sábado, 26 de setembro de 2009

Blog do Anchieta: 02 anos marcantes



“Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele” Sl 118:24.

Há exatamente dois anos atrás, depois de muito e muito pensar, criei coragem e dei início a este ministério. A postagem onde publiquei a minha Declaração de Fé marcou o início de uma obra que viria a mudar significativamente a minha vida.

O Blog do Anchieta é representado nestes dois anos por 282 publicações, o que dá uma média de uma postagem a cada dois dias e meio. São artigos que tratam dos mais variados temas bíblicos e teológicos, sempre com o filtro da relevância para a cristandade.

Nestes dois anos sempre busquei escrever com uma mente e coração cativos com a Palavra de Deus. Aprendi (corretamente) que a Bíblia Sagrada deve reinar absoluta na vida de uma pessoa que se propõe a seguir a Cristo. Quem se dispõe a abraçar este vital ministério, que é o de escrever sobre a Palavra de Deus, deve ter a plena consciência da responsabilidade que pesa sobre os seus ombros, pois está a tratar do que há de mais precioso na vida de qualquer ser humano, que é a sua relação com Deus. Deve, portanto, o escritor cristão sempre priorizar agradar a Deus ao invés de agradar ao homem.

Nunca imaginei que o tímido e pequeno projeto de dois anos atrás fosse ganhar a repercussão que ganhou. A internet é, verdadeiramente, um poderoso meio de comunicação. Cada vez mais comentários surgiam, dos mais diversos estados do Brasil; cada vez mais a rede de escritores cristãos amigos ia crescendo. Nestes dois anos tive o prazer de conhecer e interagir com sábios irmãos, tanto pentecostais como calvinistas, diáconos, presbíteros, pastores, professores de Escola Dominical, além de escritores renomados da CPAD. Ser citado e referenciado por nomes de destaque da literatura evangélica nacional é algo notavelmente gratificante. Enfim, este trabalho chegou onde nunca imaginei que poderia chegar, sendo o que hoje é pela infinita graça e misericórdia de Deus, O qual merece toda a honra e toda a glória pelos frutos deste trabalho.

Frutos? Sim, frutos! Gozo maior que ser reconhecido por pessoas gabaritadas era o de receber palavras de pessoas simples, crentes sem destaque algum, que gratificados vinham externar, voluntariamente, que tiveram algo acrescentado em suas vidas através dos escritos deste blog. Foi a partir daí que tive uma noção mais real da nossa responsabilidade como blogueiros evangélicos. Por mais que pensamos que não, somos sim vistos, somos sim lidos, somos sim formadores de opinião, e formadores de opinião de pessoas humildes, que querem verdadeiramente servir de um modo melhor a Deus, as quais merecem sim serem bem orientadas.

Mas nem tudo são flores. Oposições vieram, e eram até esperadas. Eu já sabia que a sã doutrina e a verdade bíblica incomodam as seitas e os propagadores de heresias, mas nunca imaginei que determinadas pessoas fossem ser incomodadas pelos meus escritos. Receber oposição da pessoa que, ao menos teoricamente, deveria me dar mais apoio, é algo que nunca esperei passar.

O trabalho continua. Rogo a Deus que sempre me mantenha fiel a sua Palavra, me dando sabedoria para que possa ser um fidedigno defensor e divulgador do Evangelho da Salvação. Que eu nunca venha a me corromper pelas seduções deste mundo, para que assim quando eu escrever seja sempre uma representação da boa e agradável vontade de Deus, a qual já se encontra eternizada e suficientemente posta em sua Palavra. Amém.

Com gratidão,

Anchieta Campos

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Como surgem as heresias

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias Gl 5:19,20.

Como já defini em outro artigo neste blog, a palavra grega para heresia é hairesis, que significa “escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola, etc.”, mas que com o passar do tempo adquiriu um sentido pejorativo, ainda no Novo Testamento (1 Co 11:19; Gl 5:20; 1 Pe 1:1-2), passando a expressar a idéia de “introduzir ensinos cismáticos na congregação sem qualquer respaldo na Palavra de Deus”.

