Este é, sem dúvida, juntamente com a Predestinação, um dos maiores temas em discussão no meio protestante em todo o mundo. Mas como pode em um segmento cristão que diz ter como a única fonte de doutrina e ensino a Bíblia Sagrada, existirem dissensões teológicas de uma tão grande diferença de norteamento? Realmente não podemos negar essa divergência doutrinária, tanto é que o protestantismo é divido nas classificações literárias em dois grandes ramos, que são: o protestantismo histórico ou tradicional (composto majoritariamente pelas igrejas Luterana, Presbiteriana, Batista e Metodista) e o protestantismo pentecostal, o maior e o que mais cresce (composto principalmente pela Assembléia de Deus, Deus é Amor e Evangelho Quadrangular). Importante salientar que existem algumas igrejas Presbiterianas, Batistas e Metodistas com características pentecostais e que são partidárias das mesmas doutrinas defendidas pelos pentecostais clássicos. Vale destacar também que essa discórdia doutrinária não sustenta a tão pretendida ‘unidade católica’, pois a mesma é mais esfacelada que o seio evangélico bíblico, com inúmeras ‘ordens’ religiosas, cada uma com suas próprias doutrinas, que em muitos casos divergem muito mais do que os pensamentos protestantes, mas essa abordagem não vem ao caso.
A resposta mais forte dentre muitas outras, para esses dois pontos de divergência (contemporaneidade dos dons e predestinação) entre os pentecostais e os tradicionais, é, sem dúvida nenhuma, o Inimigo de nossas almas. Indiscutivelmente Satanás sempre tentou e continua tentando destruir a Igreja do Senhor Jesus, procurando de todas as maneiras impedir que o cristianismo se desenvolva, e o mais importante, impedir que se desenvolva de uma maneira sadia e bíblica, pois o mesmo “não veio senão para matar, roubar e destruir” (João 10:10).
A Bíblia e a História são as maiores testemunhas da influência maligna no seio da Igreja Cristã. O relato bíblico da traição do apóstolo Judas, as inúmeras discussões entre judeus convertidos a Cristo e os gentios cristãos e as inúmeras cartas dos apóstolos para corrigir e defender a fé (muitas canônicas e outras que se perderam no tempo), são alguns exemplos sagrados. Fora da Bíblia encontramos a defasagem da maior Igreja Cristã da Era Apostólica, a Igreja de Roma, que no início fora elogiada pelo apóstolo Paulo em sua carta dirigida à mesma, mas que posteriormente veio a se tornar a ‘Grande Prostituta’ que se conhece hoje, como fora perfeitamente profetizado pelo apóstolo João no capítulo 17 do livro de Apocalipse. Na atual época vemos o Inimigo tentar desequilibrar o meio pentecostal com o surgimento da tão falada Teologia da Prosperidade (que anda de braços dados com a Doutrina da Determinação), que findou estabelecendo um novo segmento religioso cristão, o neo-pentecostalismo, que, diga-se de passagem, não tem nenhuma ligação com o pentecostalismo original. Surgiu também recentemente outra heresia, essa denominada de G-12, introduzindo no seio da Igreja muitas doutrinas heréticas, que não vem ao caso de serem abordadas; além das inúmeras outras seitas mais velhinhas e populares, como os Testemunhas de Jeová, Adventistas do 7º Dia, Mórmons e outros.
Na época da tão abençoada Reforma Protestante não seria diferente. O Inimigo não iria permitir que Deus fizesse essa obra tão maravilhosa no meio do seu povo sem deixar a sua tão indesejada marca. Não podemos esquecer dos “cinco gritos” que viriam a se tornar o lema da Reforma: Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus e Soli Deo Gloria, lema esse que a Assembléia de Deus e as demais igrejas pentecostais reconhecem como guia de doutrina, pois estão sustentados nas Sagradas Escrituras, o que torna o movimento pentecostal pertencente a conceituação de Igrejas Protestantes. Também reconhecemos o uso por parte de Deus sobre homens como Lutero, Calvino, Knox, Wesley e outros, além de seus antecessores, como Wycliff e Huss, sendo que este último PROFETIZOU a vinda de Lutero um século antes, quando estava sendo queimado na ‘fogueira santa’ da inquisição romana, e isto se deu no século XV e não no primeiro século da era cristã!
