quarta-feira, 10 de junho de 2009

Compreendendo a Festa de Corpus Christi

Amanhã (11/06) será feriado nacional. Particularmente achei bom saber que não precisarei ir trabalhar amanhã de manhã, bem como não precisarei me deslocar até a cidade paraibana de Sousa para a minha faculdade. E a quem devo essas minhas alegrias? Oras, claro que devo estas “bênçãos” à Igreja Católica Romana (e depois ainda dizem que ela não funciona!).

Pois bem, falando sério agora, o fato é que o feriado não é em homenagem a algum nome histórico do Brasil, nem mesmo é em comemoração a algum fato histórico importante para a nossa querida nação brasileira. Comemora-se neste dia a independência? A proclamação da República? Não! O dia 11 de junho de 2009 é feriado nacional em virtude da festa católica romana de Corpus Christi. É, depois dizem que o Brasil é um país laico, onde o Estado não tem influência alguma da toda poderosa igreja romana.

A Festa católica romana de Corpus Christi (expressão latina que significa “Corpo de Cristo”), foi instituída oficialmente pelo Papa Urbano IV com a sua Bula ‘Transiturus’, de 11 de agosto de 1264, sendo que o mesmo viera a morrer pouco tempo após a promulgação da referida Bula. A festa foi instituída para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes, tendo uma tríplice finalidade:

1) Prestar as mais excelsas honras a Jesus Cristo;

2) Pedir perdão a Jesus Cristo pelos ultrajes cometidos pelos ateus;

3) Protestar contra as heresias dos que negavam a presença de Deus na hóstia consagrada.

Tudo começou com a freira agostiniana belga Juliana de Mont Cornellon (1193-1252). Ela teria tido insistentes visões da "Virgem Maria" ordenando-lhe a realização de uma grandiosa festa da Eucaristia no Ano Litúrgico. Juliana, que posteriormente viria a ser a Santa Juliana, afirmava que a festa seria instituída para honrar a presença real de Jesus na hóstia, ou seja, o corpo místico de Jesus na "Santíssima Eucaristia".

A festa é marcada por uma procissão realizada nas vias públicas das cidades, onde a hóstia (o corpo de Cristo para os católicos) é carregada sob um cuidado impecável. A procissão é realizada pelas vias públicas para atender a uma orientação do Código Canônico da Igreja Católica Romana, onde em seu art. 944 determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, “para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo”. É recomendado também que nestas datas, a não ser por uma causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (art. 395).

O ensino católico sobre a Eucaristia é de uma atrocidade teológica só. O texto oficial da igreja romana assim se expressa: “A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual”. Roma ainda doutrina que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que se encontra no céu. Esclarece também que essa mudança, conhecida como transubstanciação, “ocorre no ato em que o sacerdote, na santa missa, pronuncia as palavras de consagração: ‘Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue’.

Para completar as aberrações bíblicas, o catecismo católico ainda traz uma pergunta com relação ao Sacramento da Eucaristia nos seguintes termos: “Deve-se adorar a Eucaristia?”. E responde: “A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor”. Isto não passa de uma oficial recomendação à idolatria!

Como bem pode perceber o leitor atento e inteligente, a igreja católica romana ensina que quando o sacerdote romano abre sua boca e pronuncia as palavras mágicas “Isto é o meu Corpo; este é o meu sangue”, neste exato momento a hóstia se transforma (literalmente) no corpo de Jesus, e o vinho se transforma (literalmente) no sangue de Jesus. Isto, meu caro leitor, é um absurdo sem igual. Conhecendo como conheço as doutrinas da igreja de Roma, posso afirmar que este ensino é um dos mais sem lógica, nexo e fundamento bíblico que eu já vi.

Tomando por base textos bíblicos como Mt 26:26-29; Lc 22:14-20 e Jo 6:53-56, os “eixegetas” romanistas realizam uma interpretação sem contexto e, o pior de tudo, extremamente literal destas passagens. Me lembrei agora que um certo católico romano alegou que os evangélicos é que interpretam literalmente a Bíblia. É uma piada e tamanha ignorância mesmo.

Ao se crer que a doutrina da transubstanciação fora instituída e ensinada por Cristo na última ceia, está-se incorrendo em um extremo absurdo. Se fosse verdade este pensamento católico, teríamos então que admitir que o próprio Cristo estaria comendo e bebendo do seu próprio corpo e sangue no momento em que estava vivo (em carne e sangue) diante dos apóstolos! As palavras de Jesus foram simbólicas! Jesus quis dizer que “Este pão que estou partindo agora representa o meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho que neste momento está no cálice representa o meu sangue, que vai ser derramado por causa dos vossos pecados”. Não há nenhum bom senso e lógica em se interpretar as palavras de Jesus “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” como se fossem literalmente o seu corpo e sangue; ademais, lembremo-nos que não fora o pão e nem o vinho usados na última ceia que foram crucificado e derramado (respectivamente) na cruz do calvário, mas sim o corpo real de Cristo e o sangue real de Cristo, mostrando claramente que Jesus usou de uma linguagem meramente figurativa.

