sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová

Como fora exposto nos posts anteriores, a Bíblia não concorda e nem deixa concordar com a teologia jeovista. Para não ficarem por baixo, as TJs tentaram fazer com que a Bíblia concordasse com os seus posicionamentos doutrinários, realizando assim a Torre de Vigia uma nova tradução das Escrituras, a conhecida ‘Tradução do Novo Mundo’; digo ‘tentaram’, pois os mesmos, obviamente, não obtiveram êxito, atacando com esta nova tradução principalmente a divindade e personalidade de Jesus e do Espírito Santo e esquecendo outros pontos, além de usarem de uma total incompetência grega para tentar tirar a divindade do Espírito Santo e principalmente de Cristo.

O principal texto que compõe o ‘embate’ lingüístico grego, o carro-chefe alvo da atenção maior, é sem dúvida alguma o prólogo de João 1. Nesta passagem João descreve de um modo claríssimo a divindade de Cristo e sua unidade com o Pai. Os três primeiros versos dizem: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Com esta tradução, era (e é) impossível aos TJs sustentarem a renúncia da Trindade e divindade de Cristo. A tradução jeovista diz: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus e a Palavra era [um] deus", inexistindo assim a divindade de Cristo, sendo Jesus apenas um ‘deus’ criado pelo ‘verdadeiro Deus Jeová’.

As TJs viram a necessidade vital de se embasarem em uma outra tradução bíblica para que seus projetos de desenvolvimento fossem bem sucedidos. A própria Bíblia que os TJs usavam em seus primórdios nos Estados Unidos antes de criarem a TNM, a versão em inglês “King James”, traduzia (e traduz) João 1 corretamente, aonde nela se lê que “the Verb was God / o Verbo era Deus”. Até os dias atuais, aonde a Bíblia Sagrada já se encontra traduzida para mais de 2.000 línguas e dialetos, as TJs, na figura da Sociedade Torre de Vigia, conseguiu garimpar apenas 9 traduções que estão em acordo com a sua tradução de que “a palavra era [um] deus”; e mesmo destas nove traduções que estão em desacordo com o original, duas são das próprias TJs! Interessante destacar também o despreparo e a própria manifestação de falsificação e engodo dos TJs, aonde eles próprios acabam se entregando quando dizem na página 28 do livro “A Sentinela” de 01/03/1991: “Mas João 1:1 não foi falsificado a fim de provar que Jesus não é o Deus Todo-poderoso. As Testemunhas de Jeová, entre muitos outros, já objetavam a usar "deus" com letra maiúscula muito antes de surgir a Tradução do Novo Mundo, que se empenha em traduzir com exatidão a língua original"; pelo menos as TJs são sinceras!

Outro fato que merece exposição é o de que no livro jeovista “Raciocínios à Base das Escrituras”, mais precisamente na página 394, eles asseguram que para a tradução do Novo Testamento, chamado na TNM de “Escrituras Gregas Cristãs”, usou-se o texto dos reconhecidos eruditos ingleses Westcort e Hort, para basearem sua tradução, e também no livro “Toda Escritura é Inspirada por Deus e proveitosa”, na página 310, acrescentam ainda que usaram este texto (Wetscort e Hort) para assegurarem “a máxima exatidão possível”. Ocorre, porém, que o texto grego de Westcort e Hort não concorda com essa perniciosa e desastrosa tradução feita pelas TJs. Veja o que diz o próprio Westcort sobre João 1:1: “O predicado (Deus) encontra-se na posição inicial enfaticamente, como em João 4:24. É necessariamente sem o artigo... Nenhuma idéia de inferioridade de natureza é sugerida por essa forma de expressão, que simplesmente afirma a verdadeira deidade da palavra [ou verbo]... na terceira cláusula declara-se que 'a palavra' é 'Deus', e assim incluída na unidade da divindade”. As TJs esqueceram de concordar com Westcort e Hort!

Vejamos agora o que dizem sobre João 1 e a TNM alguns dos estudiosos sérios da língua grega e das tradicionais e reconhecidas escolas da disciplina:

H. H. Rowley, um eminente perito Inglês do Velho Testamento, escreveu a respeito do primeiro volume da New World Translation of the Hebrew Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas]: “A tradução é marcada por um literalismo empedernido que só vai exasperar qualquer leitor inteligente - se é que algum dos seus leitores é inteligente - e em vez de mostrar a reverência que os tradutores dizem ter pela Bíblia, é um insulto à palavra de Deus... este volume é um exemplo brilhante de como a Bíblia não deve ser traduzida”.

Dr. J. R. Mantey, o qual é citado nas páginas 1158-1159 da ‘Kingdom interlinear Translation’, das próprias Testemunhas: “Uma chocante falha de tradução... Obsoleta e incorreta... Nenhuma pessoa com conhecimentos razoáveis iria traduzir João 1:1 para ‘O Verbo era um deus’”.

Dr. Bruce M. Metzger, de Princeton, Professor de linguagem do Novo Testamento e Literatura: “Um espantoso erro de tradução... Errôneo... pernicioso... criticável... Se as Testemunhas de Jeová levam essa tradução a sério, elas são politeístas”.

Dr. Samuel J. Mikolaski, de Zurich, Switzerland: “É monstruoso traduzir a frase para ‘o Verbo era um deus’”.

Dr. Paul L. Kaufman, de Portland, Oregon: “Com seu erro de tradução em João 1:1, as Testemunhas de Jeová demonstram um abismal desconhecimento das regras básicas da gramática grega”.

Dr. Charles L. Feinberg, de La Mirada, California: “Eu posso assegurar a vocês que a interpretação a qual as Testemunhas de Jeová dão em João 1:1 não é aceita por nenhum honrado conhecedor de Grego”.

Dr. James L. Boyer, de Winona Lake, Indiana: “Eu nunca ouvi, ou li sobre qualquer estudioso de Grego que tenha aceito a interpretação insistentemente defendida pelas Testemunhas de Jeová... nunca encontrei uma delas que tenha qualquer conhecimento da linguagem grega”.

Dr. Ernest C. Colwell, da Universidade de Chicago: “O predicado definido nominativo tem artigo quando ele segue o verbo; e não tem o artigo quando ele precede o verbo... esta declaração não pode ser considerada como estranha no prólogo do evangelho, o qual atinge seu clímax com a confissão de Tomé: ‘Senhor meu e Deus meu’ - João 20:28”.

Dr. J. Johnson, da Universidade do Estado da California, Long Beach, que declarou não ser cristão e não crer na Trindade: “Não há qualquer justificação para traduzir THEOS EN HO LOGOS para 'o Verbo era um deus'. Não há um paralelo sintático com Atos 28:6, onde há uma declaração em discurso indireto, e João 1:1 é direto”.

Anchieta Campos

8 comentários:

Paulo Silvano disse...

Caro irmão Anchieta,

Fiquei feliz por saber que pude, através das palavras de Os Guiness, postadas no Sinergismo, ajudar a Sabina a lidar com as suas sinceras dúvidas. Deus os abençõem, para sejam sempre abundantes na obra do Senhor.

Um abraço,
Paulo Silvano

josaphat disse...

Prezado colega,
Há, de fato, uma certa polêmica com esta tradução do novo testamento. Não havia artigo indefinido para o grego antigo. Costuma-se, ao verter para o português, colocar o indefinido quando da ausência do definido. Assim, a tradução "e a palavra era [um] deus" não está incorreta, pois o indefinido "um" vem entre colchetes mostrando que há uma incerteza na tradução. Pode-se colocá-lo, ou não. Cá para os meus botões, penso que João foi ambíguo mesmo. Este evangelho foi escrito para o mundo helenizado da época que era predominantemente politeísta. João não era bobo e pretendia atingir o maior número de pessoas com o seu evangelho. Daí ser ambíguo evitando entrar de cara na questão mono/politeísta. No mais, faço freqüentes traduções dos evangelhos e garanto-te que a versão desta bíblia (tradução do novo mundo...das testemunhas de Jeová) é bastante fiel à síntaxe original. Não sei dizer do texto do antigo testamento, que foi traduzido do hebraico. No entanto, analizando pela septuaginta, há algumas omissões ou deturpações, como nos primeiros versos do cântico de Salomão onde na tradução da citada bíblia se lê: "...,porque as tuas expressões de afeto são melhores do que o vinho." Já na septuaginta a tradução correta para o português deve ser: ...,os teus seios são melhores do que o vinho. Como se lê aqui: , ὅτι ἀγαθοὶ μαςτοί σου ὑπὲρ οἶνον,
Trata-se, é claro, de uma questão de censura.
Abraços!

Anchieta Campos disse...

Caro Jozahfa, saudações fraternais.

Obrigado pela sua participação moderada e sábia.

