terça-feira, 27 de maio de 2008

O que temos de mais valioso

“Pois, que aproveitaria ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Marcos 8:36.

O homem é um ser que tem em sua natureza a habilidade e o vício de sempre realizar um juízo de valor. Tudo o que envolve a vida de um homem recebe um valor, tudo mesmo. Damos o valor e grau de importância para com os nossos relacionamentos, sejam familiares, amorosos, sociais, seja na igreja, ambiente de estudo ou trabalho; não importa como fazemos, mas sempre selecionamos prioridades em nossas vidas, e é aí que mora o perigo!

Será mesmo que estamos dando prioridade ao que temos de mais precioso? Melhor: será que temos pelo menos em mente a plena consciência do que verdadeiramente é o bem mais precioso e valioso que temos? Estas perguntas podem até soar para muitos evangélicos como supérfluas, irrelevantes, lógicas, e até mesmo sem sentido, pois julgam saber plenamente as respostas destas perguntas. Mas repito: estamos dando prioridade e reconhecendo verdadeiramente o que Deus nos concedeu de mais valioso?

Nestes tempos trabalhosos para a Igreja do Senhor vemos nossos templos sendo invadidos por ensinos que pregam o apego aos bens materiais, a riqueza e prosperidade material como um direito do crente, surgem lutas e mais lutas por cargos, posições, reconhecimento humano, muitas divisões, falta de amor, enfim, a igreja evangélica está sucumbindo perante os atraentes feitiços deste mundo. Como bem afirmou o Senhor Jesus em Mc 4:19 “Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera”. É o que temos visto muito em nosso meio.

O povo de Deus está sendo influenciado pelo mundo, sendo que o oposto era o que deveria ocorrer; nós, o povo santo de Deus, é que deveríamos influenciar o mundo perdido e sem expectativa pós-morte, é o que aprendemos em Rm 12:2 “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Devemos ser que nem os poucos crentes fiéis da Igreja de Sardes, que não se contaminaram, permanecendo fiéis ao Senhor (cf. Ap 3:4).

E é justamente esta influência mundana que tem desvirtuado o foco, a visão de muitos crentes (ver Hb 12:1,2). O mundo perdido sem Deus, sem o Espírito Santo, não tem entendimento das verdades eternas, pois as mesmas se compreendem espiritualmente (1 Co 2:14,15), com a ajuda do Espírito Santo (Jo 14:26), sendo que o mundo não pode receber do Espírito Santo, como bem disse o Senhor Jesus em Jo 14:17 “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece”. Quando o crente se deixa influenciar pelo mundo, ele acaba absorvendo seus costumes, práticas, pensamentos e filosofias (ver 1 Co 15:33), sendo levado ao engano e ao distanciamento da pureza doutrinária (Rm 6:17; 16:17; Ef 4:14; 1 Tm 4:1-6,16; 6:3-5; 2 Tm 4:3; Tt 1:9; Hb 13:9; 2 Jo 1:9,10; Ap 2:14,15).

Dentre tantos e tantos prejuízos que estes fatos têm trazido para o seio cristão, o pior de todos é a deturpação do fundamento da nossa fé e o que temos de mais precioso: a salvação eterna da alma. A fé cristã não é baseada em vãs filosofias, pensamentos ilógicos ou improváveis, mas sim naquilo que o bom senso humano e natural nos mostram, qual seja, que o homem é um ser singular no planeta, que a Terra é um planeta singular, sendo assim que o homem é tão especial que transcende (logicamente) os limites desta vida curta e passageira. O mundo perdido, como já mencionado, é apegado as coisas desta vida, aos pecados e desvarios de suas próprias concupiscências e prazeres carnais (Gl 5:19-21), sendo que o “eu” insano prevalece sempre nessas vidas sem Cristo, anulando assim a revelação da Palavra de Deus, conforme predito em 2 Pe 3:3 “Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências”. O fim dos que assim procedem é, como bem disse Paulo em Gl 5:21, a condenação eterna da alma.

É neste cenário que fora estabelecido que percebemos o quão o pecado, a desobediência, o apego as coisas e prazeres desta vida, se mostram desastrosos e nada benéficos. Oras, qualquer homem com o mínimo de inteligência escolheria algo eterno em face de algo passageiro, de alguns poucos anos que certamente findarão. Quem iria trocar o eterno pelo passageiro? Infelizmente a grande maioria da humanidade trocou e troca diariamente aquilo que era é mais valioso por aquilo que não tem valor algum (Mt 7:13). A vontade própria, os desejos próprios, estão sendo colocados em prioridade em face da eterna e bondosa vontade de Deus para com o homem. Estas escolhas tem levados muitos para a condenação e sofrimento eternos, além de privá-los da glória celestial eterna.

Tudo neste mundo e vida é passageiro (Mc 13:31; 2 Pe 3:10), tudo não passa de uma grande vaidade terrena e humana (Ec 1:2). O homem é mortal, assemelhado pela palavra como um nada (Sl 8:4; 89:48); sua vida é comparada como uma sombra que vai declinando e como a erva que se seca (Sl 102:11). Como bem assimilou o inspirado salmista “Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade” Sl 39:5.