As heresias representam um dos principais males que atingem a igreja evangélica atual. O meio protestante, que se iniciou justamente através da luta contra os ensinos sem respaldo bíblico, hoje se vê afogado nos mais diversos modismos e heresias destes tempos trabalhosos, onde são muitas as denominações que fogem dos princípios bíblicos, e poucas, que mesmo com suas falhas, ainda mantém um considerável respeito à ortodoxia bíblica. Do mesmo modo são muitos os super-pregadores e ídolos do mundo gospel-music que propagam heresias e mais heresias, que na sua grande maioria passam despercebidas pela grande massa evangélica.

Trata-se, com efeito, de um erro não simples e tolerável, mas, como bem frisou o apóstolo Paulo, de uma das infelizes e destruidoras obras da carne, a qual jamais poderá ser esquecida e tolerada por aqueles que verdadeiramente amam a Palavra de Deus.

Mas, como surgem as heresias? Quais os motivos que as fazem nascer? O que se passa na cabeça de uma pessoa que adere e ensina uma heresia? Como sempre, a Bíblia com a resposta.

Interesses pessoais

“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples” Rm 16:17,18.

Há um paralelo cristão bem conhecido: o homem com seus prazeres e interesses desta vida (dinheiro, poder, status, prazeres da carne, etc.), e o homem com Jesus e fitado na salvação eterna da alma. Não há como estar nos dois pólos. Ou se é um homem carnal/secular, ou um homem espiritual. E um dos motivos para que as heresias surjam é exatamente este. Como bem disse Paulo, existem homens que por interesses pessoais e terrenos (“ao seu ventre”) acabam enganando seus próximos e deturpando a doutrina bíblica, servindo aos seus próprios interesses escusos.

Os tais não servem a Cristo, não são espirituais, mas servem a si mesmos, aos seus interesses materiais e ilícitos, mesmo que para isso tenham que promover escândalos contra a doutrina bíblica (i.e., disseminar ensinos contrários a ortodoxia reconhecida pela comunidade verdadeiramente cristã). Tal rebelião contra a sã doutrina é, por sua natureza e definição bíblica, voluntária e consciente, a qual vem contrariar na prática os ensinos de termos um cuidado verdadeiro uns para com os outros, principalmente para com os mais necessitados (cf. Rm 15:26,27; 1 Co 12:25,26 e Gl 2:10), e de não fraudar a Palavra e os símplices por causa de interesses pessoais.

Ganância/Avareza

“Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância Tt 1:11 (cf. 1 Pe 5:2).

“E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” 2 Pe 2:1-3 (cf. Lc 12:15; 1 Ts 2:5; Hb 13:5).

Ganância, segundo a Wikipédia, “é um sentimento humano negativo que se caracteriza pela vontade de possuir somente para si próprio tudo o que existe. É um egoísmo excessivo direcionado principalmente à riqueza material, nos dias de hoje pelo dinheiro. Contudo é associada também a outras formas de poder, tal qual influencia às pessoas de tal maneira que seus praticantes chegam ao cúmulo de corromper terceiros e se deixar corromper, manipular e enganar chegando ao extremo de tirar a vida de seus desafetos”.

A avareza, do grego pleonexia, significa a sede de se possuir mais. Essa palavra grega também é costumeiramente traduzida por ganância.

Esse sentimento nada cristão, representado por estas duas palavras, é mais um dos motivos que levam ao surgimento de falsos ensinos, e que também foi desqualificado e censurado pelo apóstolo Paulo (cf. 1 Tm 6:7-10). Na verdade é um sentimento que é englobado pelo grupo/gênero dos interesses pessoais.

É realmente comum vermos nas igrejas da atualidade pregadores e líderes que deturpam a simplicidade e pureza da Palavra, onde, movidos pela mais definida avareza/ganância, realizam sermões em que defendem suas comodidades e interesses pessoais, mesmo que para isso venham a blasfemar o caminho da verdade (deturpar a Palavra, i.e., propagar heresias) e fazer negócio pessoal através dos membros.