Tenho que dizer, como o caro já percebeu pelo o que leu, que não concordo com o posicionamento do nobre sobre a tradução neo-testamentária das TJs; os fundamentos apresentados no post, por mais que sucintos sejam, não deixam dúvidas da falha de tradução de João 1.

Os Drs. Ernest C. Colwell, Westcort e Hort, explicam a questão do artigo.

Abraços! Deus o abençoe grandemente, em nome de Jesus.

Anchieta Campos

Tompson Rogério Vieira disse...

Anchieta,

João 1:1

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus.” – Versão CNBB.

Se esse versículo for interpretado com a intenção de mostrar que Jesus é o próprio Deus Todo-Poderoso, isso irá contradizer a declaração anterior, “o Verbo estava com Deus”. Se uma pessoa está “com” outra, elas não podem ser a mesma pessoa. Muitas traduções da Bíblia, portanto, fazem uma distinção para tornar claro que o Verbo não era o Deus Todo-Poderoso. Por exemplo, algumas traduções da Bíblia dizem o seguinte:

Embora a frase acima seja a mais comum em edições da Bíblia, segundo várias outras traduções a conclusão “a Palavra era Deus” pode ser traduzida de diversas outras maneiras (Atenção: nem todas são literais):
1) The Wiclif Translation (1380), de Jonh Wiclif: “E deus era a palavra.” (OBS.: o primeiro theos desta passagem também foi traduzido em letra minúscula).

2) The New Testament, In An Improved Version (1808): “E a Palavra era um deus.”

3) The Monotessaron; or, the Gospel History, According to the Four Evangelists (1829), de John S. Thompson: “E o Logos era um deus.”

4) The Emphatic Diaglott (1864), de Benjamim Wilson: “E um deus era a Palavra.”

5) La Sainte Bible, Segond-Oltramare (1879): “E a Palavra era um ser divino.”

6) O Novo Testamento (1907), de Curt Stage: “O Verbo era próprio do Ser Divino.”

7) O Novo Testamento (1910), de Rudolf Boehmer: “Estava firmemente ligado com Deus, sim, próprio do Ser Divino.”

8) The Restored New Testament (1914): “E verdadeiramente o Pensamento divino era o Deus secundário.”

9) O Novo Testamento de Friedrich Pfaefflin (1919): “E era de peso divino.”

10) The People's New Covenant (1925): “Originalmente havia a Palavra, ou DEUS-Idéia existia; e o DEUS-Idéia existia na expiação [?; em inglês é “at-one-ment”] com DEUS; e o DEUS-Idéia era DEUS-manifesto.”

11) La Bible du Centenaire, Societé Biblique de Paris. (1928): “E a Palavra era um ser divino.”

12) An American Translation (1935), de J.M.P. Smith e E.J.Goodspeed: “E a Palavra era divina.”

13) O Novo Testamento - Uma Nova Tradução de Johannes Greber (1937): “E o Verbo era um deus.”
14) Das Neve Testament (1946), de Ludwig Thimme: “E a Palavra era de espécie divina.”

15) Os Quatro Evangelhos - Uma Nova tradução de Charles Cutler Torrey (1947): “E o Verbo era deus.”

16) A New Translation of the Bible (1954), de James Moffatt: “O Logos era divino.”

17) As Sagradas Escrituras (1951), do Dr. Hermann Menge: “E Deus (=do Ser Divino) o Verbo era.”

18) The Authentic New Testament (1958), de Hugh J. Schonfield: “E o Verbo era divino.”

19) The New Testament (1958), de James L. Tomanek: “E a Palavra era um deus.”

20) Wuest Expanded Translation (1961): “A Palavra estava em companheirismo com Deus, O Pai. E a Palavra era como a Sua absoluta deidade [isto é, como a absoluta deidade do Pai].” (Colchetes acrescentados).

21) A New Translation (1968, 1969), de William Barclay: “A natureza da Palavra era a mesma que a natureza de Deus.”

22) New English Bible (1970): “O que Deus era a Palavra era.”

23) The Abbreviated Bible (1971): “– – – ” (Omite a parte final do versículo).

24) The Translator New Testament (1973), de W. D. McHardy: “A Palavra estava com Deus e compartilhava sua natureza.”

25) Das Evangelium Nach Johannes (1975), de Siegfried Schulz: “E um deus (ou: da espécie divina) era a Palavra.”

26) The Gospel of John, Revised Edition (1975), de William Barclay: “E a Palavra era Deus.”

27) Das Evangelium Nach Johannes (1978), de Johannes Schneider: “E da sorte semelhante a Deus era o Logos.”

28) Evangelium Nach Johannes (1979), de Jürgen Becker: “E um deus era o Logos.”

29) The Sacred Scriptures, Bethel Edition (1981): “A Palavra estava com Yahweh, e a Palavra era Elohim.”

30) The Unvarnished New Testament (1981): “E Deus era o que a Palavra era.”

31) The Original New Testament (1985), de Hugh J. Schonfield: “Então a Palavra era divina.”

32) The Word Made Fresh (1988), de Andy Edington: “– – – ” (Omite a parte final do versículo).

33) Revised English Bible (1989): “E o que Deus era a Palavra era.”

34) Scholars Version (1993): “Era o que Deus era.”
O popular tradutor escocês William Barclay (da citação anterior de nº

21) concluiu com a frase: “A natureza da Palavra era a mesma que a natureza de Deus.” No entanto, numa edição posterior, ele resolveu traduzir esse versículo na forma mais conhecida: “E a Palavra era Deus” (citação nº 26). Sabe-se que Barclay não cria na doutrina da Trindade. Mas isso não o impediu de voltar a versão tradicional de João 1:1, nem tampouco fez com que ele evitasse traduzir outros versículos do jeito que querem os trinitaristas.

Referente a João 1:1, Barclay fez o seguinte comentário: “É difícil entendermos essa afirmação, e ela é difícil porque o grego, língua na qual João escreveu, tinha uma maneira diferente de dizer as coisas.... Quando o grego usa um substantivo quase sempre é com o artigo definido ho [“o”]. Quando o grego se refere a Deus ele não diz simplesmente theos [“deus”]; ele diz ho theos [“o deus”]. Então quando o grego não usa o artigo definido junto com um substantivo, o substantivo se torna mais um adjetivo. João não queria dizer que a palavra era ho theos [“o Deus”]; como se dissesse que a palavra fosse idêntica a Deus. Ele disse que a palavra era theos – sem o artigo definido – o que significa que a palavra tinha, por assim dizer, exatamente a mesma característica e qualidade e essência e maneira de ser de Deus. Quando João disse a palavra era Deus ele não estava dizendo que Jesus era idêntico a Deus.... Nesse caso é melhor entendermos com o significado de que Jesus é divino. Vê-lo é o mesmo que ver o que Deus é.” – The Gospel of John, Revised Edition (1975), pp. 39, 74, Westminster John Knox Press.

João 1:1 é certamente um dos mais controversos pontos das Escrituras, ao contrário do que pensam as imutáveis mentes trinitárias não à par dos fatos. Quem afirma categoricamente que a TNM está absolutamente errada neste versículo fecha os olhos à realidade. Note mais comentários que confirmam isso:
“A verdadeira tradução aqui [em João 1:1] provavelmente seja: de Deus. Veja-se Nota Crítica..... [Diz a nota crítica:] Há três motivos diferentes para se crer que ‘de Deus’ seja a tradução correta. Primeiro, os manuscritos, segundo declarados na Nota; segundo, a lógica do argumento; porque, se o evangelista quis dizer ‘era Deus’, não haveria motivo para o versículo seguinte; terceiro, a construção gramatical da sentença: pois não teria ele escrito ‘era Deus’ ho logos én theós, que, de qualquer modo, teria sido mais elegante? Mas se lermos kai theoû-ho lógos, o theoû estará no seu lugar apropriado na sentença. Tenho-me refreado de corrigir o texto nessa passagem por causa do desejo expresso do falecido Bispo Westcott.” – The Patristic Gospels – A English Version of the Holy Gospels, pp. 118, 156; colchetes acrescentados.

(Detalhe: o tradutor dessa Bíblia verteu João 1:1 da forma tradicional “o Verbo era Deus”, o que não impediu o seu honesto comentário).

“Um predicativo anartro precedendo ao verbo, tem primariamente sentido qualificativo. Indicam que o logos tem a mesma natureza de theos... A cláusula poderia talvez ser traduzida: ‘o Verbo tinha a mesma natureza de Deus.’” – Philip B. Harner, Journal of Biblical Literature, 1973, pp. 85, 87.