Quão bom é meditarmos em duas passagens bíblicas em que Cristo nos ensina profundamente sobre o assunto. A primeira está em Mt 6:19-21 que diz: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. A outra passagem está em Lc 12:16-21 que assim nos diz: “E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; e ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus”.

Por fim, repito a pergunta feita por Cristo no versículo usado no início deste artigo: Pois, que aproveitaria ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” Mt 7:13,14.

Anchieta Campos

domingo, 25 de maio de 2008

Frase quase divina – 12

Décima-segunda edição do quadro, onde trago desta feita uma frase de um nobre colega blogueiro, o meu amigo e irmão em Cristo, Francivaldo Jacinto, editor do http://francivaldojacinto.blogspot.com/, tratando de um assunto bastante importante e meio que esquecido por nós escritores, que é a nossa missão de evangelizarmos as pessoas que ainda não conhecem a nova vida em Cristo.

“Fazer missões não é um método de crescimento de igreja. É fazer a vontade de Deus” Francivaldo Jacinto.

Anchieta Campos

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A festa do Corpus Christi

Hoje, dia 22 de maio de 2008, é feriado nacional. O feriado é em homenagem a algum nome histórico do Brasil? O feriado é em comemoração a algum fato histórico importante para a nação brasileira? Comemora-se neste dia a independência? A proclamação da República? Não! O dia 22 de maio de 2008 é feriado nacional em virtude da festa católica romana de Corpus Christi. É, depois dizem que o Brasil é uma país laico, onde o Estado não tem influência alguma da toda poderosa igreja romana.

A Festa católica romana de Corpus Christi (expressão latina que significa “Corpo de Cristo”), foi instituída oficialmente pelo Papa Urbano IV com a sua Bula ‘Transiturus’, de 11 de agosto de 1264, sendo que o mesmo viera a morrer pouco tempo após a promulgação da referida Bula. A festa foi instituída para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes, tendo uma tríplice finalidade:

1) Prestar as mais excelsas honras a Jesus Cristo;

2) Pedir perdão a Jesus Cristo pelos ultrajes cometidos pelos ateus;

3) Protestar contra as heresias dos que negavam a presença de Deus na hóstia consagrada.

Tudo começou com a freira agostiniana belga Juliana de Mont Cornellon (1193-1252). Ela teria tido insistentes visões da "Virgem Maria" ordenando-lhe a realização de uma grandiosa festa da Eucaristia no Ano Litúrgico. Juliana, que posteriormente viria a ser a Santa Juliana, afirmava que a festa seria instituída para honrar a presença real de Jesus na hóstia, ou seja, o corpo místico de Jesus na Santíssima Eucaristia.

A festa é marcada por uma procissão realizada nas vias públicas das cidades, onde a hóstia (o corpo de Cristo para os católicos) é carregada sob um cuidado impecável. A procissão é realizada pelas vias públicas para atender a uma orientação do Código Canônico da Igreja Católica Romana, onde em seu art. 944 determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, “para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”. É recomendado também que nestas datas, a não ser por uma causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (art. 395).

O ensino católico sobre a Eucaristia é de uma atrocidade teológica só. O texto oficial da igreja romana assim se expressa: “A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual”. Roma ainda doutrina que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que se encontra no céu. Esclarece também que essa mudança, conhecida como transubstanciação, “ocorre no ato em que o sacerdote, na santa missa, pronuncia as palavras de consagração: ‘Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue’”.

Para completar as aberrações bíblicas, o catecismo católico ainda traz uma pergunta com relação ao Sacramento da Eucaristia nos seguintes termos: “Deve-se adorar a Eucaristia?”. E responde: “A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor”. Isto não passa de uma oficial recomendação à idolatria!

Como bem pode perceber o leitor atento e inteligente, a igreja católica romana ensina que quando o sacerdote romano abre sua boca e pronuncia as palavras mágicas “Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue”, neste exato momento a hóstia se transforma (literalmente) no corpo de Jesus, e o vinho se transforma (literalmente) no sangue de Jesus. Isto, meu caro leitor, é um absurdo sem igual. Conhecendo como conheço as doutrinas da igreja de Roma, posso afirmar que este ensino é um dos mais sem lógica, nexo e fundamento bíblico que eu já vi.

Tomando por base textos bíblicos como Mt 26:26-29; Lc 22:14-20 e Jo 6:53-56, os “eixegetas” romanistas realizam uma interpretação sem contexto e, o pior de tudo, extremamente literal destas passagens. Me lembrei agora que um certo católico romano alegou que os evangélicos é que interpretam literalmente a Bíblia. É uma piada e tamanha ignorância mesmo.

