sábado, 20 de junho de 2009

A observância dos mandamentos e a salvação

A relação entre observar os mandamentos (em sentido geral) e a salvação, aparentemente lembra um paradoxo, mas não o é.

Primeiramente tem que se destacar que o mero fato de observar os mandamentos da lei mosaica não garante a vida eterna (cf. Mt 19:17-24). Destaque-se ainda, de pronto, que conforme a referência supra citada, a guarda do sábado, a observância da circuncisão, a observância das festas judaicas, os holocaustos, e outros caracteres da lei mosaica, não foram citados por Jesus como requisitos para a salvação (ver At 15:25; 1 Co 7:18-20; Cl 2:16,17).

A bem da verdade, é inconteste que a observância da lei e seus mandamentos não tem o poder de tornar o homem justo perante Deus, mas tão somente o sacrifício de Cristo é que detém tal eficácia (cf. Rm 3:19-28; 8:3; Gl 2:16,21; 3:10,11; Ef 2:8,9,13-16; 2 Tm 1:9; Hb 9:19-28; 10:1-4), tendo a lei sido revogada como meio divino para se chegar à Deus (cf. Gl 3:24,25; Hb 7:18,19).

Uma passagem bastante pertinente sobre o tema é Mt 5:19, que diz: “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus”. Aqui Jesus está se referindo justamente à lei mosaica (v. 18), e percebemos que a ênfase soteriológica repousa no ensino, e não necessariamente na irrestrita e perfeita observância dos mandamentos ensinados. Vemos que mesmo que um crente chegue a violar algum mandamento, ainda assim o mesmo poderá herdar o reino dos céus, pois na verdade não há pessoa alguma que esteja isenta de pecar (Ec 7:20; 1 Jo 1:8-10). Lembremos ainda, como eu já disse aqui no blog em outra oportunidade, que por mais que o exterior possa ser um reflexo do interior de uma pessoa, o mesmo é enganoso em ambos os sentidos, sendo que o que define realmente uma pessoa para com Deus é o seu interior (1 Sm 16:7; 2 Co 5:12; Gl 2:6; Cl 2:23; 3:22; 2 Tm 3:5). Por isso que o julgamento de uma pessoa deve se iniciar sempre pela doutrina que a mesma professa (Rm 16:17; Ef 4:14; 1 Tm 1:3,10; 4:1,6; 6:3-5; 2 Tm 4:3,4; Tt 1:9; Hb 13:9; 2 Jo 1:9,10; Ap 2:14,15), sendo que os atos condenáveis (Gl 5:19-21; Ap 21:8; 22:15) não são necessariamente o estado permanente e imutável de uma pessoa, cf. 1 Co 6:9-11; Ef 2:2,3; 5:8; Cl 1:21; 3:5-8; Tt 3:1-5.

Para uma melhor compreensão sobre a relação entre o crente e o pecado, ver meu artigo O crente e o pecado.

Os mandamentos maiores da fé cristã não estão relacionados diretamente com a observância dos regramentos da lei, mas sim em relação a termos fé em Jesus e a amarmos uns aos outros (1 Jo 3:23; 4:21; Jo 13:34,35; 15:12). Ver Mt 22:36-40.

Portanto, a observância dos mandamentos da lei mosaica não é requisito para a salvação. Pontos como a guarda do sábado, circuncisão, festas judaicas e holocaustos, não fazem parte do quadro de mandamentos que devem ser observados na Nova Aliança. A observância perfeita dos mandamentos confirmados pela Nova Aliança, bem como os surgidos na mesma, conquanto sirvam de padrão para a vida cristã, não vem a ser requisito primário e indispensável para a salvação, visto que, conquanto o crente sempre busque levar uma vida santa aqui na terra, o mesmo jamais conseguirá ter uma vida imaculada; devendo, quando pecar (o que deve ser exceção na vida do crente), buscar em Cristo (e não na inútil observância dos mandamentos) o perdão pelos pecados (cf. 1 Jo 2:1,2).

“Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” 1 Tm 1:5.

“Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” Mt 7:20; “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei” Gl 5:22,23.

Anchieta Campos

10 comentários:

Anônimo disse...

Anchieta,

Importante e oportuno tema. E como sempre, muito bem desenvolvido.

Que o Senhor o preserve assim.

Em Cristo,

Clóvis

Anchieta Campos disse...

Prezado Clóvis, a paz do Senhor.

A soteriologia, por tratar da sistemática bíblica que disciplina os caracteres definidores do estado eterno do homem, é de uma importância diferenciada na teologia. Simplesmente amo de um modo especial o estudo bíblico da salvação.

No demais, é muito gratificante ser reconhecido como um bom escritor cristão por uma pessoa que nem você. Deus seja louvado por isso!

Digo, sem hipocrisia alguma, que se o meio protestante tivesse mais pensadores como você, a nossa situação como igreja evangélica estaria bem melhor.

Abraço.

Anchieta Campos

JamesCondera disse...

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Misericórdia, e paz, e amor vos sejam multiplicados, amado em Cristo, nobre irmão Anchieta Campos.


Tão somente como nos traz, a observância dos mandamentos na Lei mosaica não serem requisitos a salvação, e o serem indispensáveis na Nova Aliança... Exímio estudo!

