Ver a parte 01 em Mais debate sobre Livre Arbítrio X Predestinação Incondicional.
Ver a parte 02 em Mais debate sobre Livre Arbítrio X Predestinação Incondicional (Parte 02).
“Caro Anchieta,
Acredito que nem eu irei mudar meu pensamento e nem o irmão, fico feliz de me responder e agradeço a atenção dispensada as minhas questões, só uma coisa que não entendi que o irmão escreve em sua resposta como sendo defensor da doutrina da depravação total, logo não entendi como pode acreditar na depravação do homem e acreditar no livre arbitrio.
Agora creio que não devemos nos estender a discussões que não teram fim, pois discuiremos esse tema aqui e ainda sim não chegaremos a uma conclusão.
Me despeço e novamente lhe agradeço
Atenciosamente
Thiago”.
“Caro irmão Thiago,
Suas palavras foram sábias e moderadas, e esta é uma das virtudes que Cristo espera de seus seguidores.
Realmente a minha intenção nunca fora a de alterar a crença doutrinária do irmão, senão a de expor a razão bíblica que nos sustém, pentecostais clássicos.
Quanto a sua indagação, nós cremos realmente que todos são pecadores e sem condições de se salvarem a si mesmos, sempre tendenciosos pro mal. Mas se o caro irmão tiver o cuidado de pesquisar e ler mais as produções pentecostais clássicas, cito, os editos da CPAD, bem como os meus e-mails e o meu blog, perceberá melhor como vemos a situação do homem caído em relação a Deus.
No demais, me despeço afirmando que as nossas conversas foram muito produtivas e de grande valor para mim, me colocando sempre a sua disposição para tratar do que for do preciso. Sei que os nossos pontos em comum são bem maiores do que os contraditórios, afinal somos herdeiros da reforma e temos a Bíblia como única fonte de regra e fé.
Renovo aqui nossos laços fraternos e de irmandade em Cristo Jesus.
Atenciosamente,
Anchieta Campos”.
Espero, mais uma vez, que esta nova série de postagens venha a contribuir em algo para o crecimento espiritual e bíblico do povo de Deus, independentemente de qual linha teológica se siga.
Aproveito a oportunidade para conclamar a todos os cristãos protestantes clássicos, sejam da linha pentecostal ou não, incluindo neste honrado grupo os membros de igrejas como a Presbiteriana, Batista, Metodista, Luterana, Assembléia de Deus, e demais que se enquadrem nos princípios bíblicos e da reforma, para todos juntos anunciarmos a Palavra de Deus e os seus fundamentos vitais, que são a salvação que há unicamente em Cristo, sua volta para buscar sua Igreja e a vida eterna de gozo e paz no céu de glória. Bem como devemos juntar forças para repudiarmos modismos e heresias que só produzem estragos e prejuízos no Corpo de Cristo.
Honremos e defendemos a Palavra de Deus!
Anchieta Campos
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10 comentários:
Preclaro Anchieta,
Permaneci dez anos na Assembléia de Deus. Devo muito aos meus queridos irmãos pentecostais. Eu tinha demônios e Jesus me libertou; era drogado, e Ele me transformou. Não tive oportunidade para conhecer o que se pode chamar de "teologia pentecostal", visto que o pensamento religioso que pravalecia nos arraiais da citada denominação caracterizava-se por uma disposição antiintelectualista e, por causa disso, as crenças do povo permaneciam dentro da esfera das concepções populares. No entanto, meus correligionários mantinham com muito zelo um inconsciente predestinismo e, interessantemente, além do condicionalismo arminiano! Recordo-me dos ministros doutrinando a igreja, dizendo: "quem não vem pelo amor, vem pela dor"! Essa forma de operação, a meu ver, exclui o concurso do livre-arbítrio e estabelece o que os advogados do calvinismo chamam de "vocação eficaz" e "graça irresitível". Também o exclusivismo sotérico, típico da Assembléia (salvo talvez nos círculos acadêmicos)faz as outras denominações parecerem frágeis barquinhos improvisados no meio de um dilúvio onde só poderá prevalecer a Arca de Noé "assembleísta" (apodo amiúde empregado pelos inimigos da fé pentecostal!). Esses aspectos da doutrina pentecostal mostra uma inclinação predestinatária muito semelhante àquela que precariamente prevalece na Congregação Cristã do Brasil. Talvez a diferença esteja no modo do povo da Assembléia encarar a responsabilidade missionária. Mas, é bom frisar que, a grande comissão não é incompatível com a fé na eleição divina. Embora eu seja um desviado, jamais me excluí da discussão religiosa. Os desviados, como os incrédulos, falam a Deus e também de Deus. Desse modo, não foi difícil perceber, sem qualquer pré-compreensão (coisa difícil para quem se encontra na militância!), que essa infindável batalha entre calvinistas, arminianos e "nem uma coisa nem outra" (!!!), como é o caso dos pentecostais, todos, de um modo ou de outro, terminam por ser calvinistas mesmo ou meio calvinistas. Você não acha, querido colega?