Ao se crer que a doutrina da transubstanciação fora instituída e ensinada por Cristo na última ceia, está-se incorrendo em um extremo absurdo. Se fosse verdade este pensamento católico, teríamos então que admitir que o próprio Cristo estaria comendo e bebendo do seu próprio corpo e sangue, no mesmo momento em que estava vivo (em carne e sangue) diante dos apóstolos! As palavras de Jesus foram simbólicas! Jesus quis dizer que “Este pão que estou partindo agora representa o meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho que neste momento está no cálice representa o meu sangue, que vai ser derramado por causa dos vossos pecados”. Não há nenhum bom senso e lógica em se interpretar as palavras de Jesus “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” como se fossem literalmente o seu corpo e sangue; ademais, lembremo-nos que não fora o pão e nem o vinho usados na última ceia que foram crucificado e derramado (respectivamente) na cruz do calvário, mas sim o corpo real de Cristo e o sangue real de Cristo, mostrando claramente que Jesus usou de uma linguagem meramente figurativa.

Devemos nos lembrar também que o corpo de Jesus, como homem, é uno; Jesus ressuscitou corporalmente (ver meu post A Ressurreição FÍSICA e REAL de Cristo), ascendeu aos céus em seu corpo físico e assentou-se à destra de Deus (Mc 16:19; Lc 24:51; At 1:9-11), sendo inconcebível que o corpo e sangue de Jesus estejam na terra na figura da Eucaristia, pois o mesmo encontra-se no céu. Destaque-se também que o corpo de Jesus atualmente é um corpo glorioso (Ap 1:13-16; Fl 3:21), além do ensino de Paulo que diz que carne e sangue não podem herdar a incorrupção (cf. 1 Co 15:50), logo a carne e o sangue de Cristo como homem não existem mais como o era aqui nesta terra antes de sua ascensão.

Lembremo-nos que Jesus sempre usou de figuras para lhe representar e representar o seu ministério. Jesus disse que Ele era a videira verdadeira e nós as varas (Jo 15:5), disse que era a porta (Jo 10:9) e disse ainda que era o pão vivo que desceu do céu (Jo 6:51), mas nem por causa disso nós imaginamos Jesus literalmente como sendo uma árvore onde nós podemos chegar e arrancar um fruto, uma porta por onde nós passamos por dentro e muito menos um pedaço de pão que possamos comer.

No demais, fora usado pão, e não uma hóstia com simbologia pagã, o que já desqualifica (mais uma vez) a Eucaristia romana.

Anchieta Campos

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O crente pode ou não pode julgar?

Em uma época em que muitos ensinos contrários a Bíblia Sagrada são propagados em nossos púlpitos e igrejas, posso perceber que dentre eles existem alguns que são usados com dolo por parte daqueles que o pregam, intentando realizar uma defesa própria em pleno Altar Eclesiástico.

Um destes ensinos (tão propagados) é o que concerne à questão de poder o crente julgar ou não o seu próximo, seu irmão e o seu meio como um todo. É comum ouvirmos em nosso meio os pregadores falarem com total “autoridade bíblica”: “Irmãos, não julgueis para que não sejais julgados! Aleluuuuuuuuuuiiiiiiiaaaaaaa!!”; em outros casos vemos frases como: “Quem é você para julgar os outros?”, e por aí vai!

Mas afinal de contas, o crente pode ou não pode julgar?

Não, o crente não pode julgar, ele DEVE julgar tudo o que se houve e se vê em nossas igrejas. Esta é a doutrina bíblica concernente ao assunto.

Alguns “eixegetas” evangélicos, tirando conclusões precipitadas de textos como Mt 7:1-5; Lc 6:37,38; Rm 14:4,10 e 1 Co 11:31, estes pregadores e ensinadores acabam concebendo uma má formação para aqueles crentes não abalizados na Palavra de Deus.

Para uma primeira análise e subsídio do leitor, deixo a definição dos três termos gregos que tratam sobre julgamento. Para tal farei uso da definição dos mesmos conforme o Dicionário “A Concise Greek – English Dictionary of The New Testament”:

κρινω - krino – julgar, passar julgamento, ser julgado, condenar, decidir, determinar, considerar, estimar, pensar e preferir; cf. Jo 7:24; At 4:19; 13:27; 21:25; 23:67; 24:21; Rm 2:27; Tg 5:9.

ανακρινω - anakrino – questionar, examinar (estudar as escrituras como em Atos 17:11), julgar, avaliar, sentar-se para julgar ou em juízo, convocar para prestar contas; cf. At 17:11; 1 Co 2:14,15; 4:3,4; 9:3; 10:25,27; Gl 2:11-14.

διακρινω - diakrino – avaliar, julgar, reconhecer, discernir, fazer distinção entre pessoas, considerar-se ou fazer-se superior a outras pessoas (ver 1 Coríntios 4:7), duvidar, hesitar, disputar, debater, tomar lado ou partido; cf. At 15:9; 1 Co 6:5; 11:31; 14:29.

A Bíblia é clara quanto à nossa obrigação de realizarmos um juízo de tudo o que vemos e ouvimos em nossas igrejas, tudo mesmo. Devemos suscitar uma mentalidade mais crítica do Povo de Deus; claro que esta crítica e análise deve ser sempre embasada na Palavra de Deus, que é a nossa Carta Magna, nosso Manual de Vida e Fé. Todo e qualquer julgamento que fugir aos padrões estabelecidos na Palavra de Deus com certeza será falho e injusto.

