domingo, 28 de outubro de 2007

490 anos da Reforma Protestante

No dia 31 de outubro próximo o mundo cristão estará em festa. Trata-se da comemoração dos 490 anos da Reforma Protestante, que teve oficializado como data de sua comemoração a afixação das 95 teses na Catedral de Wittenberg pelo teólogo e ex-padre alemão Martinho Lutero, aonde foi atacado principalmente a venda de indulgências.

Mas a Reforma, como é de conhecimento de muitos protestantes, teve seu inicio bem antes de Lutero ou Calvino no século XVI. Podemos citar vários “pré-reformadores”, como John Wycliffe, (1330-1384), filósofo, teólogo e reformador religioso inglês, um verdadeiro precursor da Reforma Protestante. Wycliffe, no ano de 1378, perante alguns professores de Oxford, desafiou a tradição escolástica católica ao traduzir a Vulgata (A Bíblia em latim) para o inglês. Ele acreditava na relação direta entre a humanidade e Deus, sem mediação sacerdotal. Opinava que os cristãos podiam governar-se pela observância das Escrituras e sem ajuda de papas e prelados. Depois de sua morte, seus ensinamentos propagaram-se e os Lolardos, seus seguidores, distribuíram a Bíblia publicada em 1388. Em maio de 1415 o Concílio de Constança, organizado pela Igreja Católica Apostólica Romana, revisou suas “heresias” e ordenou que o corpo de Wycliffe fosse desenterrado e queimado.

Como sucessor de Wycliffe, podemos dizer assim, surge o boêmio John Huss (1369?-1415), que veio a ser fortemente influenciado pelos ensinos de Wycliffe. Em 1400, Huss foi separado como padre e foi-lhe entregue a responsabilidade da prestigiada Capela de Belém. Estudando-as bem de perto, Huss começou não somente a pregar, como também a traduzir as obras de Wycliffe na língua Tcheca. Em 1403, John Huss tentou reformar a Igreja Romana na Boêmia, ensinando que o papado não tinha nenhuma autoridade de oferecer a remissão dos pecados através da venda de indulgências, como também questionou a legitimidade dos dois papas rivais Gregorio XII e Alexandre V. Por esta razão, em 1408, os incontentes padres e colegas da Universidade de Praga condenaram a Huss, e como resultado, foi proibido de exercer suas funções eclesiásticas em Praga. Em 1411, Huss é excomungado de sua congregação, e todos os cultos, cerimônias de batizado e funeral realizados por ele foram anulados, trazendo grande revolta nos cidadãos de Praga, os quais defenderam a Huss. No ano de 1412, o papa João XXIII lançou uma cruzada contra o Rei Ladislau de Nápoles, oferecendo a remissão completa de pecados a todos os que participassem na guerra. Ao saber de tal notícia Huss se levanta e ataca veementemente o papado de fazer uso de sanções espirituais e indulgências estritamente para fins pessoais e políticos, como conseqüência, John Huss foi excomungado de Roma e obrigado a deixar Praga. Durante o seu exílio, Huss teve a oportunidade de concluir uma de suas obras mais importantes, “De Ecclesia”. No ano de 1414, os líderes da Igreja Romana se reuniram para um Concílio em Constança (atual Alemanha), e John Huss foi convocado a comparecer a fim de esclarecer seus ensinos controversiais com o da Igreja. Após um mês em Constança, os seguidores do Papa João XXIII o prenderam, e ele foi impelido pelo Concílio a se retratar. Por não renegar suas convicções, John Huss foi condenado como herege, despido e queimado na estaca fora da cidade no dia 6 de julho de 1415. Huss morreu cantando o hino em grego “Kyrie eleeson” (Senhor tem misericórdia). O local de sua morte é marcado até hoje com uma pedra memorial. Huss, assim como todos os reformadores, contribuiu bastante para o desenvolvimento da literatura e da língua local, sendo responsável, dentre inúmeros benefícios, pela introdução do uso de acentos na língua tcheca, de modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único.

E o que falar de Martinho Lutero (1483-1546)? Personagem fundamental da história moderna européia, sua influência alcançou não somente a religião, mas a política, a economia, a educação, a filosofia, a linguagem, a música e outras áreas culturais. No verão de 1512, doutorou-se em Teologia na Universidade de Wittenberg e assumiu a cátedra de Teologia Bíblica, que conservou até a morte. Foi atuante pregador, professor e administrador. Ao estudar o Novo Testamento para a preparação de suas aulas, convenceu-se de que os cristãos são salvos não por seus próprios esforços e méritos, mas pelo dom da graça de Deus, aceita pela fé. Para Lutero, a essência do cristianismo não se encontrava na organização liderada pelo papa, mas na comunicação direta que cada pessoa pudesse estabelecer com Deus. Seu protesto gerou muitos problemas para a Igreja católica e estabeleceu as diretrizes para outros movimentos protestantes, como o calvinista e o presbiteriano. Excomungado pelo papa Leão X, Lutero queimou, em público, o decreto papal de excomunhão. O imperador Carlos V, os príncipes alemães e eclesiásticos, reuniram-se, em 1521, na Dieta de Worms e convidaram Lutero a se retratar, e como é de conhecimento de todos, o mesmo não se retratou. O príncipe Federico da Saxônia manteve-o em seu castelo de Wartburg, onde Lutero iniciou a tradução do Novo Testamento do original grego para o alemão, importante contribuição para o desenvolvimento da língua alemã. Proibido de assistir à Dieta de Augsburg por ter sido excomungado, Lutero delegou a defesa dos reformadores, formulada na Confissão de Augsburg (1530), a seu colega e amigo, o humanista Felipe Melanchthon, confissão essa que acabou sendo considerada sem culpa pelo imperador alemão Carlos V. Sua influência estendeu-se ao norte e a leste da Europa e seu prestígio contribuiu para que Wittenberg se tornasse um centro intelectual.

Poderia aqui elencar muitos outros nomes, poderia escrever outro parágrafo sobre o ilustre reformador francês João Calvino, de seu precursor, o escocês John Knox, dentre muitos outros homens que não temeram a espada, o fogo e a morte para defenderem o que temos de mais precioso que Deus nos deixou: A Bíblia Sagrada!

A Reforma trouxe luz, desfez mitos romanistas, quebrou as correntes da ignorância implantada pela Igreja Romana, abriu as portas para o desenvolvimento literário, científico, intelectual e cultural da Europa e depois de todo o mundo! Com a ajuda da imprensa inventada pelo alemão Gutemberg, a reforma pode realizar aquilo que a fez nascer: trazer o acesso a leitura e ao conhecimento bíblico para todos os povos e gentes!

Devemos ser gratos a Deus pelos bravos reformadores e pelos seus princípios doutrinários que nos legaram!

Que os princípios reformadores possam voltar a ocupar o espaço que nunca era para se ter perdido em muitas igrejas evangélicas de todo o mundo!

Sola Scriptura! Sola Christus! Sola Gratia! Sola Fide e Soli Deo Gloria!

Anchieta Campos

2 comentários:

Anônimo disse...

Martinho Lutero deu sua GRANDE contribuição à Reforma, mesmo indiretamente, e o que temos hoje de qualidade no Cristianismo Católico pode-se agradecer a ele.

Anônimo disse...

Qualidade?Vá lê Biblia..