Agora porque esses homens foram usados por Deus para tirar o seu povo das garras da Igreja Católica, não torna cabível colocarmos todas as suas palavras e concepções teológicas ao nível de infalíveis, no que estaríamos incorrendo no mesmo erro da igreja romana atual, ao colocar a ‘sagrada tradição oral’ no mesmo nível do das Sagradas Escrituras. Nós, os pentecostais, não colocamos as palavras e ensinos de Daniel Berg e Gunnan Vingren como sagrados e infalíveis, até por que eles também eram homens, e podiam falhar, mas se alguns dos seus ensinos são sustentados pelas Escrituras e não entram em contradição com a mesma, passamos a sugerir os seus escritos para leitura e meditação, mas nunca iremos procurar fazer arrudeios exegéticos e teológicos para tentar provar como verdadeiro um pensamento herético de algum dos dois, e de nenhuma outra pessoa. As denominações que assim procedem passam a ser meramente instituições religiosas, além de entrar em um dos muitos erros que a igreja em Corinto estava, aonde alguns se diziam seguidores Paulo, outros de Pedro, Apolo e tinha os da turma de Cristo. Ora, não somos seguidores de homens, mas sim seguidores da Bíblia, seguidores do Cristo Bíblico, por isso pertencemos a uma religião cristã, e não a uma religião calvinista ou luterana. Nunca podemos esquecer o maior de todos os lemas da Reforma, o da Sola Scriptura. As palavras de grandes homens da nossa fé têm que se amoldar com ela (Bíblia), e não as Escrituras se amoldarem com as palavras desses grandes homens reformadores!
Sei que os amados irmãos tradicionais não chegam ao ponto de colocar os escritos dos amados reformadores ao ponto de infalíveis e sagradas, mas chegam próximo, muito próximo disso.
Adentrando no tema em que trata este estudo, a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, devemos procurar as respostas para essa tão grande divisão nas Sagradas Escrituras, e nelas somente.
Conceituação do cessacionismo
O “cessacionismo” é definido como a tese de que alguns dons (e seus correspondentes ministérios) descritos no Novo Testamento são ordinários e perpétuos, enquanto outros eram extraordinários e foram paulatinamente desaparecendo da vida da igreja a partir do fim da era apostólica, por ocasião em que o cânon bíblico fora selado.
DONS ORDINÁRIOS:
1. Pastores e mestres
2. Presbíteros (dom de dirigir e governo)
3. Diáconos (dom de serviço, distribuição, misericórdia)
DONS EXTRAORDINÁRIOS:
1. Apóstolos
2. Profetas (palavra de sabedoria; de conhecimento)
3. Evangelistas
4. Discernimento de espíritos
5. Línguas
6. Interpretação de línguas
7. Operadores de milagres; curas (“fé” inclusive(?))
Conceituação do pentecostalismo
Os pentecostais crêem que o Espírito Santo continua a agir nos dias atuais como em Pentecostes (Atos 2) e registrado no Novo Testamento. Distribuindo livremente os dons espirituais entre os crentes em Jesus para edificação espiritual do corpo da Igreja, como aprouver a Deus.
Fragilidade bíblica dos cessacionistas
Em primeiro lugar devemos expor a fragilidade dos textos bíblicos por parte dos cessacionistas, simplesmente eles não encontram um versículo só que demonstre de forma clara que alguns dons cessariam após a conclusão do cânon bíblico. Em nenhuma parte da Bíblia se encontra alusão ao fim de dons aqui na Terra ou que parte deles cessariam e outros continuariam.