Já no Antigo Testamento vemos exemplos de homens de Deus julgando seu meio. Lembremo-nos logo de Abraão, em sua conversa com Deus relatada em Gn 18:24-32, onde o Patriarca judeu pede que Deus não destrua Sodoma se ele achasse naquela cidade 50 homens justos, sendo que Deus concorda em não destruir a cidade pelo amor aos 50; logo em seguida Abraão pensa direito e reduz o número do pedido para 45, e Deus concorda em poupar a cidade por amor aos 45; a conversa continua e Abraão vai analisando a situação dos “homens” de Sodoma e pede para diminuir o número para 40, depois para 30, depois 20 e por último Abraão já tava pedindo para achar apenas 10 justos em Sodoma (para quem começou com 50...). Percebemos claramente Abraão realizando um julgamento dos habitantes de Sodoma, taxando-os de ímpios e pecadores; e Deus não o repreendeu por isso, pois sabia que esta era a verdade dos fatos.

E o que falar de Jeremias, quando ele diz em Jr 5:30,31: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis quando estas coisas chegarem ao seu fim?”. Que coisa! Jeremias rasgou mesmo a podridão que estava reinando em Israel! Ele simplesmente disse que os profetas eram mentirosos, que os sacerdotes (líderes religiosos) governavam de mãos dadas, ou seja, eles diziam mais ou menos assim em minha humilde conjectura: “vamos gastar os dízimos e as ofertas ao nosso favor; eu ponho seu filho como chefe de tal setor e você põe meu sobrinho como chefe do setor tal”; por fim Jeremias julga o povo dizendo que eles compactuavam com este cenário deplorável e corrupto.

É notório a todos os leitores atentos da Bíblia Sagrada que Deus mandava mesmo os profetas julgarem ao seu povo. Basta lermos, dentre inúmeras referências, textos como Ez 13 e Is 59:7,8.

O salmista orou da seguinte maneira: “Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos teus mandamentos” Salmo 119:66.

E no Novo Testamento é que vemos exemplos de homens de Deus julgando ao seu meio. Fico pensando o que estes pregadores atuais diriam de João Batista, ao ouvir o profeta chamar os judeus de raça de víboras (Mt 3:7; Lc 3:7).

E o que falar de Paulo? Quem conhece as suas cartas sabe que ele foi um dos maiores julgadores cristãos de toda a história. Lembremo-nos apenas das palavras do Apóstolo dos gentios em 1 Co 6:2-5: “Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida! Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja. Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?”. Palavras claras. Não posso esquecer de citar Gl 2:11-14, onde Paulo dá uma senhora censurada em Pedro, além de lhe dar uma básica doutrinação também. Ver ainda 1 Co 5:12. Ver também 1 Co 14:29, onde Paulo manda a igreja julgar as profecias.

O próprio Pedro em At 4:19 desafia os judeus para que os mesmos julgassem a questão religiosa entre eles e os seguidores de Cristo, tendo em mente que se eles realizassem um julgamento imparcial e bíblico seriam convencidos da messianidade de Jesus. Pedro mandou os judeus realizarem um julgamento.

E o que dizermos da conclusão de Tiago sobre o rito mosaico, onde o mesmo diz em At 15:19: “Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus”. Poxa vida, como é que pode, Tiago, um servo de Deus, realizando um julgamento. Com certeza ele também seria censurado por estes pregadores convencionais da atualidade.

E Jesus, o que ele nos mostrou sobre o julgar? Jesus nos ensinou que devemos sim julgar. Vejam bem o que Jesus disse e ficou registrado em Jo 7:24: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. Que interessante. O próprio Cristo nos manda julgar, mas julgar segundo a reta justiça. E o que seria essa reta justiça? Jesus responde em Jo 12:48: “Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia”. Vejam que Cristo não censura o ato de julgar, mas censura um julgamento injusto, apenas pela aparência, tendencioso, cego.

O julgamento deve ser realizado sob a ótica das Sagradas Escrituras, e todos, sem exceção, estão sob a jurisdição deste julgamento. É o que vemos em At 17:11, onde os crentes de Beréia sempre colocavam as palavras de Paulo e Silas sob o crivo das Escrituras, sendo que os mesmos foram elogiados por Paulo em virtude deste sublime ato. Vejam que o próprio Paulo, expoente maior da teologia cristã de todos os tempos, teve suas palavras julgadas sob o crivo da Palavra de Deus, imagine os “teólogos” de hoje em dia. Misericórdia!

Jesus em Lc 7:43 elogia Simão, pelo fato do mesmo ter realizado um julgamento correto. Ainda em Lc 12:57 Jesus desafia as multidões a julgarem por si mesmas o que é justo. Jesus ainda prometeu aos apóstolos que eles se assentariam sobre 12 tronos para julgarem as 12 tribos de Israel (Mt 19:28).

