domingo, 14 de setembro de 2008

O cristão e o serviço militar

As conversas que tive com alguns irmãos nos últimos tempos tem sido relembradas e servido de inspiração para temas neste blog.

Recordei das palavras de um irmão, de outro ministério, o qual dizia que não fez o juramento à bandeira quando fora “tirar” a sua carteira de reservista. O mesmo irmão disse que se fosse convocado para uma guerra não iria, e, se fosse, não mataria a custo nenhum, mesmo que compatriotas seus e ele mesmo viessem a morrer por causa de sua inércia. Na verdade esse irmão tava mais para um Testemunha de Jeová do que para um cristão bíblico.

Mas afinal de contas, é pecado o crente servir as forças militares? É pecado o crente matar um soldado inimigo em plena guerra? Pode até ser que o que irá ser exposto mais adiante choque alguns irmãos, mas tenho a plena convicção de que estarei agradando a Deus e não a homens (Gl 1:10; 1 Ts 2:4), pois estarei honrando a Palavra Escrita de Deus.

Não, não é pecado, nem uma coisa nem outra. Se olharmos para o Antigo Testamento, onde se encontrava expresso na lei que não matarás (Êx 20:13; Dt 5:17), vemos mesmo assim, e é algo público e notório para todos que tem o mínimo conhecimento da Bíblia, que Israel era uma nação organizada no quesito militar, ativa em guerras para defender suas terras e seu povo (1 Sm 13:2; 24:2; 26:2; 2 Sm 15:19-22; 2 Sm 11:1; 1 Cr 20:1-3; 1 Cr 27; 1 Re 10:26), e Deus nunca censurou o seu povo por isto. A incidência do ensino de “não matarás” incidia sobre não matar o inocente e o justo (Êx 23:7; 2 Sm 4:11; Sl 37:14,15). Ver ainda Sl 139:19 e Is 11:4.

E alguns podem questionar: mas e na Nova Aliança? Não seria na graça o sistema um tanto quanto diferente? Realmente não! A passagem de Mt 8:5-13 é simplesmente cabal para o tema em questão. Os centuriões eram pessoas que chefiavam 100 soldados no Império Romano, ou seja, pessoas de guerra, que lutavam por Roma e sua autoridade, e a passagem referida demonstra tanto o entendimento do centurião sobre quem era Jesus, bem como revela a sua singular fé, fato testificado pelo próprio Cristo. Oras, Jesus, mais do que qualquer pessoa, sabia o que dizia e o que ensinava, e o Mestre jamais iria reconhecer e enaltecer a fé do centurião se ele fosse uma pessoa ímpia, pecadora, afastada de Deus e sem entendimento.

E o que falar de Cornélio? Um centurião “piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus” At 10:2. Lucas sabia o que estava escrevendo, e escrevendo sobre a inspiração do Espírito Santo! Ver também At 28:16.

Ao analisarmos Lc 3:14 “E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo”, vemos aqui que João Batista não censurou nem ordenou que os soldados abandonassem seu ofício, mas pelo contrário, pois quando João Batista disse “contentai-vos com o vosso soldo”, em outras palavras ele estava dizendo que eles se contentassem com o pagamento militar a que eles faziam jus; portanto, João Batista aconselhou que eles continuassem a viver dignamente da profissão de soldados.

Por fim, não poderia deixar de citar os textos de Rm 13:1-7 e 1 Pe 2:13-17, os quais explicam muito bem o sentido e razão de existir das autoridades, bem como os motivos pelos os quais devemos ser submissos a elas. É claro que, quando as leis humanas divergirem da Suprema Lei Divina, optaremos pela última, pois antes Deus do que o homem (cf. Dn 3:1-18; 6:5-13; At 5:28,29), mas como já fora mostrado, não é o caso do serviço militar e das guerras.

É claro que mesmo sendo uma guerra, existe uma norma ética e moral no campo de batalha, sendo que o crente estará pecando se desobedecê-las, como praticar certos tipos de morte comumente qualificados como desumanos, praticar a tortura, matar civis inocentes, abusar de mulheres, defraudar companheiros, etc. Acredite, é possível um cristão entrar e sair de uma guerra, honrar e defender seu país, e mesmo assim não desagradar a Deus.