Devemos nos lembrar também que o corpo de Jesus, como homem, é uno; Jesus ressuscitou corporalmente (ver meu post A Ressurreição FÍSICA e REAL de Cristo), ascendeu aos céus em seu corpo físico e assentou-se à destra de Deus (Mc 16:19; Lc 24:51; At 1:9-11), sendo inconcebível que o corpo e sangue de Jesus estejam na terra na figura da Eucaristia, pois o mesmo encontra-se no céu. Destaque-se também que o corpo de Jesus atualmente é um corpo glorioso (Ap 1:13-16; Fl 3:21), além do ensino de Paulo que diz que carne e sangue não podem herdar a incorrupção (cf. 1 Co 15:50), logo a carne e o sangue de Cristo como homem não existem mais como o era aqui nesta terra antes de sua ascensão.

Lembremo-nos que Jesus sempre usou de figuras para lhe representar e representar o seu ministério. Jesus disse que Ele era a videira verdadeira e nós as varas (Jo 15:5), disse que era a porta (Jo 10:9) e disse ainda que era o pão vivo que desceu do céu (Jo 6:51), mas nem por causa disso nós imaginamos Jesus literalmente como sendo uma árvore onde nós podemos chegar e arrancar um fruto, uma porta por onde nós passamos por dentro e muito menos um pedaço de pão que possamos comer.

No demais, fora usado pão, e não uma hóstia com simbologia pagã, o que, por si só, já desqualifica (mais uma vez) a Eucaristia romana.

Anchieta Campos

10 comentários:

SOUZA disse...

Parabéns! Esse é o verdadeiro ensinamento! Somente a Palavra de Deus é que importa, e não as interpretações conforme a vontade da "ilustre" igreja romana. Jesus deve ficar constrangido pelo que fazem para agradá-lo! rsrs Que Deus tire as escamas, para que enxerguem a verdade... em nome do Senhor Jesus Cristo!

Anchieta Campos disse...

Caro Souza, saudações cristãs.

O catolicismo romano se encontra muito distante dos padrões bíblicos. Este artigo é apenas um exemplo dos grandes desvarios teológicos da ICAR.

Oremos e mostremos a verdade, para que, quem sabe, católicos venham a ser tocados pela verdade salvadora do Evangelho.

Um forte abraço e obrigado por sua preciosa visita.

Anchieta Campos

Anônimo disse...

Não da pra entender como tem gente que ainda
veneram esses tipos idolatria!!!
Fiquei observando alguns conhecidos meus, que
depois de procissão que eles aleguam naquele
momento estarem adorando o sangue e corpo de
Cristo, como pode sairem para um uma festa mundana
e encherem a cara!!!

Caro irmão vi alguns artigos seus:
"A disciplina eclesiástica local e a comunhão com Deus"
"Eu sou um herege?"

Com isso passei a ser leitor oficial de seu blog, pois gostei
da posição que vc impõe e toda com referências bíblicas!!!

Abraço!!!

Anchieta Campos disse...

Caro Leandro, a paz do Senhor.

Por essas e outras percebemos o quanto a tradição é forte, pois, mesmo essas pessoas não sendo católicas praticantes acabam por participarem destas festas de maior destaque. Não sabem as implicações diante de Deus destas atitudes ignorantes. Pensam que a piedade religiosa lhes dão aval para fazerem o que bem quiserem. Rejeitam, portanto, o único modo de terem o perdão dos pecados e uma nova vida, que é através de Cristo, por intermédio do conhecimento da Palavra.

Fico grato por suas palavras de apoio e incentivo, as quais também me despertam cada vez mais para a responsabilidade de produzir conteúdo cristão de qualidade, fiel para com a Palavra de Deus. É bom saber que nosso trabalho está sendo reconhecido, mesmo sabendo que a recompensa virá do Senhor.

Forte abraço.

Anchieta Campos

Marco Carvalho disse...

Sr Anchieta,
Entendo sua posição que envolve o dicernimento do mistério da fé.
Questiono como o Sr se sentiria ao estar um dia diante do santo grau.
Será que trataria o mesmo de forma tão material ?
Abs
Boa sorte na sua caminhada
Marco
marcoall7@hotmail.com

daladier.blogspot.com disse...