Robert Pachêco, from Pernambuco.
Caro Robert Pâcheco, a paz do Senhor.
Antes de mais nada gostaria de agradecer por sua valiosa e rica intervenção, a qual vem a honrar grandemente o meu humilde espaço. Deus seja louvado e lhe abençoe por isso. Amém.
Primeiramente cabe destacar que concordo com a idéia de que o meio pentecostal ainda é muito envolto pela ignorância teológica. Essa triste realidade está mudando aos poucos, mas ainda há muito que superar.
Também é verdade que há no meio pentecostal uma mistura soteriológica, notadamente um calvinismo inconsciente (como bem frisou o irmão) convivendo com a marcante idéia arminiana de uma salvação frágil e fácil de se perder. Na verdade tal sincretismo se dá justamente pela falta teológica acima já apontada.
No tocante ao “exclusivismo sotérico” levantado pelo irmão, tenho a dizer que já foi pior. Na verdade não vejo mais resquício algum desse mal que era uma característica marcante das Assembléias de Deus.
Por fim, em relação a sua conclusão, tenho a dizer que concordo em parte. Substituiria a sua palavra “todos” por “alguns”, ou “muitos”. Como já frisei, o conhecimento teológico está se difundindo aos poucos, e isso resulta em uma mais clara postura doutrinária. Ainda bem!
Obrigado pela participação.
Abraço.
Anchieta Campos
Ilustrado Anchieta,
Obrigado por suas palavras. Aprecio a maneira irênica de você interpelar um inquiridor desviado. Sua paciência em lidar com discussões que não infrequentemente degeneram em polêmica hostil merece consideração. Os protestantes de diferentes fés se hostilizam por causa da questão do livre-arbítrio. Penso que deveriam estar gratos por esse ecumênico ponto de contacto, inclusive com as religiões não-cristãs. Existe algo que nos une, algo que pressagia de modo veemente a profecia veterotestamentária da unidade escatológica das religiões (cf. Sf 3.9!), i.é, o livre-arbítrio. Encontrei essa doutrina, com insignificantes variações, no espiritismo, mormonismo, romanismo, russelismo e pentecostalismo clássico, renovado e neopentecostalismo. Gostaria de saber apreciar com profundidade a razão por que os Reformadores protestantes e seus herdeiros consistentes negam um aspecto da fé que bem pode ainda alcançar o status de expressão global daquilo que Paul Tillich chamou de "preocupação última" ou fé num ser superior. É claro que um dos fatores que subjazem essa liberdade de expressão religiosa oniglobalizante e pós-moderna, bem poderia ser a crença quase universal no livre-arbítrio! Parabéns por sua abordagem tolerante e pós-fundamentalista. Sua percepção, num futuro bem próximo (quem sabe), servirá de inspiração para o que, no contexto da pós-modernidade, tem sido denominado de "ecumenismo ecumênico". Um abraço! Robert Pachêco
Caro Robert, saudações fraternas em Cristo.
Obrigado pelas considerações positivas sobre a minha pessoa, as quais muito me honram e motivam a fazer um trabalho cada vez mais fiel a Palavra de Deus.
O livre arbítrio é uma verdade bíblica que se faz presente também em várias religiões. É realmente um ponto em comum, pelo menos em sua essência doutrinária, mas que ao meu ver não é o suficiente para promover a união entre os diversos credos mundiais.
Defendo não o ecumenismo, mas a tolerância e o respeito entre os diversos credos, com a liberdade de cada um expressar a razão de suas doutrinas e a fragilidade das demais.
No demais, obrigado por suas nobres participações. Que Deus te abençoe grandemente. E espero poder ter a alegre notícia que voltastes para o seio do Pai.
Abraço.