O verso que mais se aproxima dessa idéia cessacionista é 1 Co 13:8, verso que diz: “O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá”. Mas o uso deste verso é de uma fragilidade tal, que os próprios defensores da cessação admitem que o verso não se refere a um período aqui na Terra, após o fechamento do cânon bíblico, pois o contexto do capítulo 13 deixa mais do que claro que esses dons cessarão na glória, lá no céu, quando estaremos para sempre com o Senhor e os salvos. Não haveria sentido a necessidade dos dons espirituais no céu, pois eles servem para a edificação da Igreja aqui na Terra (1 Co 14:12), lá na glória não haverá necessidade de edificação, pois seremos transformados e a nossa natureza pecaminosa será exterminada para sempre, além do que, já estaremos salvos mesmo. Veja o comentário de um autor cessacionista sobre o verso 8 de 1 coríntios:
(1. Alguns cessacionistas, em busca de um argumento conclusivo e definitivo contra o contemporanismo de línguas e profecia, têm tentado identificar “o perfeito” com o encerramento do cânon do NT. De qualquer forma, os melhores exegetas cessacionistas admitem que esta interpretação não pode ser exegeticamente sustentada.
2. A chegada do “perfeito” (v. 10) pode coincidir com a vinda de Cristo, porque é somente aí que conheceremos como somos conhecidos (v. 12)).
O texto pode ser encontrado em http://www.monergismo.com/textos/dons_espirituais/profecia_linguas_lee_irons.htm.
Como se pode perceber, os próprios defensores da cessação admitem que não se possa usar o verso 8 de 1 coríntios para defender a cessação dos dons, e eu diria sem sombra de dúvidas que esse verso cai como uma luva para os contemporânistas, pois se as línguas, profecias e a ciência só se cessarão na glória, é porque esses dons ainda estarão disponíveis aqui na Terra. Não há outra exegese cabível para tal verso!
Um outro verso que os cessacionistas usam para sustentar o fim das línguas e profecias é Ap 22:18-19, que diz: “Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão descritas neste livro”. Pura distorção hermenêutica. Esses versos mostram a finalização do cânon bíblico, revelam a proibição de se acrescentar ou retirar qualquer parte do texto sagrado, podendo-se claramente abranger esta ordem desde Gênesis até o Apocalipse. Revela também que não se pode acrescentar outra literatura, mesmo que ateste ser inspirada (o Livro Mórmon, os livros de Ellen White, etc.), como o apóstolo Paulo advertiu em Gálatas 1:8-9. O texto não proíbe futuras profecias e revelações, mas deixa claro que se alguma profecia ou revelação for contrária a Bíblia (que já se encontra fechada para adições), revelando algo que irá contradizer a própria Palavra de Deus, essa revelação ou profecia seja anátema, é o caso dos já citados Livro Mórmon e os livros de Ellen White.
A Bíblia é a única fonte de doutrina e vida cristã, as revelações proféticas não podem ir contra ela, e mesmo que não a contrarie, essas revelações não podem ser consideradas ao ponto de infalíveis, colocando-as ao nível das Sagradas Escrituras; essas revelações nunca poderão acrescentar novas doutrinas a Igreja do Senhor Jesus, pois doutrinas só podem (podiam) ser ditadas por Apóstolos ou por uma pessoa com íntima relação com um, e como o último (João) morreu à aproximadamente 1900 anos, as nossas doutrinas estão disponíveis somente nas escrituras. Vale-se também registrar que a Assembléia de Deus combate modismos “pentecostais”, diferenciando o agir do Espírito Santo bíblico (principalmente sobre o crivo de 1 Co 12-14) de meninices e possessões demoníacas que, infelizmente, vem enganando a muitos pentecostais e assembléianos. Quem lê os editos oficiais da Assembléia de Deus através da CPAD, percebe claramente nossa seriedade e ortodoxia no trato da pneumatologia. Lembre-se ainda o fim do famoso ex-pastor assembléiano de Boston, EUA.
O argumento cessacionista de 1 Co 12:13
Buscando apoio bíblico para a cessação dos dons espirituais, os cessacionistas usam o texto de 1 Co 12:13, texto que diz um seu início: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo”. O que os tradicionais alegam desse verso é que o apóstolo Paulo teria afirmado que todos os que recebem o Senhor Jesus como salvador de suas almas recebem também o batismo no Espírito Santo. Mas tal tese não se sustem, e para desfazer esse enigma não é necessário um ‘arrudeio teológico ou exegético’. O contexto bíblico deixa mais do que claro que o apóstolo Paulo estava falando sobre a unidade dos membros do corpo de Cristo; do verso 1 até o verso 11 o apóstolo comenta acerca da diversidade de dons espirituais, do verso 12 até o fim do capítulo Paulo passa a falar sobre a unidade dos membros do corpo de Cristo, visto que um dos grandes problemas da igreja de Corinto era a sua divisão interna. Tentando defender a igreja contra maiores divisões, o apóstolo os lembrou do que verdadeiramente os une, que é Jesus, através do Espírito Santo. Quando uma pessoa se converte a Cristo, ela é selada com o Espírito Santo (Ef 4:30), o Espírito Santo passa a habitar nessa pessoa, mas batismo com Espírito Santo é outra coisa totalmente diferente, o batismo é um revestimento de poder (Lc 24:49), é uma sobre-capa do Espírito Santo, para sermos fiéis testemunhas de Jesus (At 1:8) e anunciarmos a Palavra com ousadia (At 4:31).