Por fim, em Ap 20:4a João diz: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar”.

Quanto aos textos de Mt 7:1-5; Lc 6:37,38; Rm 14:4,10 e 1 Co 11:31, se os mesmos forem analisados cuidadosamente, o leitor perceberá que não há nenhuma censura ao fato de julgar sob a ótica bíblica, mas sim ao fato de se julgar erroneamente, pela aparência, julgar com hipocrisia.

Em Mt 7:1 está escrito “NÃO julgueis, para que não sejais julgados”; oras, todos os leitores da Bíblia sabem que todos (crentes ou não) serão julgados por Deus (At 17:31; Rm 14:10; 1 Pe 4:17; Ap 20:13). Oras, pensar que se não executarmos nenhum juízo nesta terra contra ninguém nos livrará do julgamento de Deus é, no mínimo, uma inocência bíblica muito grande. O que Jesus censurou em Mt 7:1 foi a hipocrisia, é o que se aprende ao ler os versos seguintes, do 2 ao 5: “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”. Jesus censurou um julgamento proferido por alguém que está com o mesmo ou com outro pecado que o não permite a realizar o julgamento do irmão. No verso 2 Jesus apenas reforça a lei da semeadura de Gl 6:7, sendo que quem julgar injustamente, com certeza também será julgado injustamente pelos outros nesta vida. Todo este capítulo aqui exposto é reiterado em Lc 6:37,38; é a mesma coisa.

O caso de Rm 14:4,10 trata apenas do caso em que um irmão julga a outro (que está em pé) como se estivesse caído. Nada mais do que isso. Em 1 Co 11:31 Paulo apenas trata do julgamento que ele próprio estava proferindo contra os irmãos de Corinto, por causa das dissensões e mal celebração da Ceia do Senhor. Paulo disse que se eles houvessem se julgado, analisado as suas atitudes anteriormente, não estariam passando por este julgamento (repreensão) por parte do apóstolo, pois com certeza eles teriam percebido seus erros e teriam eles mesmos se corrigidos.

Que o Senhor abençoe a todos os seus, dando graça e sabedoria para melhor proveito do Reino dos Céus aqui na terra, e para honra e para glória do seu Eterno Nome. Amém.

Anchieta Campos

domingo, 18 de maio de 2008

Frase quase divina – 11

Selecionei para esta edição uma frase do americano Abraham Lincoln (1809-1865), presidente dos Estados Unidos da América de 1861 a 1865, ano em que fora assassinato ainda como presidente.

“O maior presente que Deus deu ao homem foi a Bíblia e a pureza das suas palavras” Abraham Lincoln.

Anchieta Campos

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A assembleiana Marina Silva pede demissão do Ministério do Meio Ambiente

Marina Silva, senadora pelo PT do estado do Acre, entregou nesta terça-feira (13/05) a sua carta de demissão do Ministério do Meio Ambiente, o qual liderava desde 1º de janeiro de 2003. O pedido foi feito em caráter irrevogável.

Marina deverá voltar para o Senado Federal, onde tinha o seu cargo ocupado pelo seu suplente, o senador Sibá Machado.

Para quem não sabe, Marina é evangélica da Assembléia de Deus. Ela se destacou em sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, recebendo reconhecimento nacional e internacional. Em 1996 nossa irmã em Cristo recebeu o Prêmio Goldmann de Meio Ambiente pela América Latina e Caribe, nos Estados Unidos. Ano passado Marina também recebeu o maior prêmio das Nações Unidas na área ambiental, o Champions of the Earth (Campeões da Terra), concedido a seis outras personalidades, dentre elas o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore; o príncipe Hassan Bin Talal, da Jordânia, além de Jacques Rogge, do Comitê Olímpico Internacional.

Analistas afirmam ser esta uma grande baixa para o governo Lula, onde já se fala em crise. Esforços no governo surgiram para tentá-la fazer mudar de idéia, mas todos em vão.

“Marina vinha entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos. Marina avaliou que não há apoio do presidente Lula. O principal motivo para o descontentamento de Marina eram as medidas de combate ao desmatamento, principalmente na Amazônia” (trechos da matéria publicada em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u401427.shtml).

Para saber mais, acessar a página http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL468032-5601,00.html.

Anchieta Campos

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Carta de John Wesley enviada a John Trembath

Hoje ao abrir minha caixa de e-mails me deparei com um envio do meu nobre amigo e irmão Vitor Hugo, editor do http://www.pericopecc.blogspot.com/, o qual sempre nos presenteia com belos e-mails.

O e-mail de hoje é uma verdadeira relíquia cristã, uma carta de John Wesley a John Trembath, que transcrevo na íntegra abaixo. Que ela possa nos ajudar nesta caminhada terrena.

"O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na pregação não se desenvolve.

Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso, mas não é profundo; há pouca variedade; não há seqüência de argumentos. Só a leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso. Você nunca poderá ser um pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no início é tedioso, será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore diariamente.


É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será, sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador.