Entretanto, creio que, seria um tanto quanto conveniente e proveitoso, também, fazer um parêntese aos DÍZIMOS, outrossim, não como insistente neste assunto polêmico, mas, como já afirmado, na Nova Aliança, e, sendo fruto, por certo, na atual exigência da contribuição dizimistas, e por um fundamentalismo exacerbado que não se pode atribuir tal exigência como fruto de inspiração divina!

Levando assim, milhares a filas infindáveis de evangélicos usurpados em sua fé, porém, uma fé condicionada ao retorno de bênçãos, e não na gloriosa esperança em Cristo Jesus.

Deus o abençoe, fortalecendo em sabedoria, para a qual muito nos tem agraciado.


Nos interesses de Cristo e Sua Igreja.

Fraternalmente.

James.

Jesus, o maior Amor
-
Comunidade "Adoradores em Casas"

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Anchieta Campos disse...

Caro amigo e irmão James Almeida, a paz do Senhor.

Mais uma vez tenho a honra de receber um comentário seu em meu humilde espaço, o que vem a ser motivo de gozo e estímulo para continuar com este serviço cristão.

Em relação ao dízimo, o mesmo não vem a ser diretamente recomendado no NT, bem como não ver a ser diretamente menosprezado(diferentemente do sábado, circuncisão, certos alimentos, festas judaicas, etc.).

Tenho a dizer, neste momento, que é evidente que a qualidade de dizimista não é requisito para salvação, nem fator objetivo/fatalista para receber as bênçãos de Deus. Creio que a doutrina básica sobre o tema é esta; sendo assim, toda e qualquer produção sobre o tema deve defender estas duas verdades, e deixar que cada um individualmente escolha como deve contribuir financeiramente para sua igreja local.

Forte abraço.

Anchieta Campos

JamesCondera disse...

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Misericórdia, e paz, e amor vos sejam multiplicados, amado em Cristo, nobre irmão e amigo Anchieta Campos.


Permita valer-me de vossa rica paciência em receber e tecer comentários as nossas mensagens, assim sendo, gostaria de expor:


Em primeiro, jamais sou contrário aos anseios de nossos amados irmãos que almejam, humildemente em seus corações e conforme suas prosperidades, contribuir financeiramente para sua igreja local (muito embora, sou contrário a maneira como seus chefes as conduzem).

Em segundo, verdadeiramente, ser dizimista não é condição para salvação, conforme o amado irmão muito bem tem demonstrado.

Em terceiro, quero salientar, como o fiz anteriormente, é a imposição com ameaças que, os que são chamados de líderes vêm impingir...

... este pormenor sim, precisa urgentemente ser salientado aos nossos irmãos que, talvez por preguiça ou inocência (se bem sabermos que, perante o Senhor ninguém é inocente) espirituais, vivem na ilusão malaquiana dos retornos de bênçãos...

... outrossim, muitos através deste engodo religioso, contribuem por medo e não por amor, estando assim, vivendo uma vida cristã não nos moldes soberanos de Deus, mas, permeando uma vida que, com certeza, os levará a perdição, uma vez que, seguem a homens e não a Deus!

Assim sendo, entendo ser fundamental, através de seu exímio espaço, que este alerta seja levado a um povo evangélico que vive cativo na maldição dizimista malaquiana aos moldes humanos, portanto, sujeitos ao cumprimento de toda a Lei mosaica, e, não libertos por Jesus Cristo...

Por assim dizer, necessário se faz por mandamento divino, trazer a luz do evangelho que, na graça, indispensável será a exigência dos dízimos malaquianos e que, as contribuições sejam espontâneas conforme o desejo do coração e não conforme imposição humana!!


Nos interesses de Cristo e Sua Igreja.

Fraternalmente.

James.

Jesus, o maior Amor
-
Comunidade "Adoradores em Casas"

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Anchieta Campos disse...

Caro irmão James, a paz do Senhor.

Sabes que este espaço é totalmente aberto para intervenções suas sobre qualquer tema e em qualquer momento. Sabes também que é sempre motivo de alegria contar com suas palavras neste humilde espaço cristão.

Em relação ao seu último comentário, conforme o norte já exposto em minhas palavras postadas acima, tenho a dizer que concordo plenamente com o mesmo, não havendo o que acrescentar, mas apenas retificar o que você sabiamente expôs.~

Sem mais para o momento, renovo os nossos já fortes laços de fraternidade, confiança e irmandade.

Abraço.

Anchieta Campos

Anônimo disse...

A paz Irmão Anchita!!!

Muito bem lembrado irmão Anchieta, que Cristo veio com o Novo Testamento com o Amor e pregando simplesmente o Amor, e a lei mosaica é levada sua ênfase no Antigo Testamento!!!

Um forte abraço e seus artigos ta cada vez melhor!
Obrigado!!!

Anchieta Campos disse...

Caro irmão Leandro, a paz do Senhor.

Mais uma vez obrigado por sua visita e participação. Deus te abençoe por isso.

A dispensação da graça está intimamente ligada ao fator subjetivo, diferentemente da lei, onde o fator objetivo era primordialmente observado.

Abraço.

Anchieta Campos

Prof. Israel Lima disse...

A Paz do senhor!

Tenha um ótimo domingo1

Um abraço

Anchieta Campos disse...

Caro Prof. Israel Lima, a paz do Senhor.

Um ótimo domingo e uma ótima semana para o nobre irmão!

Deus te abençoe cada vez mais. Amém.

Abraço.

Anchieta Campos