segunda-feira, 18 de junho de 2012

Não murmureis

“Fazei todas as coisas sem murmurações” Filipenses 2:14


Esta vida terrena realmente não é nada fácil. O próprio Cristo nos alertou que teríamos aflições neste mundo (Jo 16:33). Ao contrário do que apregoam os apologistas da famigerada teologia da prosperidade e da doutrina da confissão positiva, as enfermidades e as dificuldades (em seus mais variados aspectos terrenos) podem vir a fazer parte da vida de algum crente fiel (Fl 2:25-27; 2 Tm 4:20; Tg 5:14,15; Fp 4:12; Rm 12:13; 2 Co 6:4).

Como seres humanos, super limitados em nossa própria essência e natureza, passaremos por inúmeros momentos nesta vida onde a nossa paciência (e fé) será testada, sendo tentados a nos queixarmos de algumas dessas situações desagradáveis, e, no caso de nós cristãos, a nos queixarmos com Deus.

Primeiramente cabe destacar que Deus não é o culpado por nenhum dos males e problemas que eventualmente venham a afligir os crentes em Jesus, haja vista ser o Deus de Israel um Deus justo (Salmo 7:11; 119:137; 145:17; Ap 16:7), onde toda murmuração e queixa do homem é conseqüência de seus pecados (Lm 3:39), em reflexo da lei da semeadura (Gl 6:7); bem como também pode ser conseqüência de próprias falhas e erros na administração e/ou execução secular de determinados atos e/ou projetos. Portanto, já vemos que não cabe ao crente em Jesus (e nem ao ímpio, evidentemente) reclamar de Deus por alguma adversidade.

A murmuração tratada na Bíblia, notadamente no Novo Testamento, em seu sentido exegético, está relacionada com a idéia de sussurro. A palavra traduzida por “murmuradores” em Rm 1:30 é psithyristes, e significa alguém que sussurra, murmura. Logo a murmuração é uma queixa que se exterioriza de modo contrito, mas que pode carregar consigo uma queixa-reclamação forte. Ademais, não importa o modo como se exterioriza o sentimento queixoso, mas sim a real motivação subjetiva (i.e., do coração) do murmurador (cf. Mt 12:34; 15:18,19).

Os sussurros da murmuração nem sempre serão queixas ou reclamações, mas podem ser também conversas de cunho reservado sobre temas que desagradam, causam escândalo, ou não são aceitos pelo público em geral que se está ao redor (cf. Mt 20:11; Lc 5:30; 15:2; Jo 6:41-43,61; 7:12,32); mas também podem se referir a queixas e/ou reclamações propriamente ditas (cf. 1 Co 10:10; Jd 1:16; Nm 14:1-3,27; Dt 1:27). De todo modo, a murmuração é reprovável pela Bíblia (Fp 2:14; 1 Pe 2:1; 4:9), notadamente esta última espécie de murmuração (a queixosa, reclamante), a qual é a tratada neste artigo.

Por fim, a murmuração queixosa revela a falta de paciência do crente, a qual é a origem da nossa esperança (Rm 5:3,4), e se reveste ainda de suma importância para a vida do cristão (Cl 1:11; 1 Tm 6:11); além de revelar também uma falta de confiança na providência e no cuidado do nosso Pai Celestial para conosco (Mt 6:25-34).

Que possamos ser, a cada dia mais, crentes afastados da prática da murmuração, pacientes para com as adversidades desta vida, sempre confiantes no amor e no cuidado de Cristo por nós (1 Pe 5:7); sabendo que, se alguma adversidade nos atinge, com certeza não é Deus o culpado, mas sim o agente capaz de nos fazer superar a mesma. Amém!

Anchieta Campos

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