sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O Batismo no Espírito Santo é o selo (ou penhor) da redenção?

Estava em um congresso de mocidade da Assembléia de Deus de uma cidade aqui do RN, mais especificamente da região da minha Pau dos Ferros. Tudo estava indo como o esperado, tudo nos conformes e padrões que somos acostumados a ver, apresentações de obreiros da região, hinos inspirados e espirituais, outros bem carnais é verdade (eu disse que estava tudo indo como o esperado); canta fulano, canta fulana, apresenta beltrano e convidemos pastor tal para orarmos pelo jovem pregador “Jônaseph dos anzóis”.

Até o citado acima estava tudo indo realmente no normal, nada que eu não esperasse ver e ouvir (algumas coisas na verdade eu não queria ter visto nem ouvido), até me animei pelo fato do pregador ser jovem como eu, com certeza foi uma ótima oportunidade para mostrar ainda mais o valor e a capacidade dos jovens para muitos líderes “invejosos”! Doce ilusão! O amado irmão podendo ter mostrado maturidade bíblica, doutrinária e teológica, o que com certeza iria agradar a parte dos pastores e irmãos não modistas e anti-heresias e profetadas que ali se encontravam, além de principalmente agradar ao Senhor Jesus e honrar a sua Palavra, mostrou foi o contrário. Atitudes como assoprar no micro-fone (puro apelo emocionalista), frases conhecidíssimas como “é hoje!”, “receba!”, “adore!”, “estou vendo brasas de fogo sobre os irmãos!”, além de outras pérolas sem fundamento bíblico marcaram o seu “sermão”. Eu fazia apenas orar pelo irmão pregador para que o Espírito Santo lhe ajudasse, até o momento em que Jesus batizou alguns irmãos no Espírito Santo (sem julgar se eles foram verídicos ou não) e o nobre irmão pregador disse: “Jesus acabou de selar quatro aqui na frente com o Espírito Santo!”, ao ouvir tal afirmativa eu imediatamente olhei para um irmão da minha igreja que estava ao meu lado e ele também olhou para mim, apenas rimos igualmente e balançamos as nossas cabeças em um sinal nada animador.

Tomando por base o verso de 2 Co 1:22 que diz: “O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações”, muitos irmãos afirmam erroneamente que o crente só é selado quando o mesmo recebe o Batismo no Espírito Santo, colocando assim o referido batismo no campo soteriológico (salvação), o que, sinceramente, é um absurdo teológico. Somos selados por Deus com o seu Espírito Santo no momento em que cremos, em que aceitamos a fé salvadora em Jesus, é o que fica claro em Ef 1:13,14: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”. Somos selados quando cremos no nome de Cristo e O confessamos como nosso Salvador, é aí que temos a nossa salvação certa e garantida (1 Jo 5:13 e Rm 10:9).

O selo serve como identificador de posse (2 Tm 2:19), como garantia de uma entrega segura para determinado destino (Ef 4:30) e como um meio de se realizar separação entre os que são de Deus e os que não são (Ap 7:3). Destarte, se o Batismo no Espírito Santo fosse o selo (ou garantia) da salvação, teríamos que admitir que a salvação seria imperdível, haja vista que os dons que Deus deu ao homem não estão submetidos ao arrependimento divino (Rm 11:29), mas nós sabemos que a salvação (como selo) pode vim a ser perdida (Jr 22:24).

Portanto, colocar o Batismo no Espírito Santo como o selo ou garantia da promessa da salvação é um erro. Salvação e sua certeza individual são uma coisa, ser revestido de poder para anunciar a palavra com ousadia é outra totalmente diferente.

Anchieta Campos

6 comentários:

Anônimo disse...

Todos ja temos um acusador, cuidado para não ser usado por ele.
Ensine pelo exemplo.

A palavra diz que seriamos conhecidos pelo amor, uns pelos outros.

Ame estes pastores, ore por eles.

No amor de Cristo

Anchieta Campos disse...

Caro Anônimo, a paz do Senhor (seja lá quem for).

Obrigado pela sua participação em meu blog. Como você pôde perceber eu não uso da moderação, pois vejo que todos tem o direito de expor seus pensamentos, mesmo que divergentes dos que estão no controle.

Primeiramente não acusei ninguém, mas sim um erro muito comum em nosso meio. Todos somos passíveis de falhas, mas corrigir erros bíblicos/doutrinários não é acusar, mas sim querer um melhor crescimento para o Reino de Deus.

Lembre-se do exemplo de João Batista, Jesus, Paulo, Pedro, João e os demais escritores neo-testamentários, que mesmo amando aos outros os corrigiam, para o bem deles e da Igreja do Senhor.

No demais, abraços fraternos! Que o nosso Deus lhe abençoe sempre, em nome de Jesus.

Anchieta Campos

Anônimo disse...

Irmão Anchieta,

Entendi e concordo com sua preocupação descrita no texto com objetividade e clareza. Temos que estar atentos com o que tem sido levado aos púlpitos de nossas igrejas. Vivemos momentos muitos difíceis, não acho que estamos no fim dos tempos,mas nos aproximamos dele, e a Igreja de Cristo precisa estar preparada e isso somente acontecerá se nossos pastores, bispos apóstolos, missionários pregarem de verdade a palavra de Deus e se afastarem dos modismos com bem disse o irmão.
Que a paz de Cristo esteja com todo

Anchieta Campos disse...

Caro Anônimo, saudações em Cristo.

Obrigado pelo seu rico e objetivo comentário, bem como pelas palavras de apoio e incentivo.

Somos todos falhos, mas a Palavra de Deus não o é, portanto é plenamente possível aprendermos e ensinarmos de modo correto, sendo esta ação mui louvável por Deus, pois é um modo de honrar a Deus e a sua Palavra.

Este erro, como já mencionado, é bastante comum em nosso meio; não é tão grave, mas pode ser a porta de entrada para outras heresias mais sérias e destrutivas, devendo, portanto, ser combatida como qualquer outro ensino herético.

Abraços.

Anchieta Campos

Lucas disse...

Prezado Anchieta, gostaria que comentasse a resposta dada por Samuel Nystron sobre este tema.
No aguardo

Lucas
http://www.eetad.com.br/v3/bacharel/textos/18/Samuel_Nystrom_Resposta_a_certas_perguntas_de_uma_carta.pdf

Anchieta Campos disse...

Caro Lucas, saudações em Cristo

Samuel Nystron foi um grande homem de Deus. Um erudito e destaque teológico, sem sombra de dúvidas. Mas neste caso pontual, o mesmo cometeu um equívoco hermenêutico, pelos fundamentos já expostos no meu artigo.

O selo está estrita e necessariamente relacionado com a salvação (Ef 4:30). Se crermos que o selo (ou penhor) do Espírito Santo é somente com o batismo do Mesmo, onde fica a salvação dos que não foram batizados com o Espírito Santo?

Em Cristo,

Anchieta Campos