17 de agosto de 1760"

Anchieta Campos

domingo, 11 de maio de 2008

Frase quase divina – 10

Décima edição do quadro, onde desta feita trago mais uma frase do memorável reformador Martinho Lutero (1483-1546), onde o mesmo dá uma definição brilhante do que é o amor.

“Os que amam profundamente jamais envelhecem; podem morrer de velhice, mas morrem jovens. O amor é a imagem de Deus, mas não uma imagem da vida. É, isto sim, a verdadeira essência de toda a natureza divina, que fulga em bondade” Martinho Lutero.

Anchieta Campos

Dia das mães

Hoje é o dia dedicado a homenagear as mães, e eu venho nesta oportunidade parabenizar a todas as mães do Brasil, especialmente as mães cristãs, que com certeza tem dado a devida educação aos seus filhos. Lembrando também que existem muitas mães “evangélicas” que não pegam nem uma “letra” para algumas mães não-cristãs. Esta é uma triste realidade.

Parabenizo também a minha mãe, que mesmo não sendo crente nem mesmo perfeita, é uma mãe a quem eu devo e amo muito.

“Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa” Ef 6:2.

“TODA mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos” Pv 14:1.

Anchieta Campos

E a profecia falhou

Recentemente me lembrei de um fato importante que tomei ciência ano passado com as minhas leituras e inquirições pela internet; trata-se da famosa profecia (profetada seria um termo melhor) da “pastora”, “apóstola”, ou como queiram falar, Valnice Milhomens, do Ministério Palavra da Fé, uma defensora da teologia da prosperidade e do G12. Como a Bíblia nos afirma que um abismo chama a outro (Sl 42:7), a referida “líder” profetizou que Jesus voltaria em um sábado de 2007; evidentemente que essa aberração teológica não se cumpriu.

A referida “pastora” foi frontalmente contra os ensinos de Mt 24:36, Mc 13:32 e At 1:6-7, que nos mostram de um modo claro que ninguém, absolutamente nenhum homem, sabe a data da volta de Cristo. Oras, se soubéssemos a tão importante data, não faria sentido as palavras do próprio Jesus em Mt 25:13 que diz: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir”.

Mas esta mania de marcar a volta de Jesus não é novidade, que o digam as Testemunhas de Jeová e os Adventistas. O fundador e pai do jeovismo, Charles T. Russell, marcou a data da volta de Cristo duas vezes, para 1914 e depois para 1915, obviamente, todas sem sucesso; para não ficar atrás de seu mestre, Joseph Franklin Rutherford continuou soltando ‘profecias’ sobre a data da volta de Cristo, remarcando as datas quatro vezes, para 1918, 1920, 1925 e 1942. Para completar as barbeiragens proféticas, o sucessor de Joseph F. Rutherford, Nathan H. Knorr, ainda teve o atrevimento de anunciar uma nova data, desta vez para o ano de 1975.

E o que falar dos adventistas? Eles não ficam atrás dos TJs quando o quesito é marcar datas para as voltas de Jesus. Basta apenas nos lembrarmos do fundador do movimento adventista, William Miller (1782-1849), que marcou a volta de Jesus para o ano de 1843. Com a falha da primeira “profecia”, Miller, alegando algumas falhas em seu primeiro cálculo escatológico, disse que a verdadeira data da volta de Jesus seria em 22 de outubro de 1844. Diante de tal fracasso, muitos que haviam abandonado suas igrejas para seguir a Miller retornaram para seu seio protestante, inclusive o próprio Miller, que admitiu ter se equivocado e voltou para a Igreja Batista. Mas tiveram alguns que não se conformaram com as decepções de 1843 e 1844, permanecendo com a idéia adventista em mente; é aí que surge a figura da tão conhecida Ellen Gould White (White de James White, um jovem pregador adventista, com quem se casou), que viria a dar seguimento as teorias e doutrinas de Miller. Infelizmente os White morreram e não viram a tão iminente volta de Cristo, que eles criam piamente que se daria na sua geração.

Por fim, como bem nos afirma a Palavra de Deus em Dt 18:20-22, não devemos dar crédito, nem muito menos temer a falsos profetas, decorrendo disso que não devemos também temer seus seguidores que compactuam com tais desvarios bíblicos.

Anchieta Campos

sexta-feira, 9 de maio de 2008

É pecado comer carne?

Um dos motivos para o surgimento de heresias e problemas para a Igreja Cristã é o de não saber realizar uma análise do Velho Testamento de acordo com o Novo Testamento (e não o contrário). É a Nova e Eterna Aliança (Mt 26:28; 2 Co 3:6; Hb 13:20) que tem que nos orientar para compreendermos bem o Velho Testamento; é o Novo Testamento que explica o Velho (Jo 3:14; Gl 3:15-29; 4:21-31; Cl 2:17; Hb 8:5-13; 9:1-12; 10:1). Quando ocorre uma inversão nesta sistemática, anula-se os ensinos para a Igreja Cristã, subordinando-os aos ensinos da Antiga Aliança para Israel, surgindo assim heresias e aberrações teológicas para a Igreja Neo-testamentária.