Com amor,

Anchieta Campos

4 comentários:

Anônimo disse...

Prezado irmão,

A paz do Senhor!

Glória a Deus pelo excelente artigo,não tenho dúvidas que o povo de Deus precisa estar instruído no assunto abordado pelo amado irmão.

As postagens aqui expostas são todas muito boas,mas pelo fato de trabalhar na área de segurança pública vou escolher esta para participar da promoção de aniversário do seu blog. Abraços fraternos!

Josiel.

Anchieta Campos disse...

Caro irmão Josiel, a paz do Senhor!

Obrigado pela sua visita e palavras de apoio e incentivo, as quais muito me honram e motivam a continuar com este santo ofício. Deus o recompensará por isto!

Realmente o povo de Deus precisa estar mais fundamentado neste assunto, o qual tenho como muito importante para a Igreja do Senhor, e suas palavras, como quem trabalha e conhece bem a área, são muito importantes.

Abraços fraternos e boa sorte na promoção do blog. Deus o abençoe cada vez mais amado irmão.

Anchieta Campos

Sammis Reachers disse...

Amado irmão Anchieta, graça e paz.

Amado, sou um admirador deste blog, e de seus artigos, principalmente os apologéticos.

No assunto em questão, respeito sua opinião, mas sou de parecer que o cristão não deve matar em hipótese alguma.
Utilizemos aquela velha pergunta da pulseirinha dos jovens americanos:
"O QUE JESUS FARIA?"
Poderíamos imaginar Jesus empunhando um fuzil? E o pior: fazendo uso dele? Ou só podemos imaginá-lo dando a outra face a um agressor?

Só posso imaginá-lo dando a outra face; e só posso imitá-lo.

Claro, a graça de Deus é tremenda, e de forma alguma o cristão está impedido de servir às forças militares ou de segurança. Mas creio que, na 'hora da verdade', o cristão não deve nunca puxar um gatilho, ainda que sofra a pena. Lembremos das vezes em que Jesus fugiu de seus opressores, pois não era a hora. De mais a mais, fora no caso da convocação obrigatória em caso de guerra, existem sempre outras opções de trabalho para o cristão. E um Deus gracioso que abre as portas.
Particularmente vejo a simples posse de uma arma (que não serve para NADA, senão MATAR), como submeter-se (o cristão) a um jugo desigual. Nosso reino não é deste mundo, assim como nossas armas também não.

Amado, esta é a minha opinião particular, que aplico para a minha vida; não procuro convencer outros, pois não sou o dono da verdade, e como o irmão expôs, há versículos que podem apoiar uma visão contrária (como vice-versa). Só a estou expondo em virtude de tal tema estar sendo avaliado.

Cada qual julgue em seu coração. Mas lembramos que o 'feito sem fé, pecado é'. Se alguém não está certo do que está fazendo, ponha a cara no pó, pois Deus não negará uma resposta, nem uma solução.

Deus lhe abençoe, e continue firme neste propósito de levar edificação a todos.

Um abraço fraterno do irmão Sammis

Anchieta Campos disse...

Caro irmão Sammis, a paz do Senhor.

Obrigado pela sua rica e importante participação. Sinta-se sempre bem para interver neste espaço.

Li, entendi e respeito (e admiro), sinceramente, o seu ponto de vista, o qual também não deixa de ser louvável.

Agora, tenho que reforçar o meu entendimento sob o enfoque bíblico do tema em questão. É claro que se depender do cristão o mesmo deve evitar participar da morte de quem quer que seja, mas se depender somente dele. Não defendo a justiça com as próprias mãos, pois isto cabe (de um modo provisório e paleativo) ao Estado humanamente falando, e a justiça cabal e eterna será realizada pelo nosso Deus de acordo com a sua Palavra, sendo somente esta última perfeita e isenta de falhas.

No demais, não é algo fundamenta da doutrina sistemática cristã.

Forte abraço!

Anchieta Campos