quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Lucas 1:28 e a Imaculada Conceição de Maria

Os católicos afirmam que Maria viveu em uma “plenitude da Graça”, como se Deus a tivesse salvo antes dela cair no pecado da humanidade, e para sustentar tal tese, eles usam o versículo 28 do primeiro capítulo do Evangelho segundo escreveu Lucas, verso que diz: “E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo”, além é claro, da sagrada tradição oral. Puro fanatismo religioso! Vejamos o que diz a Bíblia: em João 1:17 está escrito: “E todos nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça; o que João nos mostra é que todos que recebem a Jesus como seu Salvador recebem da sua graça, da plenitude da sua graça; Maria fora chamada de agraciada ou cheia de graça, pois o anjo Gabriel já sabia, por intermédio de Deus, que esta aceitaria a Deus (Jesus Cristo) como seu Salvador (Lucas 1:47). Atos 4:33 diz: “Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça; mais uma vez a Bíblia nos mostra que a “graça abundante” estava sobre todos os apóstolos e não apenas sobre Maria. Atos 6:8 diz: “Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”; novamente a Palavra de Deus contraria a teologia católico romana, expressando claramente que Estevão (que nem apóstolo era) era um homem cheio da graça de Cristo! Se formos aplicar o raciocínio católico romano, Estevão e os Apóstolos também não pecaram, além de todos os salvos, pois para se salvar necessitamos da graça de Deus, e de forma abundante, cf. Rm 5:20 “mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça”! Finalizando, o próprio Cristo afirmou que mais bem-aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam do que o ventre que lhe trouxe ao mundo e os peitos que o amamentaram (Lucas 11:27-28).

Um fato interessante a ser observado é que o livro de Atos relata inúmeros milagres e prodígios realizados pelos apóstolos e seus seguidores, mas não relata nenhum milagre realizado por Maria, fato intrigante, visto que a mãe de Jesus é tida pelos católicos romanos como uma poderosa intercessora e realizadora de milagres. E mais, seu nome mal é mencionado no Novo Testamento, tirando as alusões ao seu nome nos evangelhos (que já são poucas), ela só é citada novamente em Atos 1:14, depois vê-se um silêncio tenebroso do nome da mãe de Jesus pelos próprios apóstolos e outros escritores do NT. Outro fato bastante intrigante é o de não haver nenhum registro no NT do tão importante fato de Maria ter sido concebida sem pecado e ter se mantido livre do mesmo durante a sua vida. Como pode algo extraordinário e de suma importância para a fé cristã não ter sido registrado pelos contemporâneos de Maria?

Destarte a própria Bíblia elimina qualquer sustento para tal tese. Em Rm 3:23 Paulo escreveu que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”; Paulo, contemporâneo de Maria e dos outros apóstolos, não abre a exceção de Maria, pois a mesma, como ser humana, também fora concebida em pecado (Salmo 51:5) e, obviamente, participante de outros. Em II Co 5:15 Paulo escreve que “ele [Jesus] morreu por todos”; Rm 3:9 diz “todos estão debaixo do pecado”; Rm 5:12 diz “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram”; João nos fala em I Jo 1:10 que “Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”; I Jo 1:8 repete novamente, dizendo “Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”; I Re 8:46 e II Cr 6:36 diz “pois não há homem que não peque”. Fora dessas ainda há muitas outras referências bíblicas falando sobre a universalidade do pecado na humanidade.

Finalizando, para que Maria tivesse nascido sem pecado, ela teria que ter nascido do Espírito Santo (sendo assim não mais humana, mas sim uma deusa), ou sua mãe teria que ter nascido sem a mancha do pecado original, e sua avó, bisavó e assim sucessivamente em uma cadeia ininterrupta até chegar em Eva, que, infelizmente, caiu no pecado juntamente com Adão ao comer do fruto proibido (Gn 3:6).

Sem pecado mesmo meu caro leitor, só teve um e nunca terá outro, e esse um é Jesus!
"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" Hebreus 4:15.

Anchieta Campos

2 comentários:

david santos disse...

SOMOS OU NÃO SOMOS?

Os políticos e os juízes já estão perdidos,
Por incúria, desonestidade e falta de dignidade,
Mas o caso de Flávia só se perde,
Se entre nós, os honestos, não houver solidariedade

Rodrigo Pedroso disse...

Prezado Anchieta:

Que ironia um apologeta protestante ser forçado a identificar-se com o nome de um daqueles que trouxeram o catolicismo para o Brasil. Louvado seja Deus: toda as vezes em que falarem no teu nome, as pessoas lembrarão do Bem-aventurado Anchieta!

Só duas pessoas são chamados pela Escritura de "cheios de graça": Maria (Lc 1,28) e seu filho Jesus (Jo 1,14). A expressão que se traduz em português por "cheio de graça", em Atos 6,8, no original grego escreve-se «πλήρης πιστεως» ("plíris písteos") e não «πλήρης χάριτος» ("plíris cháritos"). Basta consultar a Bíblia grega:
http://www.myriobiblos.gr/bible/nt2/acts/6.asp
«Пίστις», em grego, significa dom de profecia. É «χάρις» ("cháris") que significa propriamente a graça santificante. No caso de Maria, a expressão que a Biblia usa é «κεχαριτωμένι» ("kecharitoméni"), que é um participio perfeito, que indica um estado que resulta de uma ação passada e que permanece. Supondo que Maria tivesse sido plenificada da graça no instante em que o Anjo a saudou como tal, o Evangelho usaria a palavra «χαριτουμένι» ("charituméni"), que é o participio presente.

Vamos estudar o original, gente!

Que Deus te dê a graça de tornar-se um apóstolo do verdadeiro Evangelho, como foi seu homônimo o Bem-aventurado Anchieta.