O pior é que, como bem a Palavra já predisse, uma grande porção dos que se dizem cristãos estão seguindo tais falsos profetas, dando crédito as suas heresias, rejeitando assim a Palavra de Deus.

Tal rebelião é também, por sua natureza e definição bíblica, voluntária e consciente, a qual também vem a contrariar os ensinos anteriormente elencados.

Falta de maturidade doutrinária

“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” Ef 4:14 (cf. At 17:11; Ap 2:2).

Notadamente um cristão que tem um conhecimento teológico mais apurado, e assim uma conseqüente estabilidade doutrinária, estará mais protegido de todo vento de doutrina que possa surgir através dos homens astutos que espalham o engodo. Uma igreja madura doutrinariamente nunca irá abraçar uma heresia, mesmo que exista quem a espalhe; e em não havendo aceitação de determinado ensino herético, o mesmo tende a ser extinto, ou ao menos se perder da memória do povo.

Tal rebelião não vem a ser estritamente voluntária e consciente, mas deve-se destacar que é responsabilidade do cristão buscar conhecimento na Palavra de Deus.

Afirmar o que não se entende
“Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam” 1 Tm 1:6,7 (cf. 1 Tm 6:4).

Ao se querer entender algo sem estar preparado para tanto, e conseqüentemente querer ensinar algo que não se tem um domínio pleno da matéria, resulta, por conseqüência lógica, em desvios doutrinários.

Tal mutação bíblica não é voluntária e consciente em sua essência, ou seja, não há dolo em quem a pratica, mas sim culpa, pois resulta de uma abordagem e explanação realizada sem propriedade do tema, movida pela arrogância de quem quis ser algo além de sua real capacidade. Não deixa, evidentemente, de ser um fato reprovado por Deus.

Conclusão

As heresias podem surgir das mais diversas formas; estas aqui expostas são apenas as principais, as quais acabam tendo uma relação bem abrangente com quase todas as heresias da cristandade.

Pelo exposto aufere-se que as heresias, para surgirem e ganharem força, dependem tanto da negligência da liderança, bem como da imperícia da grande massa dos membros. É patente que a responsabilidade dos líderes é bem maior e mais decisiva para se evitar o nascimento e difusão de heresias, mas uma igreja bem preparada biblicamente pode fugir da regra de que a mesma é o reflexo de sua liderança (mesmo sabendo que isso é bem raro).

Não existe outro remédio a não ser disseminar cada vez mais uma cultura teológica no meio evangélico, tanto de capacitação dos líderes como dos liderados. Todo o corpo eclesiástico precisa estar bem teologicamente para se evitar a alimentação das heresias no meio reformado.

Com essa qualificação, mesmo com a presença dos corrompidos de coração e mente, os quais tentarão distorcer a Palavra em proveito próprio, teremos a tranqüilidade em saber que a sã doutrina sempre será vencedora. Amém.

“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” 2 Co 11:3.

Em Cristo,

Anchieta Campos

sábado, 19 de setembro de 2009

Jesus: o único caminho de volta para Deus


“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” Jo 14:6.

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” At 4:12
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Solus Christus
Anchieta Campos

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tradições assembleianas que devem acabar

Transcrevo abaixo um artigo do nobre teólogo e irmão em Cristo, Gutierres Siqueira, editor do blog Teologia Pentecostal. Referido artigo expõe algumas tradições que contemplamos principalmente nas Assembléias de Deus do nosso Brasil, as quais carecem totalmente de respaldo bíblico.

Como estava pensando em fazer uma publicação com abordagem semelhante, deliberei por honrar meu nobre amigo Gutierres e sua produção, transcrevendo na íntegra suas palavras.

Hora de revisar as tradições

Há muitas tradições nas Assembléias de Deus que já passaram de hora para acabar.

