sábado, 20 de junho de 2009

Entendendo Salmo 1:5

“Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos” Salmo 1:5.

Não é raro ouvirmos sermões onde, desvirtuando-se a boa hermenêutica, o versículo acima é citado como fundamento para a falsa idéia de que ‘os pecadores intra-eclésia findarão por abandonar a igreja evangélica em que congregam antes de morrerem’ (não se sabe por intermédio de que força), sendo assim esta “congregação dos justos” a igreja evangélica local.

Primeiramente tem que se destacar que isso é apenas mais um reflexo da materialização da fé. Tudo que é espiritual, celeste, está sendo adaptado e recebendo uma capa de secularização, sendo que o conceito de igreja é um dos que mais tem sofrido com este mal. Mais uma triste constatação inegável.

Pois bem, a verdade sistemática bíblica é que o salmista (não se sabe o autor deste Salmo 1) não quis dizer que a “congregação dos justos” se refere a uma congregação terrena, secular, mas sim o mesmo fez menção ao céu eterno de glória, onde realmente os ímpios pecadores não terão participação alguma (1 Co 6:9,10; Gl 5:19-21; Ap 21:27; 22:14,15). E para se alcançar tal conclusão, além da própria sistemática bíblica, basta apenas recorrer ao próprio versículo em análise.

O termo “juízo”, na primeira parte do verso, é uma clara alusão ao juízo final, o que determinará o destino eterno de cada ser humano. Ao se aceitar o termo “congregação dos justos” como sendo as congregações protestantes, simplesmente estar-se-ia colocando a salvação como propriedade exclusiva das mesmas, onde só se salvaria quem estivesse forçosamente se congregando em alguma igreja protestante, além de garantir ao crente que, enquanto participante de uma igreja evangélica, o mesmo necessariamente seria um justo/salvo, visto que subsistiu na “congregação dos justos”. Logo a salvação estaria restrita só e tão somente a fatores externos (estar fisicamente em uma igreja evangélica), conclusão essa que vem a contrariar tudo que a Palavra ensina sobre salvação e comunhão com Deus.

Discorrendo sobre o tema, o memorável teólogo Donald C. Stamps, autor das notas e estudos da Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, assim se expressou com a sua peculiar propriedade:

“1.4-6 OS ÍMPIOS. O Sl 1 descreve os pecadores impenitentes sob três quadros horríveis: (1) são como a “moinha” lançada para longe por forças que não conseguem ver (v. 4; ver Ef 2.2 nota); (2) serão condenados na presença de Deus no dia do juízo (v. 5; cf. 76.7; Ml 3.2; Mt 25.31-46; Ap 6.17); (3) perecerão eternamente (v. 6; ver Mt 10.28 nota)”.

Como bem frisou Stamps, o versículo 5 trata da condenação ‘no dia do juízo’, e não de uma separação ainda terrena. Lembremo-nos que muitos que se dizem crentes e que se congregam serão condenados no dia do juízo (cf. Mt 7:21-23; Tg 1:26; Ap 2:4,5,16; 3:3), não devendo nós colocarmos a confiança no fato de estarmos com regularidade em um templo dedicado à Deus (cf. Jr 7:2-4).

Portanto, não procede o pensamento de que todos os que permanecerem em uma igreja local é porque Deus tem “negócio” com eles, ou que tal membro de cadeira cativa na igreja é certamente um justo/salvo. A salvação não repousa exclusivamente dentro de um templo protestante, conquanto venha a ser o ideal que um conhecedor e seguidor da Palavra se congregue em uma igreja reformada.

Anchieta Campos

2 comentários:

Anônimo disse...

A paz do Senhor irmão Anchieta!!!

Entendendo esse Salmo 1.5

É bem claro que os ímpios subsistirão no "dia do juizo". No dia do Juizo apenas, não quer dizer que temos a obrigação de congregar onde não se sentimos avontade!
O que devemos fazer é não aceitar julgamento de carnais com nós, pois esse julgo cabe apenas a Deus em nome de Cristo Jesus, que é manso e humilde, e tem o julgamento leve, "como a palavra diz"
Agora não podemos tambem é deixar a igreja onde se sentimos bem para congregrar em outro local, devido a um "ministerio" que pode ou não ta em contradição com o que quer dizero Sl 1.5.

Forte abraço

Anchieta Campos disse...

Caro Leandro, a paz do Senhor.

A nossa congregação deve ser um lugar onde nos sentimos bem, onde a Palavra é pregada de forma pura e verdadeira, bem como onde tenhamos comunhão uns com os outros. Essa deve ser considerada uma congregação boa, mesmo sabendo que a composição da mesma não reflete exatamente a composição da Igreja Verdadeira que se encontra dentro da igreja local.

Abraço.

Anchieta Campos