“João 1:1 deve ser rigorosamente traduzido ‘o verbo estava com o Deus [= o Pai], e o verbo era um ser divino’.” – Dictionary of the Bible, de John L. McKenzie, 1965, p. 317.


A edição em inglês da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, publicada pelas Testemunhas de Jeová, foi traduzida diretamente dos idiomas originais por uma comissão anônima. Essa versão, por sua vez, foi o texto principal usado nas traduções para cerca de 60 línguas. Os tradutores para essas línguas, porém, fizeram comparações minuciosas com o texto nas línguas originais. A Tradução do Novo Mundo tem por objetivo uma tradução literal do texto na língua original quando isso não obscurece seu significado. Os tradutores procuram fazer com que a Bíblia seja tão compreensível para os leitores de hoje como o texto original era para os leitores nos tempos bíblicos.

Alguns especialistas em lingüística têm examinado certas Bíblias modernas — incluindo a Tradução do Novo Mundo — em busca de exemplos de tradução inexata e tendenciosa. Um desses eruditos é Jason David BeDuhn, professor-associado de estudos religiosos da Universidade do Norte do Arizona, EUA. Em 2003, ele publicou um estudo de 200 páginas sobre nove das “Bíblias mais usadas nos países de língua inglesa”. Seu estudo examinou vários trechos polêmicos, pois é onde “a tradução tem maior probabilidade de ser tendenciosa”. Na análise de cada trecho, ele comparou o texto em grego com as traduções de cada versão em inglês em busca de tentativas tendenciosas de mudar o sentido do texto. Qual foi sua avaliação?

BeDuhn destaca que o público em geral e muitos eruditos bíblicos acreditam que as diferenças na Tradução do Novo Mundo (NM) se devem aos conceitos religiosos dos tradutores. No entanto, ele relata: “A maioria das diferenças são por causa da maior exatidão da NM como uma tradução literal, conservadora.” Embora BeDuhn discorde de algumas opções de tradução usadas na Tradução do Novo Mundo, ele diz que essa versão “é a mais exata de todas as traduções comparadas”. Ele a chama de uma tradução “notavelmente boa”.

O Dr. Benjamin Kedar, hebraísta em Israel, fez um comentário parecido sobre a Tradução do Novo Mundo. Em 1989 ele disse: “Essa obra reflete um esforço honesto de obter uma compreensão do texto tão precisa quanto é possível. . . . Eu nunca descobri na Tradução do Novo Mundo intento preconceituoso de dar ao texto uma interpretação que este não contenha.”

Pergunte-se: ‘Qual é o meu objetivo ao ler a Bíblia? Quero uma leitura fácil, sem me preocupar com a exatidão? Ou quero ler pensamentos que refletem o mais de perto possível o texto inspirado original?’ (2 Pedro 1:20, 21) Seu objetivo determinará a tradução que vai escolher.

Além da Tradução do Novo Mundo (em inglês), as Bíblias examinadas foram The Amplified New Testament, The Living Bible, The New American Bible With Revised New Testament, New American Standard Bible, The Holy Bible—New International Version, The New Revised Standard Version, The Bible in Today’s English Version e King James Version.

Anchieta Campos disse...

Caro Tompson, saudações.

O meu artigo em questão, por si só, já é suficiente para esclarecer o engodo que é a TNM.

Seu comentário, apesar de longo, é simples, partindo de "eixegetas" isolados, bem como de origem duvidosa. Notadamente, tenta-se ir contra a exegese grega ortodoxa e comumentemente aceita.

Recomendo a leitura do meu artigo http://anchietacampos.blogspot.com/2008/01/uma-no-to-curta-resposta-um-apologista.html

Anchieta Campos

Tompson Rogério Vieira disse...

Anchieta,


Primeiro gostaria de lhe agradecer por responder o meu email e outra por demonstra que esta aberto ao dialogo. Mando para você uma breve biografia de um professor de grego, que poderá lhe ser útil para uma análise mais apurada de sua posição sobre a TNM!


Como foi que saber grego me levou a conhecer a Deus

“NICHOLAS, eu gostaria que você pensasse seriamente em estudar grego.” “Oh! sim, Sr. Benton, certamente.” Isto aconteceu na década de 50. Eu cursava a décima série da Academia Phillips, uma escola particular em Andover, Massachusetts, EUA. Eu já estudava latim e francês. Agora ele queria que eu estudasse também grego? Bem, eu realmente gostava de estudar línguas. Talvez ele tivesse razão quanto ao grego.

Assim, no início da 11.a série, alistei-me para estudar grego. Achei-a uma língua surpreendentemente flexível, muito expressiva e criativa, todavia, muito simples também. Fiquei logo apaixonado por essa língua. Foi assim que iniciei meu mui excitante percurso pelo grego — jamais imaginando onde me levaria!

Depois da Academia Phillips, entrei para a universidade de Princeton. No último ano, decidi que queria ser professor, e, depois de me formar, comecei a lecionar numa escola episcopal para rapazes, a de St. Paul, em New Hampshire. Isto era coerente com minha formação. Ao crescer, participei por longo tempo no coro da Igreja Episcopal da localidade. Na minha região, as pessoas respeitáveis eram unitárias ou episcopais. Assim, estava bem inteirado do episcopalismo das Altas Cúpulas, mas muito pouco a par do entendimento bíblico ou espiritual. A Bíblia era sufocada pelo formalismo eclesial. Naquela época, em St. Paul, voltei mais uma vez a ficar submerso por ele. Todos — mestres e alunos — tinham de freqüentar a capela todo dia útil e duas vezes aos domingos.

Eu ensinei latim e grego ali durante quatro anos. Depois do meu primeiro ano, casei-me com uma moça chamada Suzanne. Nos três verões subseqüentes, estudei para obter meu mestrado em latim e grego, e o consegui. Enquanto pensava em obter meu doutorado, recebi uma carta de meu velho mentor grego da Academia Phillips, o Dr. Chase. “Acaba de surgir uma vaga em Andover”, escreveu ele. “Sei que quer fazer o curso de pós-graduação. Não gostaria, por favor, de vir até aqui para conversar conosco?” Fiz isso, e acabei ensinando grego ali. Tenho ensinado ali desde então.

Mal tínhamos completado três semanas em nossa nova casa quando bateu alguém à nossa porta. Era uma Testemunha de Jeová. Ela iniciou um estudo bíblico com Suzanne. Isso se deu em 1968. A publicação da Torre de Vigia (EUA) que estudavam, junto com a Bíblia, era A Verdade Que Conduz à Vida Eterna. Ela usava alguns termos do grego original, tais como hades e psyche e stauros. Suzanne se dirigia a mim e perguntava:

“Oh! Nicholas, aqui está uma palavra que eu e Karen estudamos na Bíblia. Poderia stauros significar simplesmente ‘estaca’?”

“Certamente que sim. Ela significa realmente ‘estaca’. Não sei onde foram tirar de stauros a idéia de ‘cruz’. Mas não estou surpreso com isso. A igreja cristã tem feito coisas assim, pelo menos, desde os dias de Constantino.”

Posteriormente, conheci o marido de Karen, e, depois de algumas palestras gerais, iniciamos um estudo da Bíblia. Mas eu tinha problemas. O episcopalismo não me tinha dado conhecimento algum da Bíblia, nenhuma fé nela. Eu precisava dum enfoque ao estudo que satisfizesse minhas exigências de lógica. Seria razoável pensar que as Testemunhas — uma minoria impopular, com freqüência desprezada e ridicularizada — tivesse a erudição necessária para satisfazer minhas necessidades?

Daí, porém, lembrei-me que certas minorias, com suas idéias diferentes, foram muitas vezes ridicularizadas pela maioria, sendo até mesmo desprezadas e perseguidas por esta, mas que por fim se provaram certas. Temos agora estas Testemunhas — uma minoria, diferente, pessoas que andam por aí batendo às portas, que se põem nas esquinas das ruas com suas revistas, que sofrem zombarias, e muitas vezes são desprezadas e perseguidas. Talvez valha a pena ouvi-las — é possível que tenham algo a oferecer!

Assim, assumi como hipótese de trabalho ou teoria: “Talvez as Testemunhas de Jeová possam mostrar-me quem Deus realmente é.” Minha teoria se baseava em apenas duas premissas: (1) que a maioria não está necessariamente certa, e (2) que, excetuando-se a opinião popular, eu não tinha motivos para considerar falsas as idéias das Testemunhas de Jeová. Depois de algumas reuniões em que discutíamos a Bíblia, compreendi que havia uma terceira premissa subjacente a ser considerada. Eu a levantei perante a Testemunha que estudava comigo: “Arthur, como posso estar seguro de que as palavras da Bíblia não são apenas histórias inventadas?”

“Acho que tenho o livro exato para você!”, exclamou ele.