Qual a funcionalidade daquele monte de homens engravatados sentados em uma plataforma? Pergunto isso, pois muitas vezes presenciei cenas desagradáveis, como visitantes e idosos de pé, enquanto os “engravatados” esticavam as pernas em cima da plataforma. Quantas vezes enquanto o pastor prega, os cooperadores e diáconos conversam, assim chamando à atenção de todos?

Por que pastores precisam ter a cadeira mais bonita da plataforma? Os pastores são uma categoria especial de pessoas? O líder cristão primeiramente não tem que servir? O serviçal terá a cadeira de um rei? Aliás, já vi em uma igreja vagas no estacionamento separadas exclusivamente para os pastores. Meu Deus! Que segregação é essa?

Por qual motivo homens e mulheres sentam em bancos separados? Por acaso os irmãos são tão perigosos que podem atacar as irmãs durante o culto? Que malícia é essa? Por que um casal tem que passar duas horas separados um do outro? Será que ninguém pensa nas mulheres com crianças? Elas precisam da ajuda do esposo para cuidar do pentelho. Ou não?

Por que alguém nas Assembléias de Deus para ser ordenado pastor precisa passar pelas escalas de cooperador, diácono, presbítero e evangelista? Será que a vocação pastoral é o último estágio de alguém que apresenta todas as vocações possíveis? Será que alguém que tem um chamado pastoral terá necessariamente um chamado para evangelista? Que escala é essa? Parece mais um plano de carreira, mas sem sustentação bíblica para a sua justificativa.

Ora, são essas algumas das inúmeras tradições ultrapassadas, que mais atrapalham do que ajudam e ainda por cima saem muitas vezes acima das Escrituras. Colocar uma tradição acima da Bíblia é um pecado eclesiástico gravíssimo!”
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Gutierres Siqueira tem 20 anos, é bacharelando em Comunicação Social/Jornalismo, bem como é professor de Escola Dominical na Assembléia de Deus em São Paulo-SP, Congregação do Jardim das Pedras.

Em Cristo,

Anchieta Campos

sábado, 5 de setembro de 2009

Dízimo, graça e maldição

É comum vermos em nosso meio frases do tipo: “Irmão, se você não der o dízimo você vai ser amaldiçoado!”, “Se quiser ser abençoado e repreender o devorador, dê o dízimo!”, e alguns vão mais além e colocam o dízimo como um fator indispensável para a salvação. Mas, afinal de contas, qual a posição do dízimo para a Igreja do Senhor Jesus? É ele um meio objetivo de se conseguir as bênçãos de Deus? A sua não observância resulta em maldição para o cristão? O que a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, ensina a respeito do dízimo? Vamos procurar de forma sucinta e objetiva responder a estas perguntas.

O dízimo é uma obrigação para a Igreja?

Não, o dízimo não é uma obrigação para o cristão. Diferentemente da Antiga Aliança, onde fora determinado que Israel entregasse o dízimo (Lv 27:30-32; Nm 18:21-28; Dt 12:6,11,17; 14:22; Ml 3:10), não vemos no Novo Testamento nenhum ensino em relação ao dízimo com o mesmo tom imperativo da Antiga Aliança.

A passagem de Mt 23:23 (cf. Lc 11:42) é destinada aos judeus, e não aos cristãos. Já em relação ao dízimo de Abraão (Hb 7:2-9), tem-se que o mesmo, bem como o de Jacó, não passaram de atos de gratidão meramente voluntários (Gn 14:20; 28:20-22), sem nenhuma imposição escrita da parte de Deus, haja vista estas ofertas terem sido realizadas bem antes da instituição da lei.

Simplesmente não vemos em todo o Novo Testamento nenhum registro do exercício do dízimo na Igreja! Vemos que toda e qualquer espécie de contribuição financeira era realizada sob os moldes da voluntariedade (2 Co 8:3,11,12; 9:1,2,7) e da proporcionalidade das rendas de cada um (1 Co 16:2; 2 Co 8:12), mas nunca sob o crivo matemático dos 10%. Lembremo-nos do clássico caso de Ananias e Safira (At 5:1-10), onde percebemos no versículo 4 que Ananias detinha o total poder sobre o preço da herdade, não se reservando a décima parte para oferta. Ele poderia dar algum valor em oferta ou não; poderia dar a metade (Lc 19:8), tudo (Lc 21:2-4), uma terça parte, ou poderia, como bem disse Pedro, não dar nada.