Um destes inúmeros pontos é a questão da carne. Afinal de contas, é pecado o crente em Jesus comer carne?

Não, não é pecado. A Bíblia, tanto no Velho Testamento, bem como (e principalmente) no Novo Testamento, nos ensina que não há mal algum (teologicamente falando) na ingestão de carne em nossa dieta. Tanto faz esta estar bem ou mal passada, com gordura ou sem gordura, ser de porco ou não, simplesmente é indiferente para o povo de Deus estas questões.

Nós percebemos, em pleno VT, na origem da raça humana nesta terra, que as primeiras palavras de Deus ao homem foram: “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi Gn 1:28-30. Mais na frente vemos as palavras de Deus a Noé, após o dilúvio, dizendo: “E ABENÇOOU Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra. E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues. Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde” Gn 9:1-3.

Percebemos, de pronto, que o plano e a vontade de Deus sempre foi a de que o homem dominasse a todos os animais e deles também se alimentasse. Frise-se que estas palavras de Deus eram em uma época em que não existia lei, vindo somente nesta a surgir algumas restrições para o povo Judeu (sendo que a lei era para os mesmos, cf. Gn 17:9,10 Êx 12:14; 29:42,43; 30:8; 31:13,16,17; Lv 23:21,31,41; Nm 18:23; Dt 4:1).

Destarte, nos próprios registros vero-testamentários vemos que o povo de Israel comia carne sim, e como comia carne (ver meu post A verdadeira Páscoa bíblica). O próprio Deus disse em Dt 12:15,20-22: “Porém, conforme a todo o desejo da tua alma, matarás e comerás carne, dentro das tuas portas, segundo a bênção do SENHOR teu Deus, que te dá em todas as tuas portas; o imundo e o limpo dela comerá, como do corço e do veado; Quando o SENHOR teu Deus dilatar os teus termos, como te disse, e disseres: Comerei carne; porquanto a tua alma tem desejo de comer carne; conforme a todo o desejo da tua alma, comerás carne. Se estiver longe de ti o lugar que o SENHOR teu Deus escolher, para ali pôr o seu nome, então matarás das tuas vacas e das tuas ovelhas, que o SENHOR te tiver dado, como te tenho ordenado; e comerás dentro das tuas portas, conforme a todo o desejo da tua alma. Porém, como se come o corço e o veado, assim comerás; o imundo e o limpo também comerão deles. Precisa falar mais alguma coisa?

Lembremo-nos ainda que a gordura era considerada a parte mais rica ou melhor, sendo oferecida integralmente ao Senhor (Lv 3:16); logo, não é pecado ao crente também comer da gordura, cf. Is 55:2 que diz "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura".

Percebemos que as proibições do VT não eram absolutas, nem mesmo para Israel, muito menos para a Igreja do Senhor. Elas queriam, em suma, ensinar a Israel sobre o seu papel de diferença e santidade em um mundo caído no pecado, idolatria e no paganismo.

No NT, a plenitude dos tempos, o cumprimento das sombras que proviam da lei, vemos que o ensino é categórico em relação ao assunto.

Seguindo a mesma linha de pensamento e espírito doutrinário do VT, o NT nos mostra, de um modo cabal e claro, que comer carne não foi, é, e nunca será pecado. O próprio Cristo nos mostra esta verdade, quando na parábola do filho pródigo, por ocasião do retorno deste ao lar paterno, o pai matou um novilho cevado para festejar o regresso do querido filho (Lc 15:23). Oras, se fosse pecado comer carne, Jesus nunca teria usado esta ilustração; Jesus sabia mais do que ninguém o que deveria ou não ser ensinado e incentivado. Jesus também nos ensina sobre a ingestão de carne em Jo 21:9-13, onde o Mestre, juntamente com alguns discípulos, jantaram peixe assado com pão. Em Lc 21:42,43, nós vemos novamente Jesus, após a ressurreição, comer peixe assado.

E o que Paulo disse sobre o assunto? Oras, a opinião de um judeu tão zeloso como era o Apóstolo dos gentios com certeza tem peso neste assunto, até pelo fato de todos sabermos que o mesmo fora usado grandiosamente por Deus para doutrinar a igreja do Senhor.

Vejamos neste contexto as palavras de Paulo em 1 Co 10:25-32: Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude. Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem? E, se eu com graça participo, por que sou blasfemado naquilo por que dou graças? Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Aprendemos aqui que podemos sim comer de tudo, e isto não é, em hipótese alguma, pecado. Veja que a recomendação de Paulo é de não escandalizarmos os irmãos (judeus conversos ao cristianismo), e não que a carne seja pecado para a Igreja. É uma questão de opção e comodidade para com os que compreendem bem a fé cristã.

Vejamos ainda o texto de Rm 14:1-3,5,6,13-15,20,21: “ORA, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o SENHOR não come, e dá graças a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça”. O texto é claro e completo sobre o tema, não cabendo nem sequer uma hermenêutica sobre o mesmo.