Ele me trouxe um livro que recentemente tinha sido lançado (1969) pela Sociedade Torre de Vigia (EUA), É a Bíblia Realmente a Palavra de Deus?. Estava repleto de fatos sobre ciência e arqueologia que confirmavam a exatidão histórica da Bíblia e considerava muitas profecias cumpridas que provavam ser ela inspirada. Assim, esta importante premissa teve comprovação — a Bíblia tinha de ser a Palavra de Deus!

Arthur e outras Testemunhas mostraram então perícia em reunir todos os textos sobre determinados pontos, e, assim, por ‘combinar assuntos espirituais com palavras espirituais’, eles tornaram clara e harmoniosa uma matéria que, de outro modo, parecia obscura ou contraditória. (1 Coríntios 2:13) Minhas perguntas eram respondidas com textos, as peças se encaixavam perfeitamente, surgindo harmoniosos padrões de verdade. Minha segunda premissa também estava certa: O entendimento das Testemunhas era correto.

Já nessa época eu comparecia às reuniões das Testemunhas no Salão do Reino. A seguir, acompanhei Arthur de porta em porta. Uma senhora, batista, deu-me um daqueles opúsculos sobre as Testemunhas, supostamente expondo os erros delas. Em vários lugares, citava-se o grego. Assim, fiquei curioso: De quanto conhecimento dispõem sobre o grego? Em questão de semanas, obtive vários outros tratados similares para examinar.

A maioria deles girava em torno da Trindade. Partiam da suposição que a Trindade era verdadeira, e então cuidadosamente selecionavam suas autoridades eruditas para provar isso. Com efeito, os ataques contra os ensinos das Testemunhas muitas vezes se focalizavam na Trindade e em sua Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. Em grego, assim como em inglês, algumas palavras podem significar coisas diferentes, em diferentes contextos. A palavra inglesa bow, por exemplo, pode significar uma mesura cortês, um laço de fita, ou um arco para atirar flechas.

No estudo da Bíblia, contudo, não se examina apenas o contexto, mas também outros textos para ver como o termo é empregado em diferentes situações. Assim, a pessoa deve verificar se está baseando-se em suas suposições ou na evidência. Observei que os escritores desses tratados freqüentemente manipulam a evidência, torcendo-a. Por outro lado, a Sociedade era bastante honesta em examinar todas as evidências, todas as possibilidades, oferecendo suas conclusões, mas então deixando a própria pessoa decidir. Depois de cuidadoso exame dos pontos controversos, vi que a Sociedade estava certa.

Em alguns lugares, os trinitaristas manipulam claramente a evidência. O exemplo clássico disto é, acho eu, João 8:58. Ali, Jesus disse: “Antes que Abraão existisse eu sou.” (Almeida) Os trinitaristas pegam este uso de “eu sou”, por parte de Jesus aqui, e relacionam-no com a declaração feita por Jeová a Moisés, em Êxodo 3:14 (Al): “Eu sou o que sou.” Visto que tanto Jesus como Jeová usaram a expressão “Eu sou”, eles argumentam que isto faz com que Jesus e Jeová sejam uma só pessoa. E o radical grego realmente diz sou no presente, em João 8:58.

No entanto, até as próprias gramáticas de teologia deles reconhecem que, quando uma expressão aparece no tempo passado na sentença, o verbo no presente pode às vezes ser traduzido como se já tivesse iniciado no passado e prosseguido até o presente. Isto também ocorre no francês e no latim. Por isso, quando a Tradução do Novo Mundo diz “eu tenho sido”, em vez de “eu sou”, ela está traduzindo corretamente o grego. (João 8:58) Todavia, os trinitaristas agem como se: ‘Não, isso nem mesmo é possível!’ Assim, comecei a notar esta distorção da evidência por parte dos detratores da Sociedade.

‘Bem, visto que a erudição da Sociedade merece crédito em grego’, arrazoei, ‘não deve merecê-lo também em seus demais escritos?’ Foi isso que me levou a estudar com fervor, o que, por sua vez, me conduziu ao batismo, em 1970.

No ano anterior, a Sociedade Torre de Vigia (EUA) lançou uma publicação intitulada The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures (Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas; greco-inglesa). Provou-se crucial para mim. Talvez, mais do que qualquer outra coisa, foi o instrumento que me moveu a me tornar Testemunha de Jeová. Na coluna à esquerda de cada página acha-se o texto grego koiné original, e, sob cada linha, há uma tradução literal do grego para o inglês. Na coluna à direita de cada página, em inglês moderno, tem-se a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs.

Incidentalmente, bem na ocasião em que tal publicação foi lançada, fui nomeado para ministrar na Academia Phillips um curso sobre o grego do Novo Testamento. Visto que não aprendi grego com um teólogo que ensinasse o grego do Novo Testamento, eu provavelmente era muito mais objetivo nisto. Podia encarar as palavras com olhos límpidos, livres das noções doutrinais, tradicionais.

Tais idéias preconcebidas podem realmente fazer com que a pessoa tenha olhos que não vêem, e ouvidos que não ouvem, porque se, à medida que faz suas pesquisas, ela procura algo que confirme aquilo em que já crê, isso é tudo que seus olhos vêem e seus ouvidos ouvem. Em vez de examinar as coisas para ver: ‘Bem, então tudo se resume nisso?’, tais pessoas só vêem o que pode ser utilizado, ou distorcido, para apoiar suas idéias preconcebidas.

Incidentalmente, o grego não é o forte da maioria dos teólogos que conheço. Contudo, a erudição grega da Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures é de altíssima qualidade. É a espécie de coisa com que uma pessoa realmente desejosa de trabalhar com o grego, embora não conheça muito grego, pode conseguir muita coisa. Acho que é uma das jóias grandemente subestimadas dentre as publicações da Sociedade Torre de Vigia (EUA).

Agora, falemos sobre eu me tornar Testemunha de Jeová. Além de toda a ajuda recebida destas obras eruditas da Sociedade — especialmente as relacionadas com o grego — aquela época foi importante para mim. Os anos 68, 69 e 70 — lembra-se de como era a vida naquele tempo? Eu nutria simpatias pelo movimento hippie, porque não apreciava o que meu país estava fazendo, e não gostava do que as instituições estavam fazendo. Por outro lado, não gostava da idéia de tomar LSD ou fumar maconha. Os hippies realmente não tinham a solução; nem as instituições. Eu procurava melhores soluções, mais significado, algum propósito maior em tudo isso.

A vida significa mais do que ficar lecionando, ou vendendo seguros ou seja lá o que for. A vida não é só livros: São as pessoas — não apenas as pessoas que cursam escolas preparatórias de elite, e as faculdades da Ivy League. Eu havia percorrido essa trilha, e ainda me faltava algo. Procurava algo mais valioso do que o material comum, algo de real valor.

E o encontrei na verdade da Bíblia. A verdade bíblica inclui tudo — um Deus amoroso e pessoas amorosas. Esta verdade realmente me fez ver as pessoas. Pessoas que são mecânicos de automóvel, cavadores de buracos, maquinistas ferroviários, pessoas que são todo tipo de coisas diferentes, pessoas que eu não teria conhecido de qualquer outro modo. E não era apenas uma questão de ser apresentado a elas; era de chegar a conhecê-las bem e passar a amá-las.

Foi realmente assim que se deu com Jesus, não foi? As pessoas. Ele se identificava com as pessoas. Com as necessidades das pessoas. Ele ficou bem envolvido com as pessoas. Paulo também. Boa parte das cartas de Paulo se compõe de conselhos sobre as pessoas se darem bem com outras pessoas. Eu disse para mim mesmo,em certo ponto: ‘Se vão começar a lançar pessoas nos campos de concentração, eu quero estar ali com as pessoas com as quais me importo. Deixe-me ir também!’

Eu pensava: ‘Se chegar o dia em que tivermos de erguer-nos e tomar posição, então só teremos uma escolha. Ou vamos ser parte do sistema perseguidor, ou seremos parte daqueles que estão sendo perseguidos.’ Meu desejo era ser um daqueles que aplicavam os princípios bíblicos e que tomavam posição firme a favor da justiça, não importava o custo.

Eu já tinha gasto muito tempo com os aspectos científicos e intelectuais. Era a vez de deixar que aflorassem os sentimentos. Tais pessoas faziam isto. Essas pessoas viviam isto. Eu queria estar entre elas. Não era questão de alguma data, não era o Armagedom, não era a questão de salvar a minha pele. Era o meu coração que falava. Tais pessoas estão certas. Estes outros grupos estão errados. Desejo estar com quem está certo.