Para fechar a explanação, o Senhor Jesus quando estava para se ascender aos céus, disse para os seus discípulos (que evidentemente já haviam se convertido, como relatado em Lc 24:45, além de já terem sido batizados nas águas) que “não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias” (At 1:4,5), e a promessa do batismo no Espírito Santo se cumpriu dez dias depois, no Pentecostes, quando os sinais foram manifestos e os dons espirituais foram dados a Igreja.
O argumento cessacionista de Atos 2:8
A referência traz o seguinte enunciado por texto: “Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos?”. Os cessacionistas alegam que as línguas de pentecostes e do início da Igreja eram somente línguas humanas de outras nacionalidades, e não novas línguas, línguas estranhas ou angelicais. Realmente o texto de Atos 2 não deixa dúvidas que as línguas de Pentecostes eram outras línguas humanas, de outros países e nacionalidades. Mas será realmente que a Bíblia sustenta a tese tradicionalista de que as línguas eram somente humanas?
Antes de qualquer referência, vamos pensar um pouco. Se as línguas eram somente outras línguas humanas, para que é que serviria então o dom de interpretação? Ora, quando em Pentecostes os discípulos de Jesus falaram na língua nativa de cada pessoa, não tinha a necessidade da interpretação, pois a língua já era dirigida para cada gentio ali presente, a função era que todos entendessem a pregação e que ficassem (como realmente ficaram) pasmados com a capacidade de uma pessoa judia falar nas línguas nativas de cada pessoa ali presente; era uma forma de demonstrar o poder do Espírito Santo. Se as línguas seriam sempre outras línguas humanas, qual seria o sentido de que em um meio aonde só estavam judeus congregados, uma pessoa falar em italiano e ser necessário se levantar um interprete? Mas as línguas estranhas, as que ninguém entende, essas tem duas finalidades, que são: “O que fala em língua edifica-se a si mesmo” (1 Co 14:4) e “de modo que as línguas são um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos” (1 Co 14:22).
Haviam as línguas humanas, dos homens, como também haviam as línguas desconhecidas, angelicais (ainda que falasse as línguas dos homens e dos anjos - 1 Co 13:1), que nenhum homem podia entender pois “o que fala em língua não fala aos homens, mas a Deus; pois ninguém o entende; porque em espírito fala mistérios” (1 Co 14:2), a não ser aquele que tivesse o dom de interpretação (o que fala em língua, ore para que a possa interpretar - 1 Co 14:13), e que no momento oportuno, para a edificação da igreja, este interprete comunica-se a igreja a interpretação das línguas (Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação - 1 Co 14:26). Quando o Senhor Jesus falou em Marcos 16:17 que “E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas”, ele usou a palavra ‘novas’ e não ‘outras’ línguas, ora, se é novas é por que elas ainda não eram conhecidas no dia em que Ele ascendeu aos céus; o Senhor não disse que os seguidores não falariam em ‘outras’ línguas, apenas disse que ‘um’ dos sinais seria o de falar em ‘novas’ línguas.
O argumento cessacionista de Efésios 2:20
Os cessacionistas usam o texto de Efésios 2:20, texto que diz: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina”, para mostrar que as profecias eram necessárias para a fundação do edifício (Igreja), sendo que após a conclusão do fundamento da Igreja, que é a Bíblia, as profecias não seriam mais necessárias e, portanto, cessariam. Não negamos que a Bíblia é o fundamento da Igreja (tendo Cristo como a ‘pedra angular’), isso ficou bastante claro nas linhas acima, mas não concordamos que as profecias eram apenas e somente para a consumação do cânon bíblico.