Muito esclarecedor seu post. Se o corpo de Jesus está na hóstia, seríamos obrigado de qual parte dele cada tomou para si? Logicamente, uma aberração. Teologicamente, um logro total. Parabéns!

Anchieta Campos disse...

Caro Marco, saudações fraternas.

Quis se referir ao Santo Graal?

Bem, primeiramente nunca estarei em frente ao mesmo; segundo, ele não passou de um cálice normal, e mesmo após Cristo tê-lo usado na última ceia, com certeza ele não passou a ser um objeto de valor espiritual diferenciado.

No demais, obrigado por sua participação.

Abraço.

Anchieta Campos

Anchieta Campos disse...

Prezado Daladier, a paz do Senhor.

Sua presença em meu blog é motivo de muita alegria. Deus seja louvado por sua vida.

Essa doutrina da transubstanciação é verdadeiramente um assassinato do bom senso e da boa teologia. É ignorância demais! As vezes nem dá para acreditar que tem gente que a defende.

No demais, muito obrigado por sua ilustre e enriquecedora visita ao meu blog.

Abraço.

Anchieta Campos

Anônimo disse...

Só pra veres que a teologia exegeta perde para as manifestações de Deus que permanecem até os dias de hoje, acesse os endereços abaixo. E lembre-se, Jesus foi o primeiro de uma nova Era. O Filho de Deus abriu caminho para a construção de uma nova Bíblia, o Novo Testamento, que no livro oficial parou nos dois primeiros séculos do Cristianismo. Uma heresia total. Nisso eu tenho que discordar dos católicos apostólicos romanos. A Bíblia continua a ser escrita, meu caro, e não podemos nos furtar a esta obra com apelos verborrágicos e orações estéreis. Veja os endereços e perceba que a Igreja de Roma, apesar de cometer a heresia de não escrever, está muito mais antenada com as Coisas de Deus: http://www.montfort.org.br/index.php?secao=imprensa&subsecao=igreja&artigo=20050728&lang=bra
Outro: http://deusvivorj.sites.uol.com.br/lanciano.htm
Mais um: http://capelansapiedade.vilabol.uol.com.br/milagreeucaristico.htm

Que o Deus vivo te abençoe e te faça compreender que sua obra é muito maior que alguns poucos livros importantes escritos em um momento muito anterior da história e que por várias vezes foram modificados por interesse dos próprios Cristãos.

Anchieta Campos disse...

Anônimo, saudações.

Realmente você não é um católico devoto a sua igreja. Na verdade você, por mais que seja um tanto zeloso com as tradições romanistas, é mais um (como na maioria dos católicos romanos) que não se situa doutrinariamente, preferindo a comodidade de uma doutrina "cristã" móvel/mutável do que a absoluta, inerrante, perfeita e suficiente Palavra de Deus escrita aos homens.

Sobre suas alegações de que "A Bíblia continua a ser escrita", e de que a obra de Deus "é muito maior que alguns poucos livros importantes escritos em um momento muito anterior da história", as quais procuram anular a suficiência das Escrituras, bem como defender a idéia da possibilidade da revelação de novas doutrinas, além de dar força a própria idéia da tradição doutrinária oral (ambos ensinos defendidas pela ICAR), recomendo, para esclarecimento, a leitura dos meus artigos:

http://anchietacampos.blogspot.com/2007/11/o-apelo-da-igreja-catlica-romana-tradio.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/01/ii-tessalonicenses-215-e-tradio-oral.html

http://anchietacampos.blogspot.com/2008/02/o-escapulrio-um-novo-evangelho-e-uma.html

Sobre os links deixados por você, o primeiro não abriu, e os dois últimos basicamente tem o mesmo conteúdo, e conteúdo bastante frágil por sinal.

Os textos não apresentam sistemática bíblica alguma (para 'variar' um pouco hein!?). Não há como atestar a veracidade do aludido exame pericial no pão e no vinho "consagrados" pelo sacerdote romanista; ademais, mesmo que isso fosse constatado, não anularia o ensino da Palavra de Deus exposto em meu artigo.

Lembre-se que o próprio satanás pode se transfigurar em anjo de luz (2 Co 11:14), falsos ministros podem se passar por ministros da justiça (2 Co 11:15), bem como o diabo ainda tem poder suficiente para ludibriar os indoutos (2 Ts 2:9; cf. Mc 13:22). Tendo em vista o exposto, esse "Milagre de Lanciano", conquanto contraria os ensinos da Palavra de Deus, não é detentor da mínima qualificação para formar ou sustentar a doutrina da transubstanciação.

Que Deus te abençoe grandemente.

Anchieta Campos