Anchieta Campos
Dileto Anchieta,
É uma pena que você não seja a favor do ecumenismo. Há uma grande vantagem em ser ecumênico. O ecumenista pode fazer uma avaliação menos valorativa, por exemplo, de questões doutrinais. O ecumenista será mais descritivo do que prescritivo na sua abordagem às questões religiosas. Quando completei meu bacharelado em Teologia, fiquei mais livre para explorar minha própria percepção das coisas de Deus. No seminário, o professor de Dogmática impunha seu próprio padrão ao alunado. Ele não era um mero orientador, mas se guiava por um método pedagógico que emasculava a criatividade do aluno. Ele formava "soldadinhos de chumbo" e não pensadores. Só me apercebi tarde que havia sido guiado para um caminho que, na realidade, era um retorno à teologia vaticana.Quando estudamos Angelologia e suas subdivisões, a satanologia e a demonologia, entendi que Satanás é um "Deus" ao lado de Deus. Meus professores de Dogmática afiançavam que ele é o autor das maldições, o autor das doenças, o autor da morte e o autor dos tormentos no inferno. Verifiquei depois exatamente o contrário, ou seja, Deus é o Autor das maldições (e.g. Gn 3.14-19!), das doenças (Êx 4.6,11; Nm 12.9-13 etc.), da morte (Dt 32.39; Sl 90.3; cf. Gn 38.7,10; 1Sm 2.25 etc.)e dos tormentos do inferno (Mt 8.29; Lc 8.28; Ap 14.10,11; cf. Dt 32.22). Satanás, verifiquei, é apenas um ministro dos propósitos de Deus, um ministro da Sua ira (cp. 2Sm 24.1; 1Cr 21.1!). Como um agente providencial de Deus, ele pode ferir (cf.Jó 2.6), matar (1Rs 22.19-23), mas não tem licença para operar no universo de Deus sem a Sua determinação soberana (Jó 1.12; 1Rs 22.22). Meus professores de Dogmática me ensinaram que o reino de Satanás é o inferno, donde ele gerencia a atividade dos demônios sobre a terra. Mas essa tese da demonologia pentecostal é um retorno à demonologia romanista! O próprio Satanás disse que o seu reino é aqui neste mundo (Lc 4.5-7). De fato, ele é o supremo promotor no céu (Zc 3.1; Ap 12.10; cf. Lc 22.31) e aquele que engana todo o mundo (Ap 12.9). Isto é, ele sobe e acusa; ele desce e engana, mas não há nada que diga que ele está no inferno (vd. Jó 1.6,7; Ef 6.12). No inferno ele não atormenta, mas é certo que será atormentado (Ap 20.10). O "príncipe das potestades do AR" (Ef 2.2) não deve ser confundido com o príncipe angelical do abismo" (Ap 9.11). Por isso, os demônios têm tanto horror ao inferno (Lc 8.31,32). Na era científica em que vivemos já não podemos crer nestes postulados mitológicos da Bíblia, mas entre aqueles que ingenuamente acreditam nestas coisas falta precisão dogmática. Eles dão a Satanás poderes que ele não tem. Na realidade, em muitos aspectos, a dogmática pentecostal clássica preparou o caminho para o surgimento da avançada teologia neopentecostal. No fim, nós temos o que se pode denominar de um "neocatolicismo"!
Robert Pachêco
Olá, amigo Anchieta!
Por favor, perdoe-me por minha curiosidade. Espero que eu não esteja perturbando. Talvez você tenha outros quefazeres. Creio que os evangélicos deveriam brigar menos. Há muitos pontos de contactos entre eles, positivos e negativos. Até os mesmos erros eles têm cometido no manuseios das idéias. Quando comecei a perceber isso fiquei pensando se não seria melhor fica fora da igreja evangélica e ser um evangélico não-praticante. Mas aprecio os seus votos. Espero tenha recebido minha mensagem sobre a angelologia "evangélica". Gostaria de tomar conhecimentos do seu parecer. Isso certamente vai me aproximar mais de Deus. Um abraço! Robert
Caro Roberto, a paz do Senhor.
Passei quase um mês sem acessar meu blog. Os cuidados dessa vida, em suas mais variadas facetas, me impediram de administrar este meu humilde espaço por este período.
Com a graça de Deus voltarei a postar, pelo menos um estudo por semana.
Em relação a sua exposição sobre a denominada "angelologia evsngélica", tenho a dizer que a priori, sob uma análise superficial, que a mesma detém consideral coesão teológica.
Em relação ao fato de eu ser contra o ecumenismo, o mesmo se justifica pela própria história das grandes vertentes da cristandade.
Os pontos em comum não levam para um possível ecumenismo, mas apenas demonstra o quanto os três grandes grupos (protestantismo, romanismo, e ortodoxismo grego) já se distanciaram um do outro.
Ademais, a própria conjuntura atual, com o já citado respaldo histórico, atesta que o ecumenismo é inviável; aliás, creio que para o próprio bem do cristianismo e da humanidade, o ideal é a preservação de cada crença existente, ressaltando-se a liberdade de análise crítica das doutrinas e a mudança de fé.
Abraço.
Anchieta Campos
Olá, Anchieta!