Não posso esquecer de citar Tt 1:15 que diz: Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados”. Que duras palavras! Creio que mais duras ainda são as palavras em 1 Tm 4:1-4 que diz: “MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças; é isso mesmo, proibir a ingestão de alimentos é mentira e doutrina de demônios, sendo que o próprio texto afirma que Deus criou os alimentos para os fiéis. Portanto, como diz o matuto, comer é uma invenção de Deus.

Portanto, como bem afirmou Paulo em Cl 2:16, ninguém pode ser julgado pelo seu comer.

Por fim, cabe a citação do tão conhecido texto de At 10:9-16 que diz: “E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se ao céu”.

Cabe mais alguma explicação? Ainda restam dúvidas?

Anchieta Campos

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Frase quase divina – 09

Por motivos extraordinários, o quadro "Frase quase divina" não fora publicado ontem, que é o seu dia natural, sendo publicado, excepcionalmente, hoje, segunda-feira.

Desta feita trago uma frase do reformador boêmio John Huss (1370-1415), na ocasião em que era queimado vivo pela inquisição da Igreja Católica Romana, julgado como herege pelos mesmos; para variar não!?

“Vocês hoje queimam o ganso [Huss, na língua boêmia, significa ganso], mas daqui há cem anos Deus levantará um cisne o qual não podereis queimar” [grifo nosso] John Huss.

Detalhe: esta profecia se cumpriu com Lutero (o cisne) 102 anos depois, quando em 1517 ele iniciou oficialmente a Reforma Protestante.

Quando Deus quer operar não quem impeça. Aleluia!

Anchieta Campos

sábado, 3 de maio de 2008

A síndrome da calça feminina

Primeiramente gostaria de afirmar que sou um ativo defensor da manutenção de nossos usos e costumes, de uma identidade diferente da do mundo (interna que se exterioriza). Nós, os assembleianos, somos reconhecidos até mesmo pelos ímpios no que tange a nossa diferença e destaque que temos perante a sociedade e demais evangélicos. Sou, portanto, um defensor dos nossos sadios e não heréticos costumes, claro que observados os padrões bíblicos de moderação e liberalidade no serviço cristão. Destaque-se também, como é de pleno conhecimento de todos os que estudam as Sagradas Escrituras, que os costumes não salvam ninguém, sendo todos igualmente salvos, tanto assembleianos, batistas, presbiterianos, luteranos, metodistas.

Agora, sinceramente, vejo um preconceito muito grande por parte de muitos irmãos e irmãs de nossa denominação quanto às roupas. Simplesmente julgam, julgam, julgam e julgam, principalmente as irmãs que não estão conforme o nosso padrão. Realiza-se uma análise apenas externa (realmente esta tem que existir), mas se esquecem de observar alguns fatores que podem ter implicado para que determinada irmã não estivesse vestida conforme a nossa santa e pura tradição.

Recentemente duas irmãs se converteram em nossa igreja, ambas estão hoje com um mês de evangelho; ocorre que fora realizado um batismo em águas no último dia 1 (feriado nacional) em uma cidade vizinha a Pau dos Ferros, onde na ocasião foram batizados 26 novos convertidos, inclusive essas duas irmãs. A noite houve um culto de Santa Ceia na referida cidade, e uma dessas novas convertidas fora participar do mesmo, juntamente com a minha pessoa e outros irmãos de Pau dos Ferros. Pois bem, o culto foi uma bênção, todos cearam, inclusive a nova convertida e recém batizada. Até aí tudo as mil maravilhas. Termina o culto e vem um pastor de uma cidade também vizinha a Pau dos Ferros (que tem a minha admiração, inclusive ele é bacharel em Teologia), fala comigo, com outra irmã que estava conosco e com outro irmão, nos saudando com a paz do Senhor, e por fim se dirige a nova convertida que também estava conosco e que estava vestindo uma calça (detalhando que ela vestia uma blusa bem decente, sem decote e com manga até o cotovelo, tipo um belo terno feminino, além de não fazer uso de adereços e joiás) e lhe saúda com um “Deus lhe abençoe”. Pronto, era o que faltava. Ela era (e ainda é) uma crente em Jesus, e com a fé que o novo convertido tem (que nós sabemos ser invejada por muitos velhos na fé), mas por causa de uma calça que estava vestindo foi julgada como incrédula.

Ainda temos muito, muito o que evoluir. A irmã é nova convertida, o pastor de Pau dos Ferros concordou com o batismo e deu o testemunho dela, e reconheceu a situação das novas convertidas, que ainda não tiveram tempo nem condições de trocarem suas roupas. Isso é uma questão de bom senso, além de amor e compreensão cristã. Temos que orientar sim, mas deixar que a Palavra e o Espírito Santo façam a mudança gradual que existe em todos os neófitos. Não devemos pregar os usos e costumes, mas a própria igreja tem que ser o exemplo vivo dos usos e costumes. Assim com certeza a adaptação será mais verdadeira e proveitosa.

Deixo aqui registrado o meu protesto.

“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” Filipenses 1:6.

Anchieta Campos