Vamos meditar brevemente sobre os versos 20, 21 e 22 de Efésios 2, que são: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício bem ajustado cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito”. O que o apóstolo Paulo quis dizer aqui é que a Igreja estava firmada nos ensinos (doutrinas) dos apóstolos e nas profecias dos primeiros profetas da Igreja (sendo que alguns destes profetas eram os próprios apóstolos), profetas que foram mencionados algumas vezes na Bíblia (Lc 1:67; Lc 2:36; At 11:28; At 13:1ss; At 19:6; At 21:9) e que com certeza passaram no teste do Espírito Santo. Por essas profecias terem sido reveladas na época em que o cânon bíblico ainda estava aberto, provavelmente foram aprovadas pelos apóstolos e passadas a serem ensinadas por eles, tornando-se assim algumas em doutrina registrada na Bíblia para as futuras gerações. Esses versos expõem como e com quem houve a edificação da igreja primitiva; além de não expressarem que as profecias cessariam e de que elas eram um privilégio apenas da época; a narração apenas demonstra como e com quem.
Em suma, o apóstolo queria deixar registrado que a base do cristianismo se encontra no seu início, com o apostolado e os primeiros profetas, e não com novos ensinos, evangelhos e tendências modernistas no seio da Igreja. Era mais uma maneira de defender a Igreja contra as heresias que o próprio apóstolo já havia previsto em 1 Tm 4:1-3.
O argumento cessacionista de Marcos 4:12
Este é outro verso que os cessacionistas usam como defesa de sua tese. O verso diz o seguinte: “para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados”. Eles tomam esse versículo para defenderem que uma das funções das línguas era o endurecimento de Israel na incredulidade. Mas uma análise do verso 12 em paralelo ao contexto de todo o capítulo, mostra claramente que Jesus estava falando da funcionalidade das suas parábolas; no verso anterior Cristo fala que os que estão do lado de fora ouvem a mensagem por parábolas, pois eles ainda não estão prontos para receber a mensagem, pois não compreenderiam o mistério da mensagem; Cristo sabia tanto disso que os designa como pertencentes ao grupo dos que estavam do lado de fora, fora do grupo que estava com o coração apto a entender a Palavra.
As parábolas obrigavam os ouvintes a prestar atenção, somente os que davam crédito a pregação realmente a compreenderiam. Jesus falava em parábolas para todos, tanto crentes como incrédulos, mas o método das parábolas era especial porque a mensagem só poderia ser compreendida pelos que davam crédito e atenção suficiente para compreenderem o mistério da pregação. Além de tudo, este verso não faz nem de longe menção a dons espirituais ou a cessação dos mesmos.
O argumento cessacionista de 1 Co 12:29-30
A referência traz o seguinte texto: “Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos?”. Mais uma vez os cessacionistas procuram algo que é impossível de se achar. Tomando por base o texto citado acima, eles chegam ao ponto de afirmar, como se fosse algo extremamente forte em argumentos, que o apóstolo Paulo disse que não é necessário ser dotado de dons espirituais para se salvar. Realmente o batismo no Espírito Santo (revestimento de poder) não é necessário para a salvação, pois somos salvos pela graça, por meio da fé; tanto pentecostais como os não-pentecostais podem gozam da mesma salvação, pois as obras não salvam ninguém (Efésios 2:8).
O que o apóstolo Paulo quis dizer é que o Espírito Santo distribui seus dons a cada um conforme lhe apraz, para o bem da obra do Senhor aqui na Terra, e não de forma desorganizada e sem nexo (1 Co 12:4-7). Fala da organização espiritual no seio da Igreja, para melhor função da mesma; cada qual naquilo que fora capacitado.
Além de que esses versos 29 e 30 não fazem nenhuma alusão a cessação de dons, pelo contrário, fazem é menção da existência dos mesmos.
Anchieta Campos
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2 comentários:
Muito interessante seu blog. Gostei do artigo. Quero crer que os dons espirituais são também para os nossos dias,como faço para receber o Batismo no Espirito Santo?
Excelente!!!
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