Tudo isso me passava pela mente certa manhã, quando eu me enfiei debaixo do chuveiro, e foi naquele exato momento que fiz, no coração, a dedicação de servir a Jeová Deus. Sou uma daquelas pessoas que teve de percorrer a trilha intelectual antes de poder passar para os assuntos do coração. Coloquei minha dedicação num sólido alicerce de fé baseada em conhecimento — o conhecimento todo-importante, a saber: “Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cristo.” — João 17:3.

Assim, minha vida veio a ter sentido, e, agora, repousa sobre um alicerce de amor — amor a Jeová, amor a Jesus, e amor às pessoas que amam a Jeová e a Jesus. — Conforme narrado por Nicholas Kip.

[Nota(s) de rodapé]

A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research (Gramática do Novo Testamento Grego à Luz da Pesquisa Histórica), de A. T. Robertson, 1934, páginas 879-80; A Manual Grammar of the Greek New Testament (Gramática-Manual do Novo Testamento Grego), de H. E. Dana, 1957, página 183. Veja também o apêndice 6F da Tradução do Novo Mundo, Bíblia com Referências, 1984, páginas 1582-3, em inglês, alemão e japonês E PORTUGUÊS!

Alguns Comentários Feitos por Peritos Gregos sobre a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs

“Estou interessado na obra missionária realizada por seu pessoal, e no seu alcance mundial, e agrada-me muito a tradução livre, franca e vigorosa. Ela exibe uma ampla gama de erudição séria e sólida, conforme posso atestar.” — Carta de 8 de dezembro de 1950, de Edgar J. Goodspeed, tradutor do “Novo Testamento” grego em An American Translation (Uma Tradução Americana).

“A tradução é evidentemente obra de eruditos peritos e talentosos, que procuraram ressaltar o verdadeiro sentido do texto grego tanto quanto a língua inglesa seja capaz de expressar.” — Alexander Thomson, perito em hebraico e grego, em The Differentiator, de abril de 1952, páginas 52-7.

“A tradução do Novo Testamento é evidência da presença, no movimento, de peritos habilitados a lidar de forma inteligente com os muitos problemas da tradução bíblica.” — Andover Newton Quarterly, janeiro de 1963.

“A tradução do Novo Testamento foi feita por uma comissão cujos membros jamais foram revelados — comissão que possuía incomum competência quanto ao grego.” — Andover Newton Quarterly, setembro de 1966.

“Não se trata de uma publicação interlinear comum: a integridade do texto é preservada, e o inglês que aparece embaixo dele é simplesmente o significado básico da palavra grega. . . . Depois de examinar um exemplar, supri-a a vários estudantes interessados, do segundo ano de grego, como um texto auxiliar. . . . A tradução feita por uma comissão anônima é totalmente atualizada e dotada de coerente precisão. . . . Em síntese, quando uma Testemunha vier à sua porta, tanto o estudante de letras clássicas, ou de grego, como o estudante da Bíblia, farão bem em convidá-la a entrar, e fazer o pedido dum exemplar dela.” — De uma crítica literária da The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures, feita por Thomas N. Winter, da Universidade de Nebrasca, EUA, publicada em The Classical Journal, abril-maio de 1974.

UM ABRAÇO!

Anchieta Campos disse...

Caro Tompson, saudações.

O espaço aqui é aberto para o debate respeitoso e honesto.

Nicholas Kip é Testemunha de Jeová, o que acaba tipificando-o na parte já citada do meu artigo: "Até os dias atuais, aonde a Bíblia Sagrada já se encontra traduzida para mais de 2.000 línguas e dialetos, as TJs, na figura da Sociedade Torre de Vigia, conseguiu garimpar apenas 9 traduções que estão em acordo com a sua tradução de que “a palavra era [um] deus”; e mesmo destas nove traduções que estão em desacordo com o original, duas são das próprias TJs!".

Você não fez nenhuma referência ao artigo que indiquei em meu comentário anterior. Qual a razão para este silêncio? Todavia, vou crer que você não viu o link e deixo ele novamente: http://anchietacampos.blogspot.com/2008/01/uma-no-to-curta-resposta-um-apologista.html

Em relação aos seus fundamentos, transcrevo o seguinte texto:

"Na revista Awake! de 22 de Março de 1987 aparece um artigo escrito por Nicholas Kip, que tem sido um conferencista de Grego desde a década de 1960, e que parece ter-se tornado numa Testemunha de Jeová porque descobriu que a New World Translation [Tradução do Novo Mundo] concorda com muitas das suas opiniões acerca do Grego do Novo Testamento.[1]

Kip faz parte do que pode ser descrito como "a nova vaga de Apologistas das Testemunhas de Jeová," um número crescente de Testemunhas de Jeová que estão a tornar-se competentes em línguas bíblicas, e aptos a debater as suas crenças à maneira dos eruditos. Os comentários de Kip acerca da New World Translation [Tradução do Novo Mundo] são os seguintes:

"Visto que não aprendi Grego de um teólogo que ensina o Grego do Novo Testamento, sou provavelmente muito mais objectivo acerca desta língua. Eu podia assim encarar as palavras com um olhar fresco, livre das noções doutrinais tradicionais... A qualidade da exegese Grega na The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures [Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas], contudo, é muito boa... Penso que é uma das maiores jóias subavaliadas das publicações da Watchtower Society [Sociedade Torre de Vigia]."[2]

Junto do artigo de Kip, aparece uma lista de comentários feitos por "peritos Gregos" acerca da New World Translation of the Christian Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs]. (A The Kingdom Interlinear Translation [Tradução Interlinear do Reino] é uma versão interlinear da New World Translation [Tradução do Novo Mundo].)[3]

Cada um dos comentários será tratado separadamente.
1. Edgar J. Goodspeed, tradutor do Novo Testamento Grego em An American Translation. (Carta, supostamente dirigida à Sede da Watchtower Society, datada de 8 de Dezembro de 1950).

"Estou interessado no trabalho missionário da vossa gente, e no seu alcance mundial, e muito satisfeito com a tradução livre, franca e vigorosa. Dá mostras de uma vasta quantidade de estudo sólido e sério, conforme posso testemunhar."

Bill Cetnar, que trabalhava em Betel (Sede da Watchtower Society, em Nova Iorque) durante o período em que a New World Translation [Tradução do Novo Mundo] estava a ser preparada, foi enviado para entrevistar o Dr. Goodspeed em Março de 1954, para obter os seus comentários acerca do primeiro volume da New World Translation of the Hebrew Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs]. Cetnar escreve:

"Durante a entrevista com ele, que durou duas horas, tornou-se óbvio que ele conhecia bem o volume, pois era capaz de citar as páginas onde estavam as passagens em relação às quais ele tinha objecções. Uma das passagens que ele apontou como sendo especialmente desastrada e gramaticamente pobre foi Juizes 14:3, onde são postas estas palavras na boca de Salomão: 'Her get for me...' ['Ela obtém-na para mim'] Quando já estava de saída, perguntei ao Dr. Goodspeed se ele recomendaria a tradução para o público em geral. Ele respondeu, 'Não, receio não o poder fazer. A GRAMÁTICA É LAMENTÁVEL. Tenham cuidado com a gramática. Certifiquem-se de corrigir isso."[4] (ênfase acrescentada)

É claro que o Dr. Goodspeed não estava aqui a falar acerca das Escrituras Gregas (Novo Testamento), mas sim acerca das Escrituras Hebraicas (Velho Testamento) e os seus comentários favoráveis citados anteriormente referiam-se às Escrituras Gregas.

É interessante notar, contudo, que os comentários do Dr. Goodspeed foram feitos em 1950, mas são conspícuos pela sua ausência nos registos mais antigos de citações da Watchtower. Por exemplo, não aparecem no artigo que trata deste assunto no livro da Watchtower intitulado All Scripture Is Inspired Of God And Beneficial [Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa], publicado em 1963.[5]

2. Alexander Thomson, descrito como um "perito em Hebraico e Grego," que escreveu no The Differentiator, Abril de 1952, pp. 52-57.

"A tradução é evidentemente o trabalho de peritos hábeis e espertos, que procuraram extrair do verdadeiro significado do texto Grego tanto quanto a língua Inglesa é capaz de expressar."

