com amor em Cristo,

Anchieta Campos