É claro que nós, como cristãos, temos a responsabilidade bíblica de contribuir financeiramente para diversos fins. Valiosa é a observação do memorável teólogo Donald C. Stamps, em sua Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), no estudo “Dízimos e Ofertas”:

“Nossas contribuições devem ser para a promoção do reino de Deus, especialmente para a obra da igreja local e a disseminação do evangelho pelo mundo (1 Co 9.4-14; Fp 4.15-18; 1Tm 5.17,18), para ajudar aos necessitados (Pv 19.17; Gl 2.10; 2 Co 8.14; 9.2), para acumular tesouros no céu (Mt 6.20; Lc 6.32-35) e para aprender a temer ao Senhor (Dt 14.22,23)”.

Destaque-se que o próprio Stamps, no citado estudo, em nenhum momento afirma que o dízimo é uma prática obrigatória para a Igreja. E olha que estamos falando de uma das obras teológicas mais clássicas e difundidas do meio assembleiano, notavelmente respeitada em nosso meio.

A prática de dizimar garante a bênção de Deus?
Não, o mero ato do crente dizimar não garante, em hipótese alguma, as bênçãos de Deus sobre sua vida. Até mesmo na Antiga Aliança, onde os judeus tinham a promessa de Deus da bênção em decorrência do dízimo (Ml 3:10-12), podemos contemplar exortações como as constantes em Am 4:1-12, onde percebemos que o dízimo não era fator objetivo da proteção divina contra o justo juízo do próprio Deus. Como bem observou Donald Stamps, na já citada Bíblia de Estudo Pentecostal: “De nada valiam, pois, seus sacrifícios e dízimos”.

Semelhantemente de nada aproveitou, para a justificação perante Deus, os dízimos que o fariseu dava (Lc 18:9-14).

Lembremo-nos que não estamos, em hipótese alguma, em condições de barganhar com Deus as suas bênçãos (Mc 8:37; At 8:17-20; Rm 4:4).

Quem não observa o dízimo está sob maldição divina?

Outra vez, não. Como já exposto acima, o dízimo não é uma obrigação para o cristão, e em não sendo uma obrigação, tem-se por lógico que não há maldição para o cristão que não entrega o dízimo.

Conclusão

Podemos concluir que a prática de dizimar em si não detém valor fundamental na sistemática cristã, sendo a sua prática ou não mero fator secundário, coberto pela liberalidade da graça (cf. 2 Co 9:13). Quem pratica o dízimo com voluntariedade e alegria, com o intuito de ajudar a obra do Senhor, com certeza faz algo que agrada a Deus. Igualmente o cristão que contribui de modo racional com ofertas não delimitadas a 10%, seja para a manutenção da igreja local, de obras missionárias, ou até mesmo para ajudar aos pobres e necessitados, com certeza também estará agradando a Deus.

Lembremos, por fim, que as ofertas e dízimos devem ser para cobrir as necessidades de quem faz jus (cf. At 4:34,35; Rm 12:13; 2 Co 9:12; Ef 4:28; Fl 2:25), e nunca para enricar ninguém, seja pastor ou irmão em Cristo. O cristão é responsável pelo modo como “gasta” seu dinheiro (cf. Is 55:2), devendo fazer justiça sempre, até mesmo na hora de contribuir financeiramente para o Reino. Destinar ofertas e/ou dízimos para uma igreja mais necessitada não é errado, sendo inclusive bíblica tal prática (cf. Rm 15:26; 1 Co 16:1-3). Enfim: há muitas maneiras sadias de se contribuir financeiramente para a promoção do Reino de Deus.

Com amor,

Anchieta Campos