Enquanto os comentários de Goodspeed são notáveis pela sua ausência no artigo do livro All Scripture Is Inspired Of God And Beneficial [Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa], é digno de nota que Thomson é o único crítico cujos comentários aparecem nesse livro. Desta vez, porém, ele está a fazer uma apreciação do mesmo volume que recebeu comentários desfavoráveis do Dr. Goodspeed. Em vista disto, os comentários de Thomson são interessantes e reveladores:

"Traduções originais das Escrituras Hebraicas para o Inglês são muito raras. Por essa razão dá-nos muita satisfação receber a primeira parte da New World Translation [Tradução do Novo Mundo], de Génesis a Rute. É evidente que esta versão fez um esforço especial para que fosse perfeitamente possível lê-la. Ninguém pode dizer que é deficiente na sua frescura e originalidade. A terminologia não é de modo nenhum baseada na terminologia de versões anteriores."[6]

Num sentido técnico, o comentário de Thomson tornaria a tradução numa "fraude pseudo-histórica." Os textos Gregos que formam a base de todas as traduções competentes estão na categoria "versões anteriores." Para sermos justos com Thomson, contudo, estamos certos de que ele se referia a versões Inglesas anteriores. Num número posterior da sua revista (Junho de 1959), Thomson declarou:

"Embora em três ocasiões eu tenha submetido ao The Differentiator pequenas recensões críticas de partes da versão New World da Bíblia, não deve ser subentendido que concordo com os ensinos das assim chamadas 'Testemunhas de Jeová.' Globalmente, a versão é bastante boa, embora a tenham enchido de muitas palavras Inglesas que não têm equivalente no Grego ou Hebraico."[7]

Thomson era co-editor da revista intitulada The Differentiator. A revista já não é publicada, mas tinha uma periodicidade bimensal, e tinha uma circulação muito reduzida. Segundo o seu co-editor, Thomson "nem sequer estudou formalmente Grego ou Hebraico em nenhuma escola." Ele não era um perito em Hebreu ou Grego, como tinham pretendido as Testemunhas de Jeová. "Thomson era empregado num banco na Escócia e não acreditava que Jesus fosse Deus."[8] Ele era um Universal Restitutionist, isto é, ele acreditava que todos os homens seriam salvos, independentemente daquilo em que acreditavam e do seu grau de envolvimento com Deus.

Em vista disto, dois pontos parecem relevantes:

a) Aparentemente, os comentários de Thomson basearam-se no texto Inglês da New World Translation [Tradução do Novo Mundo], pois ele não tinha competência para comentar a tradução propriamente dita.

b) Não lhes parece que a opinião de um educador profissional e erudito bíblico quanto à qualidade da gramática da Bíblia tem mais valor do que a opinião de um funcionário bancário que não é um perito em línguas?

3. Robert M. McCoy, que escreveu no Andover Newton Quarterly em Janeiro de 1963.

"A Tradução do Novo Testamento é evidência da presença no movimento de peritos qualificados para lidar de forma inteligente com os muitos problemas da tradução bíblica."

O parágrafo completo de onde esta citação foi tirada diz isto:

"A Tradução do Novo Testamento é evidência da presença no movimento de peritos qualificados para lidar de forma inteligente com os muitos problemas da tradução bíblica. Esta tradução, conforme J. Carter Swain observa, tem as suas peculiaridades e as suas excelências. Em conclusão, parece que é actual uma reconsideração do desafio deste movimento às igrejas históricas."[9]

A opinião de McCoy acerca da tradução e até das Testemunhas de Jeová é muito favorável; contudo, ele não lhes dá a sua aprovação total. Ele critica vários pontos na tradução:

a) Ao discutir a tradução de Mateus 5:9, ele diz, "Poder-se-ia questionar porque é que os tradutores não seguiram mais de perto o significado original, como fazem a maioria dos tradutores."[10] (ênfase acrescentada)

b) A respeito da alegação dos tradutores de terem evitado "a influência enganadora de tradições religiosas que têm as suas origens no paganismo," ou seja, procuraram evitar preconceitos doutrinais que acham serem evidentes noutras traduções, McCoy escreve, "Não são poucas as passagens da New World Translation [Tradução do Novo Mundo] que têm de ser consideradas 'traduções teológicas.' Este facto é especialmente evidente naquelas passagens que expressam ou deixam implícita a divindade de Cristo."[11] Como exemplo, ele menciona a tradução "I have been" ["Tenho sido"] em João 8:58, indicando que "do ponto de vista gramatical, não existe justificação para a tradução" e ele também mostra que o contexto desautoriza a visão "anti-divindade" [de Cristo] que essa tradução introduz.[12]

O Sr. McCoy, à data da escrita da sua recensão crítica, era graduado pelo Andover Newton Seminary (associado com a Baptist Church [Igreja Baptista] e United Churches of Christ [Igrejas Unidas de Cristo]) sendo possuidor dos graus de Bachelor of Divinity (1955) pela Boston University School of Theology e Master of Sacred Theology pela Andover Newton. Ele não é um "reconhecido" perito Grego.

4. S. MacLean Gilmour, no Andover Newton Quarterly, Setembro de 1966.

"A tradução do Novo Testamento foi feita por um comité cujos membros nunca foram conhecidos - um comité que possui uma competência em Grego que é pouco usual."

A citação completa no original é assim:

"Em 1950 as Testemunhas de Jeová publicaram a sua New World Translation of the New Testament [Tradução do Novo Mundo do Novo Testamento], e a preparação do New World Old Testament está agora bem avançada. A tradução New Testament foi feita por um comité cujos membros nunca foram conhecidos - um comité que possui uma competência em Grego que é pouco usual e que se baseou no texto Grego de Westcott e Hort para fazer a sua tradução. É claro que muitas considerações doutrinais influenciaram em muitos sítios a tradução, mas o trabalho não é uma fraude de excêntricos ou pseudo-histórica."[13]

Os comentários do Dr. Gilmour podem ser encontrados num artigo intitulado "The Use And Misuse of the Book of Revelation" ["O Uso e o Abuso do Livro de Revelação"]. Não se pense que o Dr. Gilmour vê com simpatia a religião das Testemunhas de Jeová. A razão porque ele se lhes refere é obvia na citação seguinte (o artigo é o texto de uma conferência dada pelo Dr. Gilmour em 1966):

"Mais adiante nesta palestra falarei do abuso do Livro de Revelação por seitas milenaristas ao longo dos séculos, e em particular pelas Testemunhas de Jeová durante os últimos cem anos."[14]

O Dr. Gilmour era Norris Professor of New Testament no Andover Newton Seminary, editor do Andover Newton Quarterly e autor de um comentário acerca do Livro de Revelação.

Com o devido respeito que o Dr. Gilmour merece, as declarações dele a respeito da New World Translation [Tradução do Novo Mundo] são incorrectas.

As Testemunhas de Jeová não publicaram, nem em 1950 nem em qualquer outra altura, um livro intitulado New World Translation Of The New Testament. Em vez disso, publicaram um livro intitulado New World Translation Of The Christian Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs]. Talvez o Dr. Gilmour simplesmente não tenha notado que o nome era pouco usual.

Um erro mais sério, contudo, é a afirmação de que "O New World Old Testament [Velho Testamento do Novo Mundo] está agora bem avançado." Conforme foi dito anteriormente, ele escreveu aquele artigo em 1966. Na verdade, a New World Translation Of The Hebrew Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas] foi publicada em cinco volumes entre 1953 e 1960. Foi terminada uns seis anos antes de o Dr. Gilmour ter feito aquelas declarações. De facto, uma edição de toda a Bíblia num só volume foi publicada em 1961. O Dr. Gilmour podia ter verificado isto facilmente, bastava pegar numa cópia dessa tradução, o que nos faz pensar se ele de facto alguma vez viu uma cópia.

Uma nota de fim de página no artigo dele mostra que a informação a respeito da New World Translation [Tradução do Novo Mundo] veio do artigo de McCoy anteriormente citado. O artigo de Gilmour não tem nenhuma citação da New World Translation [Tradução do Novo Mundo]; esta nem sequer esta é mencionada na Bibliografia. O único livro que é ali mencionado a respeito das Testemunhas de Jeová é The Challenge of the Sects [O Desafio das Seitas] de Horton Davies, a respeito do qual o Dr. Gilmour diz que "Está muito preocupado em atacar as crenças da seita."[15]

Se o Dr. Gilmour nem sequer viu uma cópia da New World Translation [Tradução do Novo Mundo] não está em posição que lhe permita fazer um juízo de valor acerca dela. O artigo não dá mostras de ele ter lido essa tradução, sendo o comentário acima citado o único que ele faz acerca da tradução. Os comentários dele são baseados na recensão crítica feita por outra pessoa, e não há indício nenhum que indique ter o Dr. Gilmour usado os seus conhecimentos de Grego para fundamentar a sua declaração.

Resumindo, o Dr. Gilmour não merece ser citado em apoio de um livro que

(a) ele parece não ter lido;
(b) ele não consegue dizer correctamente o título e
(c) ele não sabe que foi acabado uns seis anos antes.

Terem as Testemunhas de Jeová usado o comentário dele neste contexto revela desonestidade.