Quando se trata de um estudioso de Bíblia, assim como você, não podemos dispensar suas considerações. Por isso, insisto em que você fale um pouco sobre essa "coesão angelológica", mas não sem observar o que este midincrédulo te escreveu. Olha, você não é obrigado a fazer nada disso. Minha insistência é só um fruto de uma acentuada crise de meu "eros teológico", tá ligado, irmão?
Pascásio (Robert)
Olá,Dr. Anchieta!
Lendo aqui e ali os seus artigos no blog e as respostas dos seus antagonistas, percebi que o assunto gira principalmente em torno do polêmico dogma da presdestinação. Agora fascinado com esse tema, comecei a estudá-lo. Você já sabe que eu sempre me interessei por religião, muito embora do ponto de vista de muita gente, eu seja mesmo uma pessoa arreligiosa! Ouvi uma vez um conhecido pregador pentecostal, Silas Malafaia, afirmar que a doutrina da predestinação é demoníaca porque induz os seus advogados à imoralidade ou coisa parecida. Não me interessei muito pelo assunto. Hoje, motivado pelos seus comentários me pergunto se o pr. Silas realmente conhece a doutrina da predestinação. Penso que ele pode ser aquele tipo de crítico que jamais leu qualquer obra escrita por eruditos defensores dessa doutrina. Ouvi um padre dizer que a primeira coisa que um crítico deve conhecer é que conhece. Parece-me que a crítica ácida do pr. Silas baseia-se mais no que ele já leu do ponto de vista dos críticos da sua denominação o que certamente, compromete bastante a sua competência como crítico. Duvido que tenha feito alguma pesquisa de campo ou mesmo livresca para chegar às suas conclusões. Será que ele receia ser contraditado ou mesmo cair no discipulado calvinista? Aliás, verifiquei nas minhas leituras que o apodo "calvinista" não é muito acurado. Parece que essa doutrina já havia sido tratada por Santo Agostinho, um teólogo do século V dC que, por suas vez afiança ter achado essa doutrina em Paulo! Uma declaração que vale a pena conferir.Calvino (m. 1564) diz-se discípulo de ambos. Outra coisa que me chamou atenção foi a afirmação de que a essa doutrina é tão central para as igrejas reformadas como o batismo com o Espírito Santo é central para os pentecostais. Tive acesso às Institutas da Religião Cristã, a obra prima de teologia de Calvino. Ouso até afirmar aqui que o sr. Silas Malafaia sequer tem conhecimento da existência dessa obra! Orientado por um amigo percebi que Calvino dedica um espaço insignificante para tratar desse tema, o que contradiz flagrantemente a afirmação de que esse dogma era/é central para o calvinismo. Parece-me que seria mais acertado dizer que o calvinismo é mais teocristocêntrico, assim como o romanismo é eclesiocêntrico e o pentecostalismo pneumocêntrico. Na realidade, o maior capítulo das Institutas (III.20:1-52!) é dedicado ao tema da Oração, o que parece contradizer a frequente acusação de que a doutrina da eleição dispensa o compromisso com a santidade e encoraja a negligência quanto ao testemunho. Penso que seja precipitado julgar essa doutrina a partir do suposto comportamento de alguns dos seus advogados, como é precipitado julgar a legitimidade dos dons do Espírito Santo pela falta do fruto do Espírito na maioria dos seus propuganadores, os quais têm sido justamente acusados de darem má fama aos carismata, inclusive levando críticos mordazes à afirmação de que o movimento pentecostal é glossolacêntrico ou glossolátrico. É claro que nenhum pentecostal culto aceita tais críticas visto que qualquer supervalorização da glossolalia não teria o apoio da teologia da Igreja das origens. A reflexão teológica do cristianismo primitivo gravitava em torno da influência poderosa da personalidade de Jesus e não numa teologia do Terceiro artigo. So long my dear doc!
Caro Robert, a paz do Senhor.
Primeiramente peço desculpas pelo atraso na resposta. Passei um tempo considerável longe do blog. Estou retornando agora.
O nobre irmão é uma pessoa a qual sempre terei prazer em responder e atentar para o que escreves.
Li seus comentários, o último principalmente, o qual é uma profunda reflexão.
Concordo com seu pensamento e argumentação. Você demonstrou como um teólogo justo deve se portar. Buscar a verdade bíblica com imparcialidade, e conhecimento de causa, é o que todos que amam a Palavra de Deus devem fazer.
A verdade não repousa nos homens, mas aos homens coube analisar e extrair a verdade que repousa na Bíblia.
Portanto, compactuando com a essência de seu último comentário, reforço o posicionamento de que a verdade repousa na Bíblia, e que cabe a cada a busca pelo domínio teórico desta verdade, para que assim a prática seja cada vez melhor.
Forte abraço.
Que Deus o abençoe cada vez mais. Amém.
Atenciosamente,
Anchieta Campos
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