5. Thomas N. Winter, no The Classical Journal, Abril-Maio, 1974.

"Esta não é uma interlinear qualquer: a integridade do texto é preservada e o Inglês que aparece por baixo é simplesmente o significado básico da palavra Grega... Depois de examinar uma cópia, forneci-a como texto auxiliar a vários estudantes de Grego do segundo ano... A tradução feita pelo comité anónimo é completamente actualizada e consistentemente exacta... Em suma, quando uma Testemunha vem à porta, o clássico, o estudante de Grego e igualmente o estudante da Bíblia faria bem em recebê-lo e encomendar um exemplar."

Infelizmente, uma cópia do The Classical Journal no qual este comentário apareceu não está disponível e não se podem fazer nenhuns comentários acerca dele. Só é incluído aqui para que não sejamos acusados de não ter mostrado toda a evidência. A única informação a respeito do escritor da citação é que ele é "da Universidade do Nebraska."

Será Que Eles São Peritos Bíblicos?

Três das citações acima mencionadas referem as qualificações académicas dos tradutores. Conforme diz o Dr. Gilmour, o comité de tradução da Watchtower nunca revelou a sua composição. Segundo o livro Jehovah's Witnesses In The Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], "o único pedido do comité de tradução foi que os seus membros permanecessem anónimos mesmo depois da sua morte."[16] Quando interrogado num tribunal da Escócia acerca da razão para este anonimato, Frederick Franz, então Vice Presidente do movimento Testemunhas de Jeová, declarou:

"Porque o comité de tradução queria permanecer anónimo e não procurava honra e glória ao fazer uma tradução, nem queria ter nenhuns nomes associados à tradução."

O advogado que tinha feito a pergunta comentou:

"Escritores de livros e tradutores nem sempre recebem glória e honra pelos seus esforços, não lhe parece?"[17]

Embora se tenha dito muito acerca da pretensão dos tradutores ao anonimato, trabalhadores da Sede em Betel estavam a par do que se passava, e os tradutores não fizeram nenhuma tentativa de manterem o anonimato durante o período em que a tradução foi feita. Segundo Bill Cetnar, que estava lá durante esse tempo, os cinco membros conhecidos do comité foram: Nathan H. Knorr, na altura Presidente da Watchtower Bible and Tract Society; Frederick W. Franz; Albert D. Schroeder; George Gangas e Milton Henschel. Todos os cinco têm sido membros do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. Destes homens, diz-se que apenas Franz teve uma educação Universitária, e mesmo ele desistiu depois do segundo ano. Nenhum deles era um perito qualificado em línguas bíblicas.[18]

Embora Franz tenha dito sob juramento que era capaz de ler tanto Hebreu como Grego, quando lhe pediram, não conseguiu traduzir do Hebreu uma passagem que peritos disseram não apresentar nenhuma dificuldade para um estudante de Hebreu do segundo ano.[19]

Que o comité fez um trabalho genericamente competente na tradução, à parte a inadequação de alguns aspectos gramaticais e a introdução de preconceitos teológicos, parece ser devido, não ao conhecimento que o comité tinha das línguas originais, mas ao inquestionavelmente alto nível de pesquisa feito nas várias ferramentas de tradução disponíveis.

Devido ao seu pretenso anonimato, o comité não está em condições de revelar a forma como fez o trabalho, nem pode responder aos muitos indivíduos que os criticam. Os factos são estes: por cada citação que o comité consegue encontrar em seu apoio, (por exemplo, deste artigo, eles podiam extrair estes comentários "favoráveis": "...o comité fez um trabalho genericamente competente na tradução... devido... ao inquestionavelmente alto nível de pesquisa") existem dezenas que não são favoráveis.

Os Críticos Dão a Sua Opinião

O que é que os críticos têm a dizer a respeito da New World Translation of the Holy Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas] ?

Edmund C. Gruss, Professor de História e Apologética no Los Angeles Baptist College, critica cinco aspectos principais da tradução:

(i) O uso de paráfrases, em contradição com o propósito anunciado dos tradutores;

(ii) A inserção injustificada de palavras que não se encontram no Grego. Alexander Thomson faz um comentário similar numa declaração citada acima.

(iii) Tradução errada de palavras Gregas.

(iv) Notas de fim de página e apêndice enganadores.

(v) Uso e abuso de maiúsculas ao tratar do nome divino. (Para detalhes acerca das críticas, veja a nota[20].)

Gruss conclui que a New World Translation Of The Christian Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs], "embora à primeira vista pareça um trabalho de peritos, em muitos aspectos é exactamente o contrário. A intenção é trazer os erros das Testemunhas para a Palavra de Deus. Esta tradução não tem nenhuma autoridade, excepto para os que a fizeram e para os seus fiéis seguidores, e deve ser rejeitada como uma perversão da Palavra de Deus."[21]

Ray C. Stedman, autor internacionalmente conhecido, docente da Bíblia, pastor, evangelista.

"Um exame detido, que vá além da aparência superficial de exegese, revela uma verdadeira trapalhada de fanatismo, preconceito e predisposição tendenciosa que viola todas as regras de criticismo bíblico e todos os padrões de integridade académica."[22]

Walter Martin e Norman Klann (O falecido Dr. Martin era um destacado apologista Cristão, conhecido internacionalmente pelos seus estudos acerca das Testemunhas de Jeová e outros grupos.)

"Uma vez que se veja que as Testemunhas de Jeová só estão interessadas no que conseguem fazer as escrituras dizer, e não no que o Espírito Santo já revelou perfeitamente, o estudante cuidadoso rejeitará inteiramente as Testemunhas de Jeová e a tradução da Watchtower."[23]

Estes autores afirmam que a New World Translation [Tradução do Novo Mundo] não tem exegese digna do nome e, de facto, reflecte desonestidade.

Anthony Hoekema:

"A New World Translation [Tradução do Novo Mundo] da Bíblia não é de modo nenhum uma tradução objectiva do texto sagrado para Inglês moderno, mas é em vez disso uma tradução tendenciosa na qual muitos dos ensinos peculiares da Watchtower Society são introduzidos sorrateiramente no texto da própria Bíblia."[24]

O Dr. Hoekma foi Professor of Systematic Theology, Calvin Theological Seminary, Grand Rapids, E.U.A., e autor de um dos mais respeitados trabalhos de referência acerca das Testemunhas de Jeová.

F. F. Bruce, Professor of Biblical Criticism and Exegesis Emeritus, University of Manchester, Inglaterra. Ele é um exegeta bíblico de renome mundial que fez a sua própria tradução do Novo Testamento e vários trabalhos académicos acerca de temas do Novo Testamento. As Testemunhas de Jeová citaram-no como uma autoridade no Novo Testamento em várias ocasiões.

"Algumas das passagens traduzidas reflectem as interpretações bíblicas que nos habituámos a associar com as Testemunhas de Jeová... Algumas das passagens que estão livres de tendências teológicas parecem bastante boas..."[25]

Bruce M. Metzger, Professor de Língua e Literatura do Novo Testamento no Princeton Theological Seminary, uma das maiores autoridades no mundo inteiro na língua Grega e reconhecido como tal pelas Testemunhas de Jeová, que o citam por vezes de modo favorável. Escreveu em 1950 um artigo apontando os erros em muitas passagens relativas a Cristo na New World Translation of the Christian Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs].[26]

H. H. Rowley, um eminente perito Inglês do Velho Testamento, escreveu a respeito do primeiro volume da New World Translation of the Hebrew Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Hebraicas]. Os comentários dele devem ser contrastados com os do Dr. Goodspeed, citados atrás:

"A tradução é marcada por um literalismo empedernido que só vai exasperar qualquer leitor inteligente - se é que algum dos seus leitores é inteligente - e em vez de mostrar a reverência que os tradutores dizem ter pela Bíblia, é um insulto à palavra de Deus... este volume é um exemplo brilhante de como a Bíblia não deve ser traduzida."[27]

Os comentários acima são apenas uma amostra dos muitos que têm sido feitos ao longo dos anos. Existem muitos outros criticando pontos específicos da tradução e especialmente a frase "...e a palavra era um deus" que aparece em João 1:1 na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs. Considerações de espaço impedem-nos de os incluir neste artigo.

A Exegese da Watchtower Continua Sem Apoio

No início deste artigo mencionou-se Nicholas Kip. A sinceridade e a fé dele na religião das Testemunhas de Jeová não estão em questão, nem a opinião firmemente estabelecida que ele tem a respeito da qualidade do trabalho de tradução na New World Translation of the Holy Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas]. Ele tem direito à sua opinião.

Contudo, outros têm expresso opiniões que estão em forte desacordo com a do Sr. Kip, e como perito ele faria bem em considerar estas opiniões. Provou-se que o apoio que a revista Awake! [Despertai!] dá à posição dele não é de maneira nenhuma tão forte como a revista (e presumivelmente, por implicação, o Sr. Kip) gostariam que o leitor acreditasse. De facto, a quantidade de opiniões de peritos contra a New World Translation [Tradução do Novo Mundo] parece ultrapassar em muito as que a apoiam.

Poucos peritos, Cristãos ou outros, pensam que podem condenar a New World Translation [Tradução do Novo Mundo] de qualquer maneira. As dificuldades deles não estão relacionadas com a sinceridade do comité de tradução, mas sim com certos aspectos da gramática usada e com o carácter teologicamente tendencioso presente no trabalho. Isto é particularmente evidente nas passagens Cristológicas (i.e., que envolvem a pessoa de Cristo). É por esta razão que os comentários a respeito do Velho Testamento (ou Escrituras Hebraicas) estão limitados quase inteiramente à qualidade da gramática.

O que acontece é que peritos, tanto Cristãos como não-Cristãos, têm atacado fortemente a exegese da New World Translation [Tradução do Novo Mundo] quando esta pretende impingir uma determinada posição teológica, pois essa exegese tem influenciado as vidas de milhões de pessoas em todo o mundo.

As Testemunhas de Jeová que se preocupam com a sua vida eterna e com a dos outros, e que desejam adorar o Deus vivo e verdadeiro tal como Ele é revelado nas páginas da Sua Palavra, darão consideração a estes factos, e perguntarão a si mesmas porque é que a Watchtower Bible and Tract Society precisa de apresentar na sua literatura citações em apoio da exegese dos seus escritores, quando já se provou há muito tempo que esse "apoio" não é tão fiável nem tão decisivo como se julgava. Porque é que se invocou em apoio da tradução da Bíblia da Sociedade um perito que não leu o livro, não sabia correctamente o nome e nem sequer sabia que o trabalho de tradução tinha sido completo uns seis anos antes de ele ter feito os seus comentários incorrectos?

A resposta é simples. É porque não conseguiram encontrar um apoio mais forte!

Este é apenas um exemplo dos muitos erros na exegese das Testemunhas de Jeová. Pode-se provar que a organização Watchtower está construída sobre uma base sem consistência, que pode sofrer o colapso a qualquer momento. A evidência requer que a fé das Testemunhas de Jeová seja questionada.

É ou não possível que os peritos que constituem a vasta maioria dos que comentaram a tradução estejam correctos, e Kip (e talvez Winter, se ele for tão útil para as Testemunhas de Jeová como elas parecem supor) esteja errado?


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Notas

[1] Kip, N., "How Knowing Greek Led Me To Know God," Awake! Mar. 22, 1987, 10-14.

[2] Kip, 13.

[3] Kip, 15.

[4] Cetnar, W.I. & J., Questions For Jehovah's Witnesses Who Love The Truth (Kunkletown, Pennsylvania: W.I. Cetnar, 1983) 64.

[5] All Scripture Is Inspired Of God And Beneficial [Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa] (New York: Watchtower Bible and Tract Society of New York, 1963) 319-326.

[6] All Scripture... , 325.

[7] Thomson, A., The Differentiator 21:98, Junho, 1959.

[8] Cetnar, 53.

[9] McCoy, R.M., "Jehovah's Witnesses And Their New Testament," Andover Newton Quarterly, Jan. 1963, 31

A referência a J. Carter Swain pode ser encontrada na p. 40 do seu livro Right And Wrong Ways To Use The Bible (Philadelphia: The Westminster Press, 1963).

[10] McCoy, 24.

[11] McCoy, 29.

[12] McCoy, 29.

[13] Gilmour, S.M., "The Use And Abuse Of The Book Of Revelation," Andover Newton Quarterly, Setembro, 1966, 26.

[14] Gilmour, 26.

[15] Gilmour, 27.

[16] Jehovah's Witnesses In The Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no propósito Divino] (New York: Watchtower Bible And Tract Society Of New York, 1959) 258.

[17] "Pursuers Proof of Douglas Walsh vs The Right Honourable James Latham, M.P., P.C., Scottish Court of Sessions, Nov. 1954, p. 92" conforme citado em Cetnar, 64.

[18] Cetnar, 64.

[19] Cetnar, 65.

[20] Gruss, E.C., Apostles of Denial (Phillipsburg: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1970) 200 e seguintes. Entre as descobertas por Gruss, estão: (conforme detalhado no texto)

(a) Embora os tradutores afirmem dar uma tradução tão literal quanto possível, usam frequentemente paráfrases para evitar qualquer possibilidade de apoio da divindade de Cristo. Por exemplo, em João 1:1-15, a palavra en é traduzida "in" ("em") em algumas partes e "in union with" ("em união com") nas restantes. Esta última forma de traduzir é uma paráfrase.

(b) Em Col. 1:16, 17 a palavra "other" ("outras") é inserida, embora não exista no texto Grego. Isto acontece quatro vezes nestes dois versículos. Existem situações similares em outros versículos.

(c) Embora os tradutores digam que usam os significados literais das palavras, por vezes não traduzem de acordo com o significado que certas palavras tinham no primeiro século. Por exemplo, em Mateus 25:46 traduzem a palavra kolasis como "arrancar," enquanto em todas as 107 ocorrências conhecidas dessa palavra em escritos do primeiro século, o significado é sempre "punição," não é "arrancar," embora a palavra tivesse tido esse significado alguns séculos antes (é usada dessa forma na Septuaginta e nos Apócrifos).

(d) Por exemplo, Col. 1:16, 17 tem uma nota de fim de página para Lucas 13:2-4, para mostrar um paralelo. Contudo, as duas passagens não são de maneira nenhuma paralelas.

(e) Em João 1:1, devido à inexistência de um artigo ("o"), a Palavra é chamada "um deus." Contudo, no versículo 18, que também não tem artigo, a palavra "Deus" começa com maiúscula. Existem muitos outros exemplos similares.

[21] Gruss, 211.

[22] Stedman, R.C., "The New World Translation of the Christian Greek Scriptures," Our Hope 50; 34, Julho, 1953. 30 conforme citado em Gruss, 209.

[23] Martin, W., & Klann, N., Jehovah of the Watchtower, (Minneapolis: Bethany, 1974) 161. [N. do T.: A "exegese" do sr. Walter Martin, por sua vez, desperta-nos pelo menos tantas reservas como a da Watchtower.]

[24] Hoekema, A., The Four Major Cults (Exeter: Paternoster, 1963) 208-9.

[25] Bruce, F.F., The English Bible: A History of Translations (London: Lutterworth Press, 1961) 184 conforme citado em Gruss, 210.

[26] Metzger, B.M., "The New World Translation of the Christian Greek Scriptures" The Bible Translator 15:152, July, 1964.

[27] Rowley, H.H., "Jehovah's Witnesses' Translation of the Bible," The Expository Times 67:107, Janeiro 1956 conforme citado em Gruss, 213 e "How Not to Translate the Bible," The Expository Times conforme citado em Gruss, 212".

Tenho ainda vários estudos sobre as Testemunhas de jeová publicados neste blog. Cito-os:

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/10/em-defesa-da-doutrina-bblica-da.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/10/em-defesa-da-doutrina-bblica-da_05.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/10/em-defesa-da-doutrina-bblica-da_4846.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/10/realidade-bblica-do-castigo-eterno.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/11/ressurreio-fsica-e-real-de-cristo.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/11/jeov-e-o-nome-de-deus-importncia-do.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/01/volta-fsica-e-real-de-cristo.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/01/realidade-do-cu-de-glria-para-todos-os.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/01/os-144000-do-apocalipse.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/05/pecado-comer-carne.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/05/e-profecia-falhou.html

Espero que tudo o que foi escrito aqui, bem como o que se encontra escrito nos links citados, lhe ajude a compreender verdadeiramente o que é o movimento das TJs.

Abraço.

Anchieta Campos

Anônimo disse...

Olá amigos! Meu nome é Flávio e é um prazer comentar João 1:1.Sempre que um assunto na bíblia é controvérso,melhor é entende-la por completo.assim o inimigo não terá chance de enganar-mos. A BÍBLIA É AUTO SUFICIENTE PARA EXPLICAR-SE.No caso específico de João1:1 ,para aqueles que querem provar a não divindade de Jesus,terão de provar pela bíblia inteira e não apenas por um texto.João esta dizendo nessa passagem que Jesus é Deus,mas não é o Pai.Deus porque tem a mesma natureza,propósito,poder,digno de honra e louvor e ADORAÇÂO como oPai.É fácil entender quando se lê vários textos bíblicos que falam disso.Para aqueles que insistem em negar a divindade de Cristo,perigo à vista. Jesus deve ser tudo em todos nós.Essa é a vontade do Pai.Fiquem